Inteligência artificial, análise de sentimento, busca visual: as tendências de Marketing Digital em 2020 são muitas. Entender como utilizá-las a favor de sua empresa pode ser o diferencial que você precisa para encantar os consumidores e começar o ano na frente da concorrência
O uso de redes sociais para interagir com consumidores foi uma das grandes revoluções proporcionadas pelo marketing na era da transformação digital
Entra ano, sai ano e o Marketing Digital segue se consolidando como uma das ferramentas mais eficientes para atrair consumidores e ampliar o alcance de uma marca.
O sucesso de estratégias voltadas para a internet atrai empresas de todos os tamanhos, o que faz com que a engrenagem de novidades nesse nicho gire cada vez mais rápido.
Para ser bem-sucedido em 2020, é preciso saber mais do que você sabia em 2019. Afinal, acompanhar as mudanças nas preferências da audiência e ficar por dentro das tendências que surgem a cada dia é fundamental para se destacar em um mercado já caracterizado pela alta competição.
Por isso, é bom se preparar o quanto antes para explorar as novas tecnologias que vêm surgindo e adotar as práticas mais recomendas para lidar com o público atual.
Pensando nisso, elaboramos este texto para listar as 7 principais tendências de Marketing Digital para 2020. Continue a leitura e acompanhe!
1. Uso de chats privados para comunicação
O uso de redes sociais para interagir com consumidores foi uma das grandes revoluções proporcionadas pelo marketing na era da transformação digital.
Esses canais servem como plataformas para atrair a atenção da audiência e, em casos mais avançados, dispõem de chats privados que podem ser usados para o atendimento.
O sucesso na comunicação via mensagem direta em redes como o Twitter e o Instagram fez com que as marcas olhassem com maior atenção para essa funcionalidade.
Os chats privados, afinal, são checados frequentemente pelos usuários e já fazem parte de sua rotina digital. Podemos dizer que é uma versão mais jovem e atual do email.
Seguindo esse pensamento, por que não investir na comunicação em aplicativos que, em essência, funcionam como chats privados?
É o caso, por exemplo do WhatsApp, cujas funcionalidades já vem sendo utilizadas para vendas há algum tempo. A tendência é que isso aumente e se expanda para outras áreas, como a nutrição de leads.
Em vez de oferecer uma newsletter, por exemplo, algumas marcas já oferecem aos seus seguidores a inclusão em grupos do WhatsApp ou em listas de transmissão.
A popularidade do aplicativo, que o levou a ser comprado pelo Facebook em 2014, contribui para a eficácia desse tipo de abordagem.
Agora imagine se, além de servir como canal de atendimento e divulgação, o chat privado possa servir como ferramenta para a conclusão de compras.
Trata-se de uma tendência provável de ser desenvolvida. Na Índia, o app já permite a transação de dinheiro entre usuários, o que facilita a vida de empresas. Enquanto o serviço não é disponibilizado no Brasil, já é uma boa ideia se programar para explorá-lo assim que possível.
2. Ampliação do investimento em inteligência artificial
A inteligência artificial chegou para ficar. Hoje, a tecnologia já é aplicada em recursos como os chatbots, atendentes virtuais que simulam um humano e conseguem aprender com as interações com os usuários.
A tendência é que esse tipo de aplicação seja apenas o começo de uma expansão de possibilidades.
Um exemplo que não deixa dúvidas da importância dessa tecnologia é o crescimento das buscas por voz. Já em janeiro de 2018, o número de pesquisas na internet utilizando esse recurso já ultrapassava a marca de 1 bilhão por mês. Sua popularidade, então, não é a grande novidade.
O que muda é que o desenvolvimento tecnológico vem tornando a experiência dos usuários cada vez mais qualificada. Hoje, a maioria dos serviços de reconhecimento de voz consegue processar até falas mais confusas, como as proferidas por crianças pequenas. Tal tecnologia é, portanto, algo cada vez mais presente na rotina das pessoas.
Cabe às empresas, então, usar essa tendência para ampliar a própria presença.
Ao otimizar o marketing em serviços como o Waze e o Google Maps, por exemplo, você vai permitir que assistentes virtuais, como a Alexa, encontrem e recomendem seu estabelecimento aos usuários em localizações próximas.
3. Aumento da personalização da experiência
Se você acessar qualquer rede social, notará que o feed traz, com frequência, recomendações baseadas em sua experiência na internet.
Os assuntos que você mais se interessa, os canais que você mais acessa e até perfis de possíveis conhecidos são oferecidos para enriquecer e personalizar sua navegação.
Nada disso é por acaso. A personalização dos conteúdos para agradar ao usuário é uma tendência que vem se desenvolvendo há algum tempo e promete alcançar seu pico em 2020.
Se você não conhece a importância desse movimento para os seus resultados. Segundo uma pesquisa da Accenture Interactive91% dos consumidores se declaram mais propícios a comprar com marcas que trazem ofertas e recomendações relevantes aos seus interesses. Bem, se você aplica uma estratégia de email marketing já sabe o que isso significa, não é?
A personalização no envio de ofertas e no oferecimento de newsletters já é algo considerado essencial. A tendência é que esse canal, em 2020, receba ainda mais atenção.
4. Valorização da transparência de empresas
Para personalizar a experiência dos usuários, é primordial contar com dados da audiência. Só assim é possível saber suas preferências, horários de maior interação e até as informações mais básicas, como nome, gênero e endereço de email. O crescimento do uso desses dados, contudo, gerou um efeito negativo.
Sem regulamentação clara sobre o assunto, diversas companhias utilizam os dados de consumidores de forma questionável. Isso veio à tona em casos recentes de vazamento, como o protagonizado pelo Facebook. O resultado natural é a desconfiança desenvolvida por grande parte do público.
Se por um lado as empresas que utilizam práticas duvidosas encontram maior dificuldade para se relacionar com a audiência, aquelas que prezam pela transparência conseguem se destacar.
Um estudo apontou que companhias produzindo conteúdo de forma honesta conseguem reter até 94% dos clientes.
Adotar esse tipo de política é algo mais essencial se pensarmos na iminência da Lei Geral de Proteção de Dados, que entra em vigor em 2020. Com ela, além de agradar ao consumidor, a adoção de princípios transparentes passa a ser importante para evitar punições legais. Confira o que você pode fazer para botar sua empresa nesse caminho:
deixe claro que seu interesse não se resume aos lucros;
responda com honestidade aos questionamentos dos consumidores;
só utilize dados sob permissão de seus donos;
abra espaço para os feedbacks e valorize sua importância.
5. Expansão da busca visual
A busca visual é um recurso cada vez mais frequente em buscadores, que permite que uma pesquisa se inicie a partir de uma imagem enviada pelo usuário, que pode ser até mesmo um printscreen.
Trata-se de uma tendência que segue a linha de otimização constante da experiência dos usuários.
O uso de figuras para a realização de buscas é mais interessantes do que o de textos ou áudios por um simples motivo: 90% das informações transmitidas ao cérebro humano são em forma de imagem (que inclusive são processadas 60 mil vezes mais rápido que qualquer texto). Então, como o marketing pode explorar isso?
Um método muito interessante é a integração desse tipo de busca com e-commerces.
Ferramentas como o Pinterest Lens permitem que o usuário, ao ver um item que o interessa em uma imagem, possa buscar artigos semelhantes nos catálogos de lojas digitais com apenas um clique.
Por isso, é fundamental manter seu inventário atualizado e otimizar o SEO, especialmente o relacionado às imagens. Inserir title tags e descrições é fundamental para que o algoritmo de busca entenda do que se trata a figura e possa relacioná-la às pesquisas realizadas pelos usuários.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Criteo, empresas que investirem nesse recurso vão, até 2021, experienciar um aumento de até 30% em suas margens de lucro.
Além disso, segundo a Slyce, o uso da busca visual já aumenta as visualizações do produto em 48%, a taxa de permanência no site em 58% e causa um aumento de 9% no ticket médio.
6. Criação de conteúdos em áudio
Assim como as imagens, o áudio é um elemento que vem se popularizando no Marketing Digital, principalmente no que diz respeito às buscas por voz. Porém, a tendência vai muito além da mera realização de pesquisas por meio da fala.
Em busca de experiências cada vez mais ágeis e eficientes, os usuários têm dado muita atenção a conteúdos sonoros.
A mera inclusão de um player como alternativa à leitura de um texto torna o conteúdo mais atraente para a audiência, que pode apertar o play e se dedicar a outras tarefas de forma simultânea.
Isso é apenas um indicativo da força desse tipo de conteúdo. Se você quiser mesmo explorar os benefícios de um material disponibilizado por áudio, valer considerar a criação de um podcast.
Esse tipo de mídia apresenta um grande crescimento. Só nos Estados Unidos, o número de ouvintes praticamente triplicou na última década.
Se o podcast trouxer um conteúdo considerado de valor, seu efeito na audiência é enorme. Como se trata de uma oferta gratuita, o cliente vai se sentir privilegiado por ter acesso às informações do programa. O resultado é a recomendação para terceiros e a ampliação do alcance orgânico da sua marca.
Vale lembrar que, assim como os conteúdos criados para o seu blog, o podcast não precisa — nem deve — ser relacionado diretamente ao seu produto. A ideia é criar uma experiência diferenciada para sua persona e, a partir disso, expandir sua autoridade no mercado.
7. Crescimento do uso da análise de sentimento
Quando fazemos um post em uma rede social, tentamos gerar reações positivas na audiência, concorda?
Geralmente, a partir dos comentários deixados pelas pessoas que visualizam o conteúdo, é possível assumir se ele causou uma reação agradável ou não, mas isso fica complicado quando o volume de interações é muito grande.
Mais uma vez, a inteligência artificial vem ao resgate. Por meio da combinação de técnicas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) e machine learning, já existem sistemas capazes de atribuir pontuações ponderadas de sentimentos às frases deixadas por usuários da internet. É o que chamamos de análise de sentimento.
O objetivo é classificar os comentários como positivos, negativos ou neutros de forma automática. A partir disso, é possível estabelecer uma média do sentimento geral da audiência.
Uma das métricas mais utilizadas nesse sentido é a saúde do monitoramento, calculada com a divisão dos comentários neutros ou positivos pelo total de interações.
Isso se torna possível a partir da análise de palavras-chave deixadas pelos usuários, como “gostei” “odiei” etc. Com o tempo, a capacidade de aprendizado do sistema permite que ele aprimore os critérios utilizados para mensuração.
Com esse tipo de insight, você pode manter sua estratégia de conteúdo em constante otimização. Afinal, será possível notar padrões e identificar os tipos de linguagem, elementos visuais e gatilhos causam no público o sentimento desejado pela equipe de marketing.
O melhor de tudo é que esse tipo de análise não se restringe às suas redes sociais. Basicamente, qualquer estrutura de dados que contem com conteúdos textuais podem gerar insights sobre o sentimento de quem publicou. Assim, é você pode usar o recurso para monitorar a opinião pública sobre a marca ou sobre produtos específicos.
Para atuar com excelência no mercado atual, é preciso mais do que bons produtos e serviços. Sua empresa precisa saber como utilizar os recursos disponíveis de modo a oferecer as melhores experiências para o consumidor e possibilitar o aumento das oportunidades de negócio.
Por isso, acompanhar as tendências de Marketing Digital é papel fundamental de qualquer profissional da área. Essas mudanças são sempre ligadas ao comportamento do público, cujo entendimento é fundamental para a elaboração de estratégias eficientes.
Projetos de impacto social trazem benefícios para a sociedade e os colaboradores, o fortalecimento da marca e até mesmo resultados econômicos para a empresa. Entenda por que e como começar suas ações de responsabilidade social e os impactos dessa iniciativa no seu negócio.
“Quando crescer, vou ser um astronauta”. É assim a conversa de muitas crianças, não é mesmo? Elas sonham alto e acreditam que ser grande é um dos requisitos para conquistar seus objetivos.
Essa também é a percepção de muitos empresários quando o tema é o desenvolvimento de projetos de impacto social. Determinam metas, traçam planos de crescimento e adivinha só! Entra ano, sai ano, continuam com o mesmo objetivo de ser grande.
Sabe o que isso significa? Que almejar o crescimento é algo necessário e contínuo no mundo business e que não existirá um momento sequer em que os gestores vão querer algo diferente.
Então por que atrasar seu envolvimento social? Nós temos motivos sólidos para que seu negócio comece um projeto social o quanto antes, independentemente de seu porte. Aqui vão alguns números:
-na pesquisa da Markestein, 70% dos consumidores se dizem interessados em saber o que as marcas estão desenvolvendo como ações de responsabilidade social e ambiental;
-nessa mesma pesquisa, 44% dos consumidores entrevistados disseram estar dispostos a pagarem mais caro por produtos e serviços se tal acréscimo resultar na manutenção contínua dos projetos sociais e ambientais das empresas.
Ou seja, para negócios que querem crescer, fortalecer a marca, conquistar clientes e explorar novos diferenciais de mercado, o desenvolvimento de um projeto social agora, e não no futuro, pode ser a melhor estratégia de crescimento. Mas, é claro, isso não é tão simples.
Além de todo o planejamento, a definição do projeto e o estudo dos custos, ainda é preciso alinhar a ideia com a cultura e a imagem da empresa.
Ainda na pesquisa da Markstein, 74% dos consumidores disseram que grandes empresas que realizam ações sociais têm a autopromoção como primeiro objetivo. Além disso, 73% afirmaram acreditar que tais programas são desenvolvidos para compensar os danos que tais corporações causam.
Em resumo, existe uma linha que separa os projetos de impacto social que trazem retornos positivos para os stakeholders e a empresa, e aqueles que não passam de ações superficiais.
Por isso, elaboramos este conteúdo para compartilhar nossa experiência na concepção do Rock.org e das demais ações sociais da empresa, apresentar alguns conceitos importantes na área de desenvolvimento e responsabilidade social e inspirar você e sua empresa para a criação de um projeto de impacto social relevante.
Boa leitura!
Responsabilidade social: conceitos básicos e contexto histórico
A evolução das ações de responsabilidade social deixa muito claro sua importância, mas aqui vale a definição do conceito para delimitar seus domínios.
O conceito de responsabilidade social
Trata-se de um movimento e o conjunto de ações criadas voluntariamente pelas empresas do setor privado que visam trazer melhorias para a sociedade em que estão inseridas e seu público interno, ou seja, colaboradores e parceiros.
Vale frisar o termo “voluntário”, pois tais ações não estão associadas a eventuais compensações obrigatórias impostas pela administração pública, nem a boas práticas que buscam deduções fiscais.
Para tal, além de obter as devidas licenças ambientais, a escola também fará um aporte para o fundo pecuniário que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) determina para todos os empreendimentos da região.
Esse montante, por sua vez, é utilizado para a realização de obras de mitigação do impacto viário que tais construções e empreendimentos causam com o aumento do fluxo de pessoas e carros.
Além disso, a escola também fará uma rua interna para agilizar o embarque e o desembarque de alunos e funcionários na tentativa de amenizar ainda mais o tráfego.
Ou seja, o aporte que trará benefícios ao trânsito é obrigatório, mas o estacionamento que agiliza a movimentação de alunos no início e no fim das aulas, não. O primeiro, portanto, não caracteriza uma ação de responsabilidade social embora traga melhorias, mas o segundo, sim.
Percebe que nem sempre categorizamos algumas estratégias e ações das empresas da forma certa? Será que seu negócio já está realizando ações de responsabilidade social e nem se deu conta?
Essa confusão é natural, e, por que não dizer, histórica. Ações obrigatórias como as previstas nesse TAC de Nova Lima, incentivos fiscais que o governo oferece para fomentar iniciativas sociais e aquelas que, de fato, são voluntárias, foram se misturando com o tempo.
Contexto histórico das ações sociais em 3 atos
A relação e as condições de trabalho nos séculos anteriores eram muito mais arcaicas. As divisões de classe da sociedade eram muito delimitadas e exerciam forte influência nas interações humanas. Confira, a seguir, as etapas da evolução das ações sociais.
Revolução Industrial: o ápice das condições insalubres de trabalho e degradação ambiental
Na época da Revolução Industrial, o dono da indústria pouco ou nada se preocupava com o bem-estar de seu funcionário ou com o meio ambiente que explorava.
Acidentes fatais de trabalho por falta de proteção para o funcionário e desastres ambientais eram muito comuns nessa época, principalmente porque o crescimento das indústrias também fomentou o surgimento de cidades em seu entorno, mas nem sempre com as condições saudáveis necessárias.
Doenças se espalhavam mais rapidamente e a concorrência por empregos fazia com que as pessoas aceitassem trabalhar mais, ganhando menos. O descarte de resíduos das indústrias em rios intoxicavam as cidades e seus moradores. Era uma situação insustentável.
As condições trabalhistas, no entanto, começaram a mudar justamente nessa época, boa parte em função de greves e apelos dos trabalhadores.
Áreas de recreação e descanso, intervalo para o almoço, definição de carga horária e idade mínima para o trabalho começaram a surgir. Ainda que hoje sejam condições mínimas e previstas em leis, naquela época não eram unanimidade, mas um ato voluntário de alguns industriais.
Filantropia: investimentos sociais fundamentados nos sentimentos paternalistas
Vivenciar uma época como a Revolução Industrial e enxergar tais injustiças e condições degradantes não deve ter sido uma coisa simples, e, com isso, alguns empresários burgueses iniciaram ações de melhorias de forma voluntária. Mas, nesse caso, por questões pessoais e de filantropia.
Muitas universidades americanas famosas foram fundadas a partir de doações generosas do empresariado norte americano, por exemplo.
Criavam fundos para a criação de um hospital ou doavam coleções inteiras para museus. Tais ações proporcionavam grandes benefícios para a sociedade, mesmo desconectadas das atividades primárias de seus doadores.
Henry Ford fez avanços e melhorias nos benefícios oferecidos aos seus funcionários, e Andrew Carnegie, americano dono de um dos maiores conglomerados industriais no século XIX, fez história com suas ações e publicações que valorizavam e justificavam sua filantropia.
Duas das ações judiciais são icônicas na história da responsabilidade social. A primeira, em 1919, foi quando o grupo de acionistas entrou na justiça contra Ford, que queria destinar parte dos lucros para incentivos salariais para os funcionários.
A segunda, em 1953, também era uma reclamação de acionistas da Smith Manufacturing Company contra a doação de recursos para a Universidade de Princeton.
Essa, no entanto, teve decisão favorável para a filantropia, e, notadamente, influenciou a forma como a justiça analisava tais questionamentos e como as empresas e acionistas percebiam favoravelmente tais atitudes.
Despertar da sociedade: melhores direcionamentos para as ações sociais
As ações de filantropia continuaram acontecendo, assim como novas leis de incentivo também foram criadas para que as empresas fossem estimuladas a fazerem mais.
O Direito Trabalhista evoluiu e entidades como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) — agência tripartite da Organização das Nações Unidas (ONU) —, onde trabalhadores, empresas e governos têm seus representantes, se fortaleceram e trouxeram novas contribuições e conscientização para a sociedade.
Naturalmente, as pessoas começaram a questionar quais eram os benefícios gerados para as empresas e a sociedade. Afinal, a corrupção assolava vários países, ações compensatórias não eram percebidas como melhorias, desastres ambientais continuavam acontecendo e notícias sobre o buraco na camada de ozônio preocupavam a todos.
A sociedade, então, começou a conquistar a transparência que demandava, bem como a fortalecer sua voz. A globalização e o acesso à informação fez com que os stakeholders pudessem questionar e opinar.
A mudança nas relações comerciais, a competição do mercado e as alterações no comportamento de consumo também fizeram com que as empresas se preocupassem mais com sua reputação e imagem.
A filantropia realmente mudou os propósitos das ações, fazendo com que as melhorias propostas para o ambiente de trabalho e a sociedade deixassem de ser a busca por condições mínimas e aceitáveis, e fez com que tivesse um foco no bem-estar das pessoas.
Sua concepção, no entanto, continuou evoluindo, fazendo com que a responsabilidade social mudasse, assumindo um propósito maior e um viés genuíno.
Ou seja, os projetos sociais passaram a ter relação com a empresa e trazer resultados perceptíveis para trabalhadores e sociedade, com o propósito único de transformar positivamente as condições atuais, e não somente trazer visibilidade e propaganda institucional.
E é aí que perguntamos: quem disse que somente as grandes empresas devem se preocupar e podem promover tal mudança?
Uma estatística que consolida esse questionamento é que, na atualidade, 99% das empresas no Brasil e nos EUA são classificadas como de pequeno ou médio porte.
Já imaginou como esse montante pode fazer a diferença que precisamos? Se sua empresa precisa de inspiração, é só conhecer alguns cases e projetos de impacto social que fazem sucesso.
Cases inspiradores: projetos sociais de sucesso
Para criar um projeto de impacto social genuíno, é muito importante alinhar seus propósitos e suas ferramentas com aquilo que já existe no negócio. E entender a concepção dessa ideia a partir de exemplos de outras empresas é um ótimo exercício.
Então, a ideia aqui é trazer inspirações. Algumas delas são de empresas grandes, mas isso não significa que sua empresa deve seguir aquele caminho, mas apenas entender como a estratégia foi montada e, então, usar como referência.
Ben&Jerry’s
A marca de sorvete internacionalmente conhecida tem um projeto de impacto social muito amplo. Ela se empenha tanto pelas causas ambientais relacionadas ao aquecimento global quanto pela garantia de direitos civis iguais para casais homossexuais.
Um dos pontos altos de sua estratégia de responsabilidade social é que, além de promover suas ações, ela também participa de campanhas e movimentos que estejam alinhados com suas causas e valores.
E, claro, faz isso com toda sua irreverência. Entre suas ações, podemos citar:
-Paz, Amor e Sorvete, em que fomentam instituições e movimentos que promovem paz e justiça social e econômica para todos;
-Comércio Justo, também conhecido internacionalmente como Fairtrade, onde dão preferência à contratação de agricultores de países em desenvolvimento para fornecimento de suas matérias-primas, garantindo que eles tenham oportunidades no mercado competitivo;
-If it’s melted, it´s ruined, que, em tradução livre, significa que, se derreter, está arruinado. Trata-se de uma campanha contra o aquecimento global em que todas as sorveterias e canais sociais recolhem assinaturas para adesão ao Movimento Global Climático.
Essas ações se desdobram em muitas outras que pregam a conscientização e a ação da sociedade. Quando a Campanha Rock The Vote (RTV) foi lançada para incentivar os jovens a participarem das eleições americanas, a Ben&Jerry’s lançou o Free Cone Day, onde os cones de sorvete eram gratuitos.
Assim, longas filas de jovens se formaram nas lojas e a RTV conseguiu registrar um recorde da instituição de 11.000 novos eleitores em um só dia. Simples e eficiente, certo?
Além disso, a empresa também tem a fundação Ben&Jerry’s que engaja seus funcionários, formam grupos de ação e tomam decisões sobre causas para as quais devem contribuir.
Ou seja, a cultura da empresa e seus valores estão tão consolidados, que as iniciativas são criadas também pelos funcionários da empresa.
Patagônia
Campeões da terra em 2019. Esse é o mais recente título que a marca de produtos de aventura, a Patagônia, recebeu da ONU.
Além de incorporar a sustentabilidade em todos os seus processos de produção, a marca também é reconhecida por seus investimentos e apoio às ações para a proteção do meio ambiente, onde, é claro, seus principais clientes usam seus produtos.
Entre suas ações sociais, temos:
-o uso de materiais reciclados em 70% de seus produtos, além do compromisso de ampliar para 100% até o ano de 2025;
-substituíram o algodão convencional por cânhamo e algodão orgânico, que têm produções com menores impactos ambientais e ações de restauração;
-desde 1985, doam 1% das vendas anuais para a preservação e a restauração do meio ambiente. Seu fundador, Yvon Chouinard, junto com Craig Matthews, criaram a organização sem fins lucrativos chamada “1% para o Planeta”, para incentivar e ensinar outras empresas a fazerem o mesmo;
Chouinard costuma relatar que a marca Patagônia foi criada para ajudar a salvar o planeta, e isso demonstra claramente o posicionamento de sua liderança.
Líderes engajados nos projetos de impacto social são determinantes para seu sucesso. Não por acaso, seus esforços foram reconhecidos pela entidade mundial mais importante que trata do tema.
IBM
Se o case da Patagônia se destaca pelo papel da liderança nas suas ações sociais, o P-TECH da IBM é um exemplo do alinhamento bem-sucedido entre o know-how da empresa e sua contribuição para a sociedade.
Lançado em 2011, em parceria com educadores da cidade de Nova York, o programa tem como objetivo formar profissionais com as habilidades necessárias para a revolução digital em que vivemos.
Nesse caso, ele capacita jovens para conclusão do ensino médio, técnico e superior, voltados para a área de STEM (Ciências, Tecnologias, Engenharia e Matemática), com práticas no ambiente de trabalho e mentorias no setor privado.
Pela complexidade do projeto, ele depende de parcerias com os governos locais. O Brasil e outros países da América Latina já fazem parte, e, em 2019, outros 20 já anunciaram sua intenção de aderir ao P-TECH.
Outro ponto elementar para o sucesso dos projetos de impacto ambiental é a dedicação exclusiva de uma pessoa ou um setor para as ideias e as ações da empresa.
A Ambev traz um exemplo rico sobre isso. O programa educacional VOA foi desenvolvido para levar a mentoria e noções avançadas de gestão para o terceiro setor, e, inicialmente, era trabalhado de forma paralela pelo setor de RH.
Mas a demanda cresceu tanto e os efeitos foram tão positivos que, atualmente, sua dedicação é exclusiva e tem total apoio da diretoria.
Segundo os dados do site oficial do VOA, são 115 ONGs beneficiadas, 5 milhões de pessoas impactadas e 12 mil horas de seus funcionários doadas para a mentoria dos gestores do terceiro setor.
Bacana, não é mesmo? Essa doação de know-how e horas de trabalho é um modelo muito eficiente para empresas pequenas ou médias que querem trabalhar alguma ação de responsabilidade social.
Essa foi uma das ações que realizamos aqui na empresa, o projeto chamado One Rock, que explicamos a seguir.
Projetos Rock Content: a concepção de nossas ações sociais
Pelos cases que citamos, fica claro que o envolvimento da liderança, o fortalecimento da cultura entre os funcionários, o direcionamento das ações para áreas de conhecimento do negócio e o foco no que é realmente relevante para a sociedade são alguns dos pilares para o sucesso, certo?
Aqui na Rock Content eles também sempre nortearam nossas ações, inclusive aquelas que envolvem programas de incentivo, como é o caso do Festival Elas, produzido 100% por mulheres, e o Prêmio Zumbi de Cultura, que valoriza a cultura negra.
Rock.org
A concepção do projeto Rock.org traz todos esses elementos que citamos. Para começar, isso sempre foi um desejo dos fundadores da empresa, portanto, o apoio deles era garantido.
Mas como a empresa tem vivido um crescimento acelerado, não dava para tocar um projeto de tamanha grandeza e importância de forma paralela. Então, a decisão seguinte foi escolher alguém para se dedicar exclusivamente ao seu desenvolvimento.
O benchmarking e o estudo de outros modelos, como o que propusemos ao citarmos os cases, também fez parte do nosso processo de criação, além, é claro, de misturar nossa cultura e nosso know-how para conceber um projeto de relevância para nossos stakeholders.
Assim nasceu a Rock.org, que tem como objetivo gerar oportunidades de crescimento para iniciativas sociais e jovens.
A ideia era abrir oportunidades para pessoas que não as tinham, compartilhar conhecimento com jovens que poderiam trilhar caminhos de sucesso e usar nosso know-how demarketing para dar a visibilidade que ONGs e instituições sociais precisavam para suas ações.
Para fazer tudo isso acontecer, no entanto, seria preciso engajar nossos colaboradores e garantir que eles pudessem dedicar uma parte de seu tempo de trabalho para o projeto.
Assim, decidimos parar todo o time por um dia. E, como todo gestor sabe, tempo é dinheiro.
Porém, essa ação gerou resultados diretos e indiretos muito mais substanciais do que o montante gasto. Além de impactar positivamente o público-alvo, que eram as ONGs e suas causas, o Rock Volunteer Day também trouxe:
-aumento do orgulho dos nossos colaboradores em fazerem parte de uma empresa socialmente responsável;
-atração de novos talentos que se identificaram com a ação;
-experiência diferenciada e gamificada para os colaboradores, que se viram em times fora dos habituais e trabalhando arduamente para o mesmo resultado.
No nosso caso, além do investimento de um dia inteiro dedicado a fomentar a plataforma Rock.org, também gastamos com premiações, material de divulgação e lanche, mas nada comparado ao retorno tão plural que tivemos.
Rock University
A Rock University é uma das referências em conteúdo e formação para profissionais na área de marketing, e, a cada curso vendido na plataforma, outro é doado para um jovem que precisa de oportunidades de desenvolvimento ou um líder de ONG.
Empresário sombra
Em parceria com a ONG internacional Junior Achievement, recebemos alunos de instituições públicas para que eles vivenciem áreas profissionais de interesse.
Vivências como essas inspiram os futuros profissionais, demonstram a realidade do mercado e fazem com que eles saibam quais direcionamentos seguir para seu desenvolvimento acadêmico.
Aqui na Rock Content, além de conhecer setores relacionados ao Marketing Digital, também é possível visitar áreas de desenvolvimento e TI, bem como outras convencionais, como Recursos Humanos e Financeiro.
Ou seja, temos um mix de ações de responsabilidade social interessante por aqui. Enquanto algumas demandam investimentos, outras necessitam apenas da dedicação do nosso tempo ou a doação de um serviço que já está pronto.
Então, para uma empresa de médio ou pequeno porte, qual deles é o mais aconselhável? E como começar?
Plano de ação: como desenvolver seu projeto de impacto social em 2020
O primeiro passo, sem dúvidas, é envolver os gestores do negócio e fazer com que eles inspirem o restante do time. Depois, um brainstorming pode ajudar a encontrar uma causa para abraçar.
Faça um brainstorming
O brainstorming, quando diferentes profissionais se juntam para pensar em novas ideias e soluções para uma demanda, pode trazer visões interessantes sobre problemas sociais e ambientais vivenciados no entorno da organização.
Por isso, é muito valioso que ele seja feito com profissionais de diferentes áreas, formações e níveis hierárquicos. Cada um deles terá uma perspectiva e uma experiência diferente em relação à sociedade e ao mercado em que a empresa está inserida.
Use cases de sucesso e redes sociais para se inspirar
Conhecer cases de projetos de impacto social é muito importante, uma vez que eles ajudam a entender a relação com o core business das empresas e até mesmo quais causas ainda estão carentes de atenção.
Outra medida interessante, especialmente para empresas pequenas e médias que não podem investir muito, é buscar ideias nas redes sociais.
Alguns perfis são dedicados exclusivamente a compartilhar boas ações, sejam de pessoas, sejam de empresas. Outros são de entidades que denunciam situações de risco, problemas ignorados ou comunidades negligenciadas. Alguns exemplos são:
@midiamor;
@razoesparaacreditar;
@sonoticiaboa;
@upworthy;
@greenpeace;
@unep;
@unesco;
@unicef.
Esses exemplos podem criar insights importantes para seu brainstorming e fazer com que um projeto social seja desenvolvido com o que a sociedade mais valoriza: relevância.
Saiba quais são os principais tipos de ações sociais
Algumas ações sociais são mais tradicionais, até mesmo pelo contexto histórico que apontamos. Entre elas temos:
Filantropia corporativa
Que pode acontecer de várias maneiras, desde a doação de parte dos lucros para instituições não governamentais e também a definição de políticas internas, como dobrar a doação que um funcionário faz para uma organização, por exemplo
Voluntariado corporativo
Que é quando a empresa dedica parte de seus talentos, especialmente os profissionais, para ajudar em causas sociais.
A doação de 1% do horário de trabalho é um ótimo exemplo, que, aliás, é seguido por muitas empresas, inclusive a Salesforce.
Liderança ambiental
Promovendo mudanças em suas cadeias produtivas, comprando créditos de carbono e contribuindo para causas relacionadas ao meio ambiente.
Empresas que pregam a sustentabilidade também podem ser incluídas nessa categoria, afinal, estão diminuindo o impacto de suas atividades na natureza e, em muitos casos, reduzindo suas despesas de consumo.
Práticas éticas de trabalho
Promovendo a igualdade no ambiente corporativo, combatendo preconceitos, garantindo o respeito às diferenças e oferecendo benefícios mais justos para seus trabalhadores, como uma licença maternidade prolongada.
Responsabilidade econômica
Fazendo os pagamentos regulares de impostos, participando de programas de compensação para a sociedade e oferecendo salários que permitam que seus funcionários não fiquem suscetíveis às variações da economia local.
Defina os objetivos da empresa
Qual é o propósito da sua empresa? Quando a Patagônia decidiu trocar sua principal matéria-prima, quis diminuir os danos ambientais de sua cadeia produtiva, ainda que isso representasse um acréscimo no valor final de seus produtos.
A IBM quis formar profissionais que estivessem prontos para lidar com os novos desafios da Transformação Digital, e, quem sabe, absorver esses talentos em seu quadro.
Outras empresas almejam:
-melhorar as condições dos seus fornecedores primários;
-corrigir injustiças sociais;
-ajudar, por exemplo, 50 famílias carentes ou 400 jovens;
-tornarem-se referências em responsabilidade social.
É claro que o objetivo genuíno é ajudar, retribuir. Mas isso precisa ser traduzido em números, ou quantificado. Por isso, é fundamental racionalizar o que se espera de um projeto de impacto social. Uma boa dica para isso é seguir um checklist:
-alinhe os objetivos da empresa com o que é relevante para clientes, sociedade e funcionários;
-foque iniciativas que provoquem impactos reais;
-procure dados estatísticos sobre a demanda social para identificar possíveis conexões emocionais entre público e empresa.
Trace as ações necessárias para conquistar tais objetivos
Nesta etapa, é importante alinhar os objetivos sociais às mudanças que serão promovidas na empresa.
Aqui na Rock Content temos uma equipe jovem, inovadora e consciente. Desse modo, concluímos que propor uma ação que ajudasse na empregabilidade e na educação de outros jovens causaria um ótimo engajamento.
Assim, definir as ações ficou mais simples. Bastou juntar nossa força interna e seus conhecimentos de marketing para direcionar tudo isso para o público que queríamos atingir, fossem os jovens, fossem as ONGs que cadastramos e mentoramos.
Escolha ferramentas para incentivar as ações internas
Compartilhar conhecimento está na cultura da Rock Content, e, em um desses episódios, uma de nossas supervisoras trouxe informações e estratégias muito valiosas sobre gamificação.
Uma das premissas da responsabilidade social é usar recursos e talentos para promover os impactos necessários, certo?
Nesse caso, usamos esse conhecimento para criar um projeto que envolvesse nossos colaboradores e fizesse com que todos trabalhassem em alta performance no Volunteer Day.
Liste as atividades e seus respectivos prazos de conclusão
Fazer um planejamento ajudará a organizar as próximas etapas. Entre elas, podemos citar:
-conscientização e sensibilização dos colaboradores;
-identificação de um líder, talentos que podem ajudar na elaboração e multiplicadores para manter o time engajado;
-período de teste do projeto, de um ano, por exemplo;
-apuração dos resultados e eventuais ajustes.
Ponto de partida: comece agora
Depois que iniciamos nossas ações, nos envolvemos com outras entidades e projetos, muitas ONGs nos procuraram e trouxeram novas demandas e um universo de possibilidades surgiu no nosso horizonte.
Não conseguimos atender a todos imediatamente, mas criamos um modelo de edital por meio do qual as ONGs interessadas podem se inscrever.
Clientes da nossa empresa também nos procuraram querendo saber como começar, o que foi muito importante, afinal, inspiramos outras empresas a começarem também e essa onda multiplicadora deve continuar.
Então, que tal criar um projeto de impacto social na sua empresa?
Se pensar bem, seus colaboradores ficarão felizes em fazer parte de uma empresa engajada social e ambientalmente, a sociedade se beneficiará com suas ações e os clientes se identificarão com sua marca.
Todo mundo ganha, certo? Se ainda tem alguma dúvida ou quer entender como funciona nosso projeto, convidamos você para uma visita ao Rock.org, e, claro, nos colocamos à disposição para ajudar!
O encontro da tecnologia com o marketing foi responsável por diversas mudanças na forma de pensar e de atuar das marcas.
Tempo de leitura: 2 minutos e 30 segundos
Se você tivesse uma marca de moda infantil, você faria publicidade para pessoas que não têm filhos? Provavelmente não. Mas 39% das pessoas com intenção de comprar roupas para crianças não tem filhos pequenos.1 Quando você só olha para a segmentação demográfica, você perde oportunidades de negócio. Seja bem-vindo à era do comportamento.
O encontro da tecnologia com o marketing foi responsável por diversas mudanças na forma de pensar e de atuar das marcas. Algumas já estão incorporadas ao dia a dia, como automação de processos e otimização em tempo real. Outras ainda foram pouco exploradas, mas têm grande potencial de transformar estratégias e acelerar resultados de negócio, como a ativação do público por meio de audiências baseadas em sinais de comportamento, agrupados de forma anônima.
Em média, campanhas focadas em comportamentos apresentam 20% mais ad recall
Em um cenário onde a privacidade e o respeito aos dados é cada vez mais importante, o desafio é entender as reais necessidades das pessoas, sem colocá-las em caixinhas. Até hoje a maioria das marcas parte de um profundo estudo psicográfico de seus consumidores para definir os comportamentos que serão ativados pelos esforços de comunicação. O problema é que nesse processo se perde muita inteligência. Na hora da execução, frequentemente essa riqueza de informações ainda se traduz em uma generalização superficial baseada em gênero e idade. Quem nunca transformou estudos e dados riquíssimos de comportamento em um perfil demográfico genérico na hora de ativar uma campanha?
Numa era em que há uma infinidade de soluções disponíveis para consumidores cada vez mais informados, ser relevante para as pessoas certas é fundamental. Por isso, planejar uma campanha com base em dados demográficos básicos já não faz mais sentido. Essas generalizações podem resultar na perda de negócios e até prejudicar a imagem da sua marca aos olhos de quem não se vê representado.
Pensando além de idade ou gênero
Você sabia que a proporção entre homens e mulheres interessados em comprar itens de decoração online é praticamente a mesma? Ou que quase 40% dos hardcore gamersadultos e sem filhos são mulheres?1
Esses exemplos mostram como é fácil errar usando os estereótipos do passado. Além disso, os próprios consumidores já se veem livres das normas: apenas 10% das pessoas dizem que seu gênero ou idade têm alta influência em seus interesses.2
O risco que as marcas correm ao segmentar sua estratégia para uma fatia da população é deixar de fora pessoas de alto valor para seu negócio, que podem não se encaixar na maioria ou em um padrão imaginado. Campanhas focadas em comportamentos são mais lembradas justamente pela originalidade e por encontrar quem importa.
A boa notícia é que as marcas já contam com ferramentas como as Audiências Avançadas, que constroem a ponte entre comportamentos-chave e execução de marketing.
O que são Audiências Avançadas?
Esse é o termo usado pelo Google para interesses e intenções que não levam em conta parâmetros de idade e gênero. A escala das plataformas Google permite que bilhões de sinais sejam avaliados quase em tempo real, com atualizações ininterruptas. Assim, semelhanças de comportamento em múltiplos contextos são detectadas e organizadas para uso das marcas.
Um bom exemplo do uso da ferramenta é o caso de SBP da Reckitt Benckiser. A marca testou duas campanhas em um esforço de comunicação always-on: uma com segmentação demográfica tradicional e outra com os principais comportamentos relacionados à categoria.
A principal descoberta foram os bons resultados da marca com públicos novos, como os homens. Eles não estavam no radar das campanhas anteriores e apresentaram o mesmo ad recall que as mulheres na campanha focada em cuidados com os filhos, tradicionalmente direcionada apenas para mães.
Além disso, a campanha de audiências apresentou índices melhores de ad recall e de intenção de compra, como explica Iuri Maia, Gerente de Mídia Digital da Reckitt Benckiser: “Queríamos provar que atrelar comportamentos específicos a uma comunicação relevante traria melhores resultados, e foi exatamente o que aconteceu”.
Resultados semelhantes aparecem globalmente no Google. Em média, campanhas focadas em comportamentos apresentam 20% mais ad recall3 e 40% mais intenção de compra do que campanhas segmentadas por dados demográficos.4
Os dados acima mostram a eficiência de trabalhar com audiências comportamentais, e que os próprios consumidores já se veem livres de padrões. Assim, as marcas têm a oportunidade de liderar essa transição e estabelecer uma vantagem competitiva ao criar relevância sem perder inteligência.
Fontes (4)
1 Google Internal Data 2019
2 Google Consumer Survey, Brasil 2018
3 Google Brand Lift, Global, Análise de smartphones feita entre outubro de 2016 e março de 2017
4 Google Brand Lift, Global, Análise de smartphones feita entre julho de 2017 e junho de 2018
As verdades de ontem não necessariamente são as mesmas de hoje e provavelmente não serão as de amanhã.
Mudanças e transformações são parte da nossa história
O termo “transformação digital” tem sido usado cada dia mais e sem nenhuma moderação. Cresce na carona de uma Modernidade Líquida, termo cunhado pelo polonês Zygmunt Bauman, para descrever um contexto social, cultural e econômico volátil e em constante metamorfose.
As verdades de ontem não necessariamente são as mesmas de hoje e provavelmente não serão as de amanhã. Deu nó? Não se preocupe. É parte do processo de adaptação.
E não importa sua profissão ou em que ramo de negócio você trabalha, nem sua idade ou posição econômica e social. Independe também da sua área de atuação e nível hierárquico. Acredite, o mundo sempre foi assim. Mudanças e transformações são parte de nossa história.
A grande diferença que vivemos, em nossos tempos, é o ritmo e velocidade dessas mudanças. Nossos pais viveram tempos diferentes de nossos avós. Nós, em um mundo com cada vez mais acesso a tecnologias digitais, temos avançado num ritmo nunca antes experimentado. Diferente das gerações anteriores, conseguimos perceber grandes transformações dentro de nosso próprio ciclo.
Mas não se preocupe. Sugiro substituir qualquer eventual receio, que terá efeito paralisador, pela curiosidade, que terá efeito mobilizador.
Vou usar um exemplo de como nossos hábitos se transformam e às vezes mal notamos. Pense no Uber, que surgiu como algo inusitado. Torcíamos o nariz desconfiados para adotá-lo, mas pouco a pouco, mais e mais pessoas foram usando, recomendando e hoje essa forma de mobilidade já está incorporada à nossa rotina.
Observando artigos, eventos e discussões sobre o tema transformação digital, fiquei com uma imagem de um barco sem bússola, em que cada passageiro está remando para um lado diferente. Assim, peço sua licença para propor uma reflexão sobre 4 fundamentos de uma transformação digital.
Fundamentos que derivam de uma jornada de 20 anos liderando transformações digitais em organizações multinacionais, associações, eventos, palestras, livros e em especial de um olhar sempre curioso sobre esse mundo líquido, que insiste em não parar de evoluir e ser diferente a cada novo amanhecer.
1. Precisa haver uma razão geradora
Entrar em um processo de transformação digital sem entender o porquê é muito perigoso. “Vou fazer porque preciso fazer” ou “Vou fazer porque meu concorrente fez” ou ainda “Vou fazer porque há um mandato da liderança da empresa” não são razões geradoras. Cuidado!
O risco de iniciar um processo sem uma razão geradora correta é o de entrar “mais ou menos” convencido nesse processo e ver um consumo de recursos, alinhamentos sem fim e potencial frustração.
A razão geradora, na minha opinião, deve ser externa ao negócio. Questione: Meu negócio existe para servir a quem? Quais comportamentos e dores do meu cliente? Como posso servi-lo? As organizações modernas e que tanto admiramos têm seu foco no cliente, nas pessoas, e não em seus serviços ou produtos. Se a Kodak ou Blockbuster tivessem feito essas perguntas, talvez estivessem ainda no mercado.
2. É um tema de negócios e não de tecnologia
Quem tem mais de 35 anos vai lembrar que nos anos 1980 e 1990 houve um boom do Marketing de Relacionamento, quando plataformas tecnológicas eram adquiridas com um apetite insaciável. Chegou um momento em que elas não conseguiam mover o ponteiro do negócio e tudo caiu por terra.
A tecnologia é importante, porém como meio e desde que esteja a serviço do negócio, que está a serviço das pessoas. Ser o mais avançado tecnologicamente em algo de nada vale se não se consegue extrair um valor tangível e percebido pelas pessoas.
3. Tem início, meio, mas não tem fim
Vejo empresas, consultorias e profissionais tratando a transformação digital como um projeto. Cuidado! Se vivemos em um mundo líquido, em constante evolução, como essa transformação pode ter fim?
Existe apenas porta de entrada para um processo vivo e mutante. O mundo, o mercado, os concorrentes, as tecnologias, as pessoas, enfim todo o contexto irá mudar com o tempo. Melhor investir energia e preparar sua organização para ter agilidade em adaptar-se a novas realidades versus ficar tentando prever centenas de cenários que do dia para a noite mudam completamente.
Se tivesse uma cadeia de hotéis, como poderia me preparar para algo como Airbnb? Novos concorrentes e tecnologias surgem todos os dias.
4. Se fundamenta em uma transformação cultural
Ainda dentro do tema tecnologia, acredito que não se dê a devida importância ao elemento principal e basilar para qualquer transformação digital: eu, você, nós. As pessoas.
Elas serão a principal barreira ou facilitador de qualquer processo de transformação. Juntas, elas formam a cultura de qualquer empresa. O pensamento de Peter Drucker de que “Cultura come estratégia no café da manhã” é real, acredite.
A transformação das pessoas será, portanto, fundamental para qualquer esforço de transformação digital. Mas cuidado para não cair na armadilha de que temos aqui um desafio geracional. Não é. É puro mindset. Existem profissionais de vinte e poucos anos mais conservadores que outros de quarenta e poucos.
Poder contar com o aporte financeiro de terceiros para fomentar o negócio e fazer a startup crescer é o sonho de todo empreendedor no early stage, seja para trazer escala às vendas, ganhar mercado, engordar o faturamento ou tornar-se rentável.
No Brasil, o capital de risco ainda é muito inferior ao de economias mais maduras, como a dos Estados Unidos e a do Reino Unido. Enquanto lá fora o percentual chega a 2%, aqui não alcança um décimo disso. Ainda assim, de acordo com a Lavca (Associação de Venture Capital da América Latina), em 2018, o valor investido em startups latino-americanas praticamente dobrou, se comparado a 2017.
Só o Brasil respondeu por quase 70% desse acréscimo, com US$ 1,3 bilhão em 2018 (51% maior que o ano anterior). Esse potencial precisa ser explorado e o primeiro entendimento para isso é o de que o venture capital não é um adventure capital. Alguém disposto a investir em startup vai querer certificar-se de que está colocando dinheiro em algo com boas chances de lucratividade.
Não conhecer o mercado, os concorrentes, ter o projeto ainda embrionário – no papel –, dedicar-se a outras atividades sem estar focado no desenvolvimento da startup, repelem o venture capital. Passar a ideia de que dispõe de recursos, mas prefere que outros assumam o risco também não é um atrativo para o investidor.
Para vender o negócio e chamar a atenção em meio a um ecossistema que já conta com mais de 12 mil startups, é preciso uma atitude positiva, ser hands on, reunir colaboradores que possam ajudar com soluções, adotar boas práticas. Isso é suficiente? Embora as pessoas comprem de pessoas, para fazer dinheiro não basta ter um propósito bem definido e acreditar nele. O capital de risco busca oportunidades em negócios promissores e isso significa dizer que é preciso apresentar algo concreto: um plano de negócio, um protótipo, um estudo de mercado, um produto minimamente viável. Os investidores descartam ideias se elas não forem executáveis. Tê-las bem estruturadas, formatadas e em aplicação são os atributos para o match.
Remando contra a cultura dominante e tentando mudá-la, o empreendedor deve cercar-se de informações financeiras, fiscais e trabalhistas. Ter um contador ou advogado de confiança é um elemento cada vez mais notado pelos empreendedores. Se antes este cuidado vinha apenas depois de um tempo de iniciado o empreendimento, os novos players estão combinando sua ousadia com leis, contabilidade e finanças. As chances de sobrevivência serão muito maiores.
Quando se trata das mulheres, a tendência é que e a jornada seja (no mínimo) dupla
Ter uma rede de apoio e buscar capacitação são algumas das medidas para superar desafios
Empreender é desafiador e, em especial no começo, envolve acumular diferentes funções e estar disponível o tempo todo. Quando se trata das mulheres, a tendência é que e a jornada seja (no mínimo) dupla. Afinal, muitas ainda acumulam funções dos seus lares e não recebem o mesmo estímulo que os homens para ter seu próprio negócio.
Em entrevista, a consultora do Sebrae Maria Augusta Pimentel Miglino destacou os quatro principais desafios que afligem as empreendedoras nesse caminho. Para cada um deles, algumas práticas podem ajudar na superação e no melhor desenvolvimento do negócio. Confira:
Vida pessoal
Cuidar dos filhos, de familiares idosos e dos afazeres domésticos não são obrigações exclusivas das mulheres, mas como sabemos, ainda é comum que elas sejam mais sobrecarregadas por elas do que os homens. Não à toa, uma pesquisarealizada pela Rede Mulher Empreendedora mostrou que 70% delas abrem um negócio em busca de flexibilidade.
Porém, equilibrar os compromissos familiares com os do negócio ainda é um desafio, segundo a consultora Maria Augusta. A solução para mitigá-lo passa por vários fatores, entre eles, o diálogo. “O ideal é ter uma rede de apoio de pessoas que possam ajudá-las, tanto na família quanto na empresa. Também é preciso engajar os homens nesse debate e mostrar que os fardos devem ser divididos”, diz ela.
Quem comanda um negócio também deve levar o tema em conta no que diz respeito às suas funcionárias. Miglino destaca que empresas com mais estrutura podem investir, por exemplo, na oferta de berçários dentro do seu próprio espaço. Outras opções incluem um auxílio para o pagamento de creches, a oferta de jornadas mais flexíveis e uma licença-maternidade mais longa. “Medidas como essas criam um ambiente mais seguro para que as mulheres voltem a trabalhar depois de ter um filho.”
Acesso ao crédito
Segundo dados do Sebrae, as mulheres têm um nível de inadimplência ligeiramente mais baixo do que os homens (3,7% contra 4,2%). Apesar disso, Miglino afirma que elas tendem a ter mais dificuldade de acessar crédito para os seus negócios. Em média, também pagam taxas anuais de juros 3,5% maiores do que os homens.
De forma geral, dois fatores influenciam nesse cenário. Um deles é a postura de muitos gerentes de bancos diante de negócios comandados por mulheres. “Para muitos, elas não são a figura que deveria estar à frente da empresa ou não são capacitadas para conduzir determinadas iniciativas”, afirma.
Em muitos casos, também falta experiência ou segurança na hora de negociar empréstimos. Superar os dois pontos, segundo a consultora, envolve desde fortalecer a auto-confiança até desenvolver melhores técnicas de negociação. “Existem vários cursos sobre esse tema, mas essa competência será realmente desenvolvida ao longo da vida”, afirma a consultora. “O mais importante é ter confiança e se sentir à vontade para negociar, mesmo que alguém questione sua capacidade.”
Mortalidade dos negócios
Segundo a consultora, negócios comandados por mulheres tendem a morrer mais cedo que os comandados por homens. Embora seja difícil estabelecer uma relação de causa e efeito, ela explica que é possível ter alguns indícios das causas a partir das condições em que elas empreendem.
Dados do Sebrae mostram que 44% delas, por exemplo, empreendem por necessidade (como para superar o desemprego ou aumentar a renda). Entre os homens, o percentual é de 32%. “Grande parte delas abre um negócio não porque teve uma ideia genial ou porque sonhava com isso, mas porque precisou começar a vender doces ou fazer o cabelo da vizinha para ganhar dinheiro”, explica a consultora.
Uma média de 40% delas também empreendem sem ter uma experiência anterior no setor, contra um percentual de 27% entre os homens. Segundo a consultora, as principais causas para a mortalidade de uma empresa são dificuldades de planejamento, gestão financeira e falta de experiência para lidar com funcionários. “Para que uma empresa gerenciada por uma mulher viva mais, é importante que ela se capacite em diferentes frentes.”
Faturamento mais baixo
Embora as mulheres sejam 16% mais escolarizadas que os homens, segundo dados do Sebrae, as empresas comandadas por elas faturam, em média, 22% menos que as deles. Miglino diz que as explicações para esse fator, embora ainda sejam estudadas, são influenciadas pelos fatores anteriores e pela posição da mulher na sociedade.
“Geralmente esses negócios são menos rentáveis, têm menos valor agregado e estão em setores pouco avançados em tecnologia, até pelo fato de muitas empreenderem por necessidade”, explica. Setores como robótica, biotecnologia, tecnologia da informação e fintechs, que têm mais potencial de escalar, ainda têm baixa presença feminina.
A solução para esse ponto, segundo ela, começa já na educação primária, quando as meninas podem ser mais estimuladas a se interessar por disciplinas como matemática e robótica. Na idade adulta, elas também podem ser beneficiadas por programas de incentivo à participação em setores como o tecnológico. “Também precisamos mostrar mais exemplos de mulheres bem sucedidas, incluindo desde cientistas até empreendedoras.”
Essa, aliás, é uma das propostas da sala 1.000 Mulheres da Feira do Empreendedor 2019 Sebrae-SP. Entre as palestrantes estão algumas das empreendedoras atendidas pelo programa de mesmo nome, que foca na capacitação de mulheres em situação de vulnerabilidade. Após uma primeira ação, realizada em São Paulo (SP), o projeto será aberto à população de todo o estado.
Pesquisa realizada pelo Sebrae entre maio e agosto deste ano, traçou o perfil dos empresários de micro e pequenas empresas
A conquista de clientes ainda é a principal dificuldade encontrada no dia a dia pelos donos de pequenos negócios no Brasil, assim como uma das razões mais apontadas como causa para o encerramento de suas atividades.
É o que indica a pesquisa feita pelo Sebrae envolvendo mais de 10 mil empreendedores de todo o país. A alta carga tributária também foi apontada pelos empresários como um dos obstáculos para os negócios. Segundo o levantamento, um a cada três empreendedores admitiram já ter atrasado o pagamento de algum imposto.
A pesquisa feita pelo Sebrae teve como objetivo levantar o perfil dos empresários donos de microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP). O trabalho identificou que, para 24% dos empreendedores, conquistar clientes e vender mais é uma das maiores dificuldades para quem decide abrir o próprio negócio.
Outros 17% apontaram a carga tributária como obstáculo, enquanto 10% dos entrevistados afirmaram não enfrentar adversidades. Entre outras dificuldades identificadas pela pesquisa, apareceram a mão de obra, inadimplência, problemas para conseguir crédito e controlar ou gerenciar o dinheiro da empresa.
“O acesso a crédito ainda é um ponto de fragilidade para as micro e pequenas empresas, mas que começa a mudar com a criação e expansão da Empresa Simples de Crédito pelo país. Com dinheiro no caixa, o dono do pequeno negócio ganha fôlego para investir em ações de marketing para também atrair mais clientes”, pondera o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Eleita como a segunda maior dificuldade dos empresários, a alta carga tributária também preocupa e faz com que o empreendedor atrase o pagamento de algum tipo de imposto. Isso aconteceu, de acordo com o levantamento, com 31% dos donos de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Nesse universo, uma parcela expressiva de empresários (43%) ainda não conseguiu regularizar o pagamento dos tributos.
Mais da metade das pessoas ouvidas (52%) admitiram que necessitam de uma maior capacitação na área de controle e gestão financeira, enquanto 47% afirmam que precisam de qualificação na área de propaganda e marketing e 44% enfrentam ainda dificuldade com a gestão das redes sociais da empresa. Percentual igual ao de empresários que precisam de treinamento para melhorar a qualidade de seus produtos ou serviços. Saber atender melhor o cliente e buscar orientação para a obtenção de crédito ou empréstimo é a carência apontada por 42% dos entrevistados.
A pesquisa do Sebrae também confirmou a importância da formalização para os donos de micro e pequenas empresas. Cerca de 70% dos empreendedores têm o próprio negócio como única fonte de renda. Mesmo percentual indicado para os empresários que apontam a abertura do negócio como uma medida que possibilitou maior ganho financeiro. Já para 77% dos entrevistados, a obtenção de um CNPJ foi a ferramenta que assegurou melhores condições no momento de compra junto aos fornecedores.
Números da pesquisa
24% avaliam a dificuldade de conquistar a clientela como maior desafio
17% reclamam da carga tributária
52% desejam maior qualificação nas áreas de controle e gestão financeira
44% ainda não sabem usar as redes sociais
31% já deixaram de pagar algum tipo de imposto
31% já buscaram e conseguiram empréstimo
18% começaram a empreender por necessidade
50% estão no negócio por ter tido conhecimento ou experiência
Um pouco de sorte sempre ajuda, mas não invista contando com ela
No começo da década de 80, minha família tinha o controle acionário da Bahema, que, na época, era uma revendedora da Caterpillar com sobras de caixa. Fizemos nesse período a primeira das muitas compras de participações em empresas de capital aberto que faríamos ao longo dos anos.
A escolha da primeira investida nos parecia óbvia porque tínhamos acabado de conseguir um sócio para o nosso projeto agropecuário que estava exigindo investimentos num nível muitíssimo maior do que tínhamos previsto.
Isso era agravado pela forma burocrática com que os recursos eram liberados. Naquela época, a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) permitia a utilização de parte do imposto de renda das pessoas jurídicas para aplicação em projetos aprovados, num múltiplo dos investimentos feitos com recursos próprios, que estavam, no seu julgamento, de acordo com o projeto aprovado.
Mas, a quase todo momento, tínhamos o desgosto de ver gastos glosados por motivos burocráticos quase intransponíveis. Assim, a relação de investimentos próprios para os incentivados (oriundos de IR), que deveria ser de 1 para 3, na prática se tornava 1 pra 1.
Nessa procura por capital, nos sensibilizamos pelo interesse de outra empresa baiana de capital aberto, a Correa Ribeiro S/A, em querer participar do projeto e assim também usar parte do seu IR.
Como a empresa estava se revelando uma boa parceira, chegamos à conclusão “lógica” de que comprar uma participação minoritária na Correa Ribeiro poderia ter enorme sucesso. Ledo engano e erro de principiante.
Entendíamos muito pouco do negócio da empresa – exportação de cacau. Além disso, a maior parte da atividade se passava em terreno nebuloso de negociação de contratos futuros (vendidos ou comprados), sobre os quais tínhamos uma visão muitíssimo limitada.
Naquela época, tive a surpresa de descobrir que as bolsas de mercadoria pelo mundo negociavam mais de 20 vezes a safra mundial de cacau. O lucro do traders dependia muito mais de acertar esses trades do que da margem física da compra e venda. E foi no desconhecimento dessas coisas que erramos.
Tentamos que a empresa fosse obrigada a nos mostrar todos os contratos que tinha em aberto em bolsas fora do Brasil (Londres e Chicago principalmente), mas, nos anos 80, a legislação considerava legítimo que isso fosse quase impossível. A visão era de que o sigilo era parte vital do sucesso do negócio.
Fazendo uma longa história curta, saímos em alguns anos, com um prejuízo ainda suportável. E com diversos pequenos atritos no relacionamento: mais de 30 anos depois, porém, ainda deu para manter um nível razoável de diálogo.
As lições que ficaram, de erros que não voltamos a repetir nos investimentos seguintes:
– Tente conhecer o negócio em que está entrando de maneira profunda e questione todas as suas premissas;
– Tente conhecer em profundidade o quadro acionário, especialmente os que dirigem a empresa. Seja ele o acionista controlador, o grupo controlador ou os principais players deste quadro;
– Aproveite ao máximo o “tempo de namoro”. Em outras palavras, para ter o conhecimento sugerido nos itens anteriores, em geral é melhor ir aumentando aos poucos a participação na investida. Tenha o cuidado de ir passo a passo e, a cada passo, dar uma parada para “meditação”;
– Entenda os fatos reguladores que envolvem o negócio em que irá investir e avalie as possibilidades de como estes fatores deverão evoluir;
– Por último: um pouco de sorte sempre ajuda, mas não invista contando com ela.
Muitas lições aprendidas! Nas próximas colunas, começarei a falar de casos de sucesso. Só o Juízo Final para esclarecer se teríamos tantos casos de sucesso se não tivéssemos começado errando.
Algumas conclusões são da pesquisa Paradigma Digital, uma parceria Talenses Group e Digital House Brasil
Se falar em Transformação Digital e as mudanças que ela provoca no mercado de trabalho não é um conceito propriamente novo, o que não envelhece é a preocupação quanto à velocidade que as empresas precisam se reinventar para acompanhar o surgimento de novos cenários, a cada ano.
Ponto pacífico que os profissionais digitais são o embrião necessário para provocar a mudança e as organizações que não entenderem isso deixarão de existir mais rápido do que imaginam – e desejam.
Logo, entender as novas formas de organização das empresas no Brasil, e os principais fatores que as levam a repensar o modo como conduzem seus negócios, torna-se vital.
Fruto de uma parceria entre o Talenses Group e a Digital House Brasil, a pesquisa “Paradigma Digital”, buscou compreender o comportamento das empresas em relação a um tema capital: o modo como cada organização está digitalmente estruturada e sua demanda por profissionais com competências digitais.
Participaram da coleta de dados 102 empresas com sedes mundiais no Brasil, América do Sul, Europa, Ásia e América do Norte; 84% das companhias pesquisadas ficam em São Paulo; 4% em Minas Gerais; 2% no Rio Grande do Sul; 6% no Rio de Janeiro; 2% no Paraná; 1% na Bahia; 1% no Ceará; e 1% em Santa Catarina.
33% das empresas pesquisadas pertencem à Indústria, 38% aos Serviços, 17% são de outros ramos de atividade e 12% estão no Comércio. Em termos de números de funcionários, 62% das companhias entrevistadas têm mais de 499 colaboradores, 28% entre 100 e 499 e 10% entre 50 e 99.
Inovação é o fator mais afetado pela audiência de profissionais digitais nas empresas
‘Regular ou ruim’
A primeira pergunta do estudo, “Como está o nível de organização digital da sua empresa?”, é reveladora: 48% dos entrevistados no setor de Serviços dizem que está “regular ou ruim”, contra 52% que responderam “bom”. No Comércio, 59% responderam “regular ou ruim”, contra 41% de “bom”. Na Indústria, o cenário mostra-se inquietante: 64% dizem que o nível de organização digital de suas empresas está “regular ou ruim”, contra 36% que entendem ser “bom”.
“Ainda há uma confusão por parte das empresas, de certa forma natural, sobre o que é estar organizado digitalmente ou o que é maturidade digital organizacional. Isso precisa ser levado em consideração. O primeiro passo é o esclarecimento deste conceito”, comenta o CEO do Talenses Group, Luiz Valente.
Para ele, hoje, “o desafio está em sair na frente na busca deste novo profissional digital, que passa a ser extremamente valorizado pelo mercado e, portanto, cada vez mais disputado”.
“Fica claro que o setor de serviços foi mais impactado pela questão digital, dada a sua conexão direta com o seu cliente final. Nem sempre uma indústria tem essa relação direta com o consumidor e com a sua cadeia de distribuição”, entende Carlos Alberto Júlio, CEO da Digital House Brasil.
Quando falamos em “porte” das empresas no âmbito da organização digital, tanto as grandes, quanto as pequenas e médias, sofrem: 56,7% das grandes companhias dizem que o nível de organização digital é “regular ou ruim” (43,3% entendem ser “bom”). Entre as pequenas e médias, mais de 6 em cada 10 (64%) entram na primeira cota, contra 36% das que se dizem satisfeitas.
“Muitas vezes, uma PME consegue resolver seus problemas na base do heroísmo de poucas pessoas. Conforme uma empresa cresce, ela não consegue replicar esses heróis. Ela precisa que sua performance dependa de novas metodologias, processos, dados e sistemas, por isso a diferença de nível de maturidade”, afirma o diretor Acadêmico da Digital Edney Souza.
Inovação prejudicada
O estudo, que também apresenta o senior manager da Divisão de Recrutamento de TI & Digital do Talenses Group, Leandro Bittioli, entre os seus analistas, traz os fatores mais prejudicados nas empresas devido à ausência do profissional digital.
A inovação lidera, com 21%. Depois vêm competitividade (16%), velocidade da entrega (16%), crescimento (15%), imagem da marca (9%), qualidade da marca (8%), lucratividade (6%), clima organizacional (5%), política salarial (3%) e recrutamento (2%).
O estudo completo, que abordará um levantamento relativo à demanda por profissionais digitais, a área que mais demanda a contratação deles, um ranking dos profissionais digitais mais buscados e quais são mais difíceis de recrutar, tem lançamento marcado para a próxima terça, em São Paulo.
“Não importa se é uma pequena empresa ou se é uma grande corporação. É preciso ter a consciência de que há a necessidade de implantar uma cultura digital. A cultura do agile. A cultura do erro honesto, que não pode ficar no campo do ‘errou está fora’, mas do erro que provoca a inovação”, reforça Carlos Alberto Júlio.
“Estamos progredindo, mas o caminho a trilhar é muito maior do que já foi percorrido, pois exige uma mudança de mindset extremamente complexa. É primordial investir na capacitação profissional em todos os níveis: de analista a gerente, para que eles possam ser a força que ajudará as empresas a se reinventar e a se manterem competitivas.”
Você tem olhado para as redes sociais na hora de vender os produtos do seu Ecommerce? Bom, deveria… É por isso que aqui estão 11 dicas de como vender no Instagram.
Ótimos espaços para atrair, engajar e converter, o uso de ações de marketing em mídias como Facebook, Twitter e Whatsapp é uma boa opção na hora de vender mais. No entanto, uma rede social ideal para Ecommerce ainda é esquecida por muitos donos de lojas virtuais: o Instagram.
A rede, que vem lançando diversas ferramentas para potencializar vendas no Instagram, traz uma oportunidade interessante para o Comércio Eletrônico.
Como mostra a pesquisa da Locowise, 75% dos usuários do Instagram já fizeram uma ação, como visitar um site, a partir de um anúncio ou publicação. Além disso, a pesquisa também mostrou que metade dos usuários da rede social seguem ao menos um negócios, e que 60% deles afirmam aprender sobre um produto na plataforma.
Diante de dados como estes, fica claro que vender no Instagram para impulsionar seu Ecommerce é uma escolha sábia. Além disso, o Instagram é a rede social em maior expansão no país tanto em termos de audiência quanto de engajamento.
Embora seja muito atraente – e divertida de se trabalhar –, ainda são poucos os empreendedores que realmente sabem como usar a rede social a favor do Ecommerce.
Este guia traz 11 dicas práticas para você vender dentro do Instagram com passos que você não pode mais ignorar.
1. Perfil comercial
A primeira dica de como vender no Instagram é começar a trabalhar sua base, o seu perfil na rede social. Para ter acesso às melhores funções da rede social para uma empresa, o perfil a ser usado deve ser de caráter comercial.
Isso precisa ser levado em conta seja se você está criando um perfil para sua empresa do zero, seja está apenas usando um perfil pessoal para os anúncios. No segundo caso, é possível alterar o tipo de perfil e transformar a sua conta de pessoal em comercial.
A conta de negócios oferece mais recursos de análise de dados, métrica, impulsionamento e possibilidade de link no stories.
Para conseguir criar esta conta, basta criar uma fanpage no Facebook e vincular com a sua conta do Instagram. Não é possível criar uma conta de negócios sem a Fanpage.
Depois que seu perfil estiver com a função comercial, você deverá fazer algumas otimizações simples. O objetivo dessas otimizações é passar uma boa imagem inicial do seu negócio, capaz de atrair seguidores e futuros clientes.
2. BIO, biografia ou descrição
Preste atenção à BIO. A frase ali descrita deve contar para o seu cliente o que você faz e como pode ajudá-lo. A descrição do seu negócio deve ser pensada com a finalidade de conversar com seu público, fazendo-as decidir se vão ou não seguir o perfil e clicar na sua página.
Ótimos espaços para atrair, engajar e converter, o uso de ações de marketing em mídias como Facebook, Twitter e Whatsapp é uma boa opção na hora de vender mais. No entanto, uma rede social ideal para Ecommerce ainda é esquecida por muitos donos de lojas virtuais: o Instagram.
A rede, que vem lançando diversas ferramentas para potencializar vendas no Instagram, traz uma oportunidade interessante para o Comércio Eletrônico.
Como mostra a pesquisa da Locowise, 75% dos usuários do Instagram já fizeram uma ação, como visitar um site, a partir de um anúncio ou publicação. Além disso, a pesquisa também mostrou que metade dos usuários da rede social seguem ao menos um negócios, e que 60% deles afirmam aprender sobre um produto na plataforma.
Diante de dados como estes, fica claro que vender no Instagram para impulsionar seu Ecommerce é uma escolha sábia. Além disso, o Instagram é a rede social em maior expansão no país tanto em termos de audiência quanto de engajamento.
Embora seja muito atraente – e divertida de se trabalhar –, ainda são poucos os empreendedores que realmente sabem como usar a rede social a favor do Ecommerce.
Este guia traz 11 dicas práticas para você vender dentro do Instagram com passos que você não pode mais ignorar.
1. Perfil comercial
A primeira dica de como vender no Instagram é começar a trabalhar sua base, o seu perfil na rede social. Para ter acesso às melhores funções da rede social para uma empresa, o perfil a ser usado deve ser de caráter comercial.
Isso precisa ser levado em conta seja se você está criando um perfil para sua empresa do zero, seja está apenas usando um perfil pessoal para os anúncios. No segundo caso, é possível alterar o tipo de perfil e transformar a sua conta de pessoal em comercial.
A conta de negócios oferece mais recursos de análise de dados, métrica, impulsionamento e possibilidade de link no stories.
Para conseguir criar esta conta, basta criar uma fanpage no Facebook e vincular com a sua conta do Instagram. Não é possível criar uma conta de negócios sem a Fanpage.
Depois que seu perfil estiver com a função comercial, você deverá fazer algumas otimizações simples. O objetivo dessas otimizações é passar uma boa imagem inicial do seu negócio, capaz de atrair seguidores e futuros clientes.
2. BIO, biografia ou descrição
Preste atenção à BIO. A frase ali descrita deve contar para o seu cliente o que você faz e como pode ajudá-lo. A descrição do seu negócio deve ser pensada com a finalidade de conversar com seu público, fazendo-as decidir se vão ou não seguir o perfil e clicar na sua página.
Foto de perfil
É muito importante que a foto do seu perfil comercial faça referência à empresa. Pode ser um logotipo ou, caso sua empresa tenha por foco sua própria pessoa, pode ser uma foto tirada com uma ar bem profissional, que te mostre como autoridade no assunto.
A do Ecommerce na Prática, por exemplo, até agosto de 2018 carregava a foto do Bruno de Oliveira. Hoje, com a empresa mais conhecida, é a logo que utilizamos.
Não se esqueça do link para sua loja
A BIO é o único espaço do Instagram onde pode inserir um link clicável, então não deixe de lado. Adicione um link para o seu Ecommerce, seja marketplace ou loja virtual. De preferência, crie um link único para adicionar no seu perfil do Instagram, assim você consegue ver quantas visitas chegam até sua página através da rede social.
Nas postagens, pode sempre fazer uma call-to-action (CTA) que chame as pessoas para clicarem na BIO. Os usuários dessa plataforma já conhecem esse tipo de chamada.
“LINK NA BIO”
Existe um aplicativo chamado Linktr.ee que permite que inclua mais links neste espaço. Pode colocar, por exemplo, sua página no Facebook ou canal no Youtube. Atente, no entanto, à quantidade de links.
3. Instagram Shopping: crie sua lojinha
Falei lá em cima que o Instagram está lançando cada vez mais funcionalidades para empreendedores na plataforma. A mais interessante delas é o Instagram Shopping, onde você pode cadastrar seus produtos e vender diretamente por lá.
Isso é positivo diminui o caminho de compra. Assim, em vez de jogar o consumidor para outra página, é possível finalizar tudo ali mesmo.
Produza conteúdo relevante regularmente. Não adianta criar um perfil e não produzir nenhum tipo de conteúdo, porque as pessoas vão deixar de acompanhar as postagens.
Não é só porque o Instagram não possibilita a publicação de artigos longos que o conteúdo não é importante. Lembre-se que até conteúdos muito curtos podem passar grande valor para seu público.
Você pode fazer uso de uma série de vídeos curtos respondendo alguma dúvida da sua audiência pelo stories. O mesmo pode ser feito para passar conceitos preciosos com a intenção de trabalhar as dores da sua persona. Ainda há a possibilidade de usar fotos e boas imagens com mensagens de valor, ou que convidem os seguidores à tomada de atitude.
Ou seja, mensagens ou legendas com um poderoso uso do call-to-action fazem a diferença.
Use aplicativos que façam postagens agendadas e publique imagens bonitas, harmônicas, pois o Instagram é uma rede visual. E, para melhorar os resultados, não esqueça de interagir com seus seguidores.
O Instagram tem uma linguagem própria. Assim sendo, não cabe toda aquela seriedade do mundo corporativo. Por isso, aposte em postagens divertidas para gerar maior engajamento. Não esqueça de usar os emoticons para aumentar o engajamento e a conversão. As imagens criam mais empatia no possível cliente e tornam suas mensagens mais simpáticas para quem as lê.
Vídeo
Ótimos espaços para atrair, engajar e converter, o uso de ações de marketing em mídias como Facebook, Twitter e Whatsapp é uma boa opção na hora de vender mais. No entanto, uma rede social ideal para Ecommerce ainda é esquecida por muitos donos de lojas virtuais: o Instagram.
A rede, que vem lançando diversas ferramentas para potencializar vendas no Instagram, traz uma oportunidade interessante para o Comércio Eletrônico.
Como mostra a pesquisa da Locowise, 75% dos usuários do Instagram já fizeram uma ação, como visitar um site, a partir de um anúncio ou publicação. Além disso, a pesquisa também mostrou que metade dos usuários da rede social seguem ao menos um negócios, e que 60% deles afirmam aprender sobre um produto na plataforma.
Diante de dados como estes, fica claro que vender no Instagram para impulsionar seu Ecommerce é uma escolha sábia. Além disso, o Instagram é a rede social em maior expansão no país tanto em termos de audiência quanto de engajamento.
Embora seja muito atraente – e divertida de se trabalhar –, ainda são poucos os empreendedores que realmente sabem como usar a rede social a favor do Ecommerce.
Este guia traz 11 dicas práticas para você vender dentro do Instagram com passos que você não pode mais ignorar.
Live
Os vídeos ao vivo têm sido recursos que trazem bastante resultado numa estratégia de redes sociais. Quando começa uma Live, o Instagram automaticamente avisa aos seus seguidores, que podem interagir com você. Este funciona ainda melhor do que vídeos para fazer ofertas de produtos pontuais. Não recomendo, porém, que faça uma Live só para anunciar um produto novo. Você precisa envolver os espectadores na experiência.
5. Abuse do Stories para vender
Desde de 2017, o Instagram possibilitou que usuários com mais de 10 mil seguidores pudessem adicionar links em seus Stories. Isso permitiu que muitos construíssem histórias chamativas sobre um produto, podendo dispor o link para ingresso sem que o seguidor precisasse acessar de outro ponto.
O recurso Stories é uma febre. Com mais de 300 milhões de usuários e crescendo, vem sendo constantemente usado por empresas em estratégias de como vender no Instagram.
Uma pesquisa feita pelo portal de notícias O GLOBO que mostra, inclusive, que de 3% à 15% das vendas acontecem depois da divulgação pelo Instagram. Como o Stories possibilita colocar informações momentâneas que duram 24 horas, muitas empresas aproveitam para bolar técnicas de divulgação e tráfego.
Técnica de sorteio
Provavelmente você já viu diversos sorteios feitos por lojas e afins, certo? Isso serve para aumentar o tráfego no Instagram. Fique por dentro dos passos que você deve utilizar para aplicar essa técnica:
No seu Stories, coloque uma arte chamativa divulgando o sorteio
Na sua home, coloque uma foto original do sorteio (Onde as pessoas irão curtir e marcar os amigos?). Geralmente as regras para a participação do sorteio é marcar 3 amigos, curtir a foto e seguir o Instagram do sorteador. Em outros casos, vale pedir para o seguidor publicar uma foto com seu @ e seguir seu perfil.
O texto que segue a imagem deve conter todas as informações referentes ao sorteio, como prêmios e regras.
Seu Instagram começará a ter um alcance maior com essa técnica, além de maior engajamento. Com isso, aproveite para utilizar artes para divulgar seus produtos e começar a vender o mais rápido possível.
Não empilhe stories
Essa dica é muito importante, principalmente para você que quer destacar um stories e vender mais. Analise a seguinte situação:
Você tem um stories importante para postar, mas antes disso sua história estava cheia de imagens e vídeos. A barra de rolagem está longa – o que trava muitos telefones – e, consequentemente, as pessoas pulam sua vez, deixando de assistir o que tem de mais importante ali.
Portanto, aja com inteligência. Posts mais relevantes em primeiro lugar e nada de stories muito longos.
6. Mensagem por direct
O direct, além de te permitir conversar com seus clientes, permite o envio de links. Assim, você pode gerar um link de pagamento na sua plataforma para o produto que o cliente deseja e enviar pelo Instagram.
7. Hashtags
Ashashtags são um símbolo do Instagram. Elas são a principal ferramenta para alcançar novos seguidores para sua página e, consequentemente, vender.
Utilize palavras pertinentes ao seu negócio para atrair pessoas interessadas. Pesquise quais são as hashtags mais buscadas e tente implementar no seu dia a dia.
Isso fará com que pessoas que se interessam pelo tema da hashtag visualizem a foto e cheguem até o seu perfil. Quando seu perfil já mostra o link do produto, traz fotos de qualidade e um feed interessante, é muito provável que a pessoa seja fisgada e você ganhe um cliente.
O engajamento é natural caso o conteúdo que apresenta no seu seja de qualidade e tenha relevância para seu público. De nada serve ter imagens lindas de gatinhos se seu público gosta de cachorrinhos. Entendendo seu público, perceberá que irão começar a comentar em suas publicações, curtir e responder seus Stories.
As hashtags servem pra marcar o conteúdo dentro da base de dados do Instagram, facilitando a pesquise. O ideal é que seja entre 3 e 5 hashtags por postagens e, se possível, crie sua própria hashtag para os clientes te encontrarem.
Lembre-se: hashtags utilizadas de forma indevida são bloqueadas.
8. Ofertas, cupons e descontos exclusivos para seguidores
Um estudo da Iconosquare revelou que 41% dos usuários que seguem um negócio no Instagram o fazem por conta de brindes e descontos. Outro número apresentado pelo estudo é de que 70% dos usuários da rede social já participaram de algum concurso dentro da plataforma.
Embora o primeiro dado seja um pouco entristecedor, é preciso saber lidar. Como um dos fortes do Instagram é sua capacidade de atrair e gerar leads, dedique uma parte dos seus conteúdos a ações que busquem esse resultado, além de vendas.
Você pode criar posts com descontos promocionais para seguidores do Instagram, ou oferecer brindes e bônus para compras realizadas a partir do link da empresa na rede social.
Por fim, use ainda concursos em sua estratégia. Eles podem ser feitos com a finalidade de gerar mais seguidores e leads, ou mesmo estimular mais vendas.
9. Faça parcerias com influenciadores
O poder que os influenciadores e formadores de opinião têm sobre o público é conhecido há muito tempo. Por isso que empresas de todos os segmentos investiram e investem em parcerias que vinculam suas marcas a uma celebridade, por exemplo.
Hoje em dia o uso dessa estratégia, chamada marketing de influência, é ainda mais importante. Com o passar dos anos as pessoas deixaram de confiar na publicidade tradicional, em celebridades da televisão, e têm apostado as fichas em formadores de opinião de nicho, de acordo com uma pesquisa da Nielsen. Ou seja, esses “youtubers” e “instagramers” que vemos por aí.
Assim, busque influenciadores que conversem com a sua marca e considere formar uma parceria para estimar vendas no seu Ecommerce. Como são autoridades com credibilidade, as pessoas costumam confiar quando eles dizem que um produto é bom.
10. Instagram Ads
O uso do recurso para criação e transmissão de anúncios na rede social não pode faltar nas nossas dicas de como vender no Instagram. Com a ferramenta é possível anunciar posts patrocinados no formato de fotos, carrossel de imagens e vídeos.
Eles são ótimos para ajudar na educação dos seguidores quanto aos produtos ou serviços da sua empresa. Sem falar que, assim como as campanhas do Facebook Ads ou Google Ads, os anúncios na rede social são impulsionados e ganham visibilidade mais facilmente.
Fazer uso dessa ferramenta é um poderoso componente em qualquer estratégia de como vender no Instagram.
11. Ferramentas de gestão de redes
De fato, há muitas redes sociais para acompanhar diariamente. Instagram, Facebook, Linkedin, Twitter, Whatsapp…
Interagir com elas individualmente pode ser muito confuso e trabalhoso. Além disso, o tempo para entrar em cada uma e agendar as postagens pode ser melhor aproveitado se você usa uma ferramenta de gestão que centralize as contas.
Há diversos exemplos disponíveis no mercado. Por exemplo: o Buffer, que é uma ferramenta gratuita, pode te ajudar a administrar até 3 contas. O AgoraPulse e o Mlabs, que são pagos, também são ótimos para gerenciar as postagens.
Mas o melhor de tudo é que, recentemente, o sistema de Gestão do Facebook integrou com o Instagram. A partir dele, é possível também criar e agendar postagens, fazer anúncios, responder comentários… Tudo em um lugar só! Para usar, basta fazer o cadastro da conta.
O Primeiro Passo para Vender no Instagram é seu
Não se esqueça de atrair seus seguidores sempre que puder. Faça enquetes, pesquisas, interaja. Isso faz com que seu perfil não fique chato e as pessoas parem de te seguir. Vale ressaltar que você é um empreendedor e seu objetivo é vender, portanto, quanto mais seguidores, mais chances de venda.
Nem sempre você deverá vender produtos dessa forma, embora esse seja o objetivo principal. Poderá usar essas estratégias também para aumentar seus leads e tráfego para a loja.
Mas, antes de tudo, acredite que você pode vender. Muita gente desiste antes de tentar por achar que não vai dar certo. Então, apesar de termos apresentado o manual com as diretrizes do Instagram e dicas para vender na plataforma, o primeiro passo é com você. Acredite em si e no potencial da sua loja, dos seus produtos.
Aprenda a ganhar dinheiro com o Instagram no iCEV Experience
Você é aluno do 2º e 3º ano Ensino médio ou Pré-Vestibular e quer saber mais sobre empreendedorismo e a faculdade de Administração? O iCEV Experience vai te dar o gostinho de como é o ensino superior. As oficinas acontecem neste domingo, 6 de outubro, das 10h às 12h30.
Adivinha qual será o tema do próximo iCEV Experience?
Você conhece os principais desafios de empreender? Já pensou em como pode melhorar a sua liderança diante da sua equipe?
Você sabe quais são suas competências?
Então você decidiu que quer empreender, ouviu consultores, especialistas, leu revistas sobre os melhores negócios e percebeu que precisa de um plano, capital de giro, linha de crédito, estudou taxas, checou a viabilidade econômica, trabalhou o marketing, o financeiro, o comercial e o operacional, mas, será que isso, por si só é o suficiente? Conheça outros desafios, talvez os principais, a serem superados pelo empreendedor para que o seu negócio possa se desenvolver:
1- Saiba motivar a equipe
Todos nós sabemos da pressão diária que o empreendedor sofre para cumprir com todos os seus compromissos, às vezes parece que ele carrega o peso do mundo nas costas, mas já parou para pensar como é ruim trabalhar com uma pessoa ranzinza e mal-humorada? Isso tira o tesão de qualquer um, portanto, descubra formas de se motivar diariamente e estimular a sua equipe para que se sintam igualmente motivados, mesmo que isso lhe custe algum sacrifício.
2- Defina uma rota estratégica
Não saber ao certo o que o espera no ponto de chegada é um risco, mas se não fosse assim, dificilmente haveriam desbravadores, como os pesquisadores e até astronautas que se aventuraram em grandes expedições sem saber ao certo o que os aguardava no ponto de chegada, no entanto aproveitaram bem a jornada para fazer grandes descobertas e com isso, acabaram por contribuir com a humanidade. Do mesmo modo, o empreendedor, tem uma visão de futuro que vai ficando mais clara à medida em que ele se lança no desafio de empreender. Siga adiante!
3- Cuidado com prazo e qualidade
Muitas vezes, o empreendedor terá que responder pelo prazo e qualidade do trabalho realizado por funcionários, parceiros e colaboradores com muito cuidado e jogo de cintura para não desmerecer o produto ou serviço prestado pela sua empresa e tampouco desqualificar a sua equipe para o cliente.
4- Se reinvente
Tenha claro que a competição é uma irremediável realidade com a qual precisará conviver diariamente, para isso, precisa conhecer bem o mercado em que atua e descobrir o quanto antes o seu diferencial em relação aos demais players (concorrentes) e se reinventar constantemente.
5- Avalie suas competências
É muito importante ter senso crítico para avaliar competências, pois só assim será possível distribuir tarefas adequadas a cada perfil, bem como definir um time de trabalho colocando as pessoas certas nos lugares certos.
6- Saiba lidar com conflitos
Onde há pessoas, certamente há, ali, uma possibilidade de ocorrer algum conflito, como empreendedor, é importante lidar com essas questões de forma imparcial e livre de qualquer tipo de interesse, pois qualquer tomada de decisão neste sentido, deverá sempre favorecer a empresa.
7- Defina processos
Eu me arriscaria a dizer que, um sonho de consumo de 101 em cada 100 empreendedores seria o de que a sua empresa funcionasse de forma mais autônoma quanto possível, para isso, é necessário definir muito bem os processos, desenhar o fluxo, criar um manual e mantê-los atualizados, você pode utilizar o design thinking para começar, isso requer técnica e muita paciência, mas pelo menos, uma vez pronto, não o tornará refém de uma pessoa para realizar aquela tarefa, pois você e qualquer outro colaborador, conseguirá executar acompanhando o passo-a-passo do processo no manual.
8- Saiba lidar com a equipe
Então, eis que depois de muito esforço, você finalmente formou aquele time dos sonhos, não se iluda, esteja preparado para lidar com comportamentos inadequados com cuidado e moderação, porque por mais que você tenha razão, suas palavras e seus gestos poderão se voltar contra você, com uma simples alegação de assédio moral.
9- Comunique-se bem
Comunique-se de forma adequada, tenha a certeza absoluta e inequívoca de que a outra parte compreendeu exatamente todo o seu comando, cheque o entendimento solicitando que ele repita o que entendeu, essa é uma forma de evitar custos com retrabalho, e da mesma forma, quando alguém lhe comunica algo, repita para que o outro ouça, como forma de evitar informações distorcidas ou equivocadas. Uma maneira muito eficiente de transmitir um comando por escrito, é fazendo check list, você perceberá que dá um certo trabalho, mas acredite, o resultado é recompensador.
10- Entenda o impacto de sua decisão
Entenda que uma decisão que você tome pode impactar a vida de muitas pessoas: Funcionários, parceiros, clientes e seus respectivos familiares, portanto, muitas serão, certamente, impopulares, porém, necessárias, decida pelo bem de todos e não para atender interesses particulares.
11- Seja resiliente, você vai precisar!
Muitas vezes será incompreendido, rotulado, discriminado e ficará sozinho com a sua decisão, decida assim mesmo, pode ser que você seja obrigado a ouvir insultos e ofensas gratuitas, nessa hora, mais do que nunca, você precisará ressignificar para poder seguir em frente, se a decisão tomada for a correta, mais cedo ou mais tarde você terá o respeito de todos, afinal, nunca esqueça que julgar é fácil, difícil é ir lá e fazer. E se você leu esse artigo até aqui, parabéns, você já está fazendo!
Em 2 anos, mais que dobra número de empresas iniciantes no país, financiadas por capital de risco
Enquanto companhias tradicionais postergam investimentos, o mundo das startups mantém o clima de entusiasmo de 2018, quando o Brasil presenciou seus primeiros unicórnios (empresas iniciantes que valem mais de US$ 1 bilhão).
O otimismo não está presente apenas nos discursos motivacionais que costumam caracterizar a nova economia (baseada em serviços e modelos de negócios digitais e distante da indústria pesada), mas em números e perspectivas para que uma fila de galgue ao valor de 99, Gympass, Nubank ou iFood.
Investidores e especialistas desse mercado dividem o Brasil em dois: o dependente da macroeconomia e das incertezas políticas e o que se descola, ao menos em parte, para viver um ciclo paralelo.
“Nunca tivemos tanto dinheiro para startup como hoje” , diz Edson Rigonatti, fundador do Astella Investimentos, de venture capital (capital de risco). Ele ressalta que, além do SoftBank , cuja abertura do fundo de US$ 5 bilhões para a América Latina foi um marco, cresce a quantidade de empreendedores que fundam empresas pela segunda vez. “Saltou o número de empresas que miram Europa, México e Turquia nos últimos 18 meses.”
Desde o boom de startups, há cerca de quatro anos, 2018 e 2019 têm sido considerados especialmente prósperos. Neste ano, foram mais 150 investimentos de venture capital . Somam-se aos 320 de 2018, que movimentaram R$ 5 bilhões, de acordo com a Distrito, empresa de inovação aberta, e a Lavca (associação latino-americana de fundos do tipo).
Em 2017 , o país tinha 5.147 startups, segundo a associação brasileira do setor. Hoje, contabiliza 12.715, das quais 2.800 fundadas em 2019.
“Comparando com os EUA, o Brasil vive algo semelhante ao momento prébolha da internet, de 2001. Não em relação à bolha, mas ao tipo de investidor, de níveis de valoração e de maturidade das empresas” , diz Humberto Matsuda, coordenador na Abvcap (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital).
Em 2 anos, mais que dobra número de empresas iniciantes no país, financiadas por capital de risco
Segundo ele, a presença de alguns fundos diminuiu, mas a solidez das startups cresceu de forma robusta. Outro fenômeno que mede a temperatura do setor é a recente disseminação de eventos de empreendedorismo fora do eixo Rio-São Paulo. Além de áreas maduras para a inovação, como Recife (PE) e Florianópolis (SC), cidades do interior de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul têm promovido encontros com a promessa de novos polos —são os estados com maior participação de startup, ao lado de Rio e São Paulo.
As grandes empresas buscam se vincular à pesquisa acadêmica e às soluções que nascem dessas regiões. Santa Rita do Sapucaí, cidade de 40 mil habitantes que sediou até este domingo (8) o evento Hacktown, foi o local escolhido pela TIM para testes de 5G, tecnologia alvo de disputa global e que gera uma corrida no país com a proximidade do leilão da Anatel em 2020.
Com dinheiro de outras companhias, como Google e Xiaomi, a cidade bucólica virou cenário para discussão sobre inovação (e para a geração Z pintar o rosto com neon em festa matinal de ioga).
“Há otimismo nesse setor porque o que acontece no mundo é irreversível e o investidor sabe disso, vê oportunidade” , afirmou Leonardo Capdeville, chefe de tecnologia da TIM, no evento.
“O mercado reconhece o valor da TIM como R$ 600 por cliente. Nas fintechs, o mercado vê de R$ 4.000 a R$ 10 mil por cliente” , compara.
Para ficarem menos sujeitas à inércia econômica, as maiores empresas do país se engajaram nesse movimento na última década. Além de todo o setor financeiro, que apesar da concentração acompanha o crescimento exponencial do Nubank, grupos como Raízen, Pão de Açúcar, Votorantim e Magazine Luiza investem em startups ou braços próprios de tecnologia.
“Há três anos, a gente falava ‘olha o que está acontecendo’ , e as empresas entendiam que era o futuro, não o presente. Hoje se sentem tranquilas para fazer uma transição”, diz Pedro Englert, presidente da Startse, de educação corporativa.
“Quem pode afirmar que o modelo de supermercado, da forma que é hoje, vai ser assim em 15 anos?” , questiona, referindo-se às mudanças geradas por aplicativos de entrega e outras tecnologias.
Apesar da fase promissora, analistas lembram que a classe de ativos globais para startups tem um ciclo próprio e que suas mudanças têm o poder de afetar as empresas diretamente, assim como a alta das commodities impacta a “velha economia”.
Jornadas de trabalho infinitas, vida profissional que invade a pessoal, falta de ócio... Se identificou?
Precisamos falar sobre saúde mental (Foto: Arte: Iago Francisco)
Era junho de 2014 quando a oftalmologista Renata Côrrea, de 37 anos, chegava às 7h na clínica médica em que trabalhava em Uberlândia, MG. Seria apenas mais um dia normal de trabalho, se não fosse por um acontecimento: às 9h, ao ver a lista interminável de pessoas para serem atendidas, Rê teve um surto. Foi invadida por uma angústia tão, tão grande, que começou a chorar incontrolavelmente. Foi para casa e dias depois, já na terapia, era diagnosticada com Síndrome de Burnout, distúrbio psíquico (leia-se colapso físico e mental) provocado por condições de trabalho mega desgastantes.
O caso da Renata não é isolado ou coisa de médica workaholicque vira a noite. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem os níveis mais altos de pessoas com depressão e transtorno de ansiedade de toda a América Latina: hoje, 9.3% dos brasileiros lidam diariamente com a ansiedade, enquanto 12% sofrem com a depressão.
Para Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-BR, associação internacional e sem fins lucrativos voltada à pesquisa e ao tratamento de estresse no mundo, ambos os transtornos são intensificados pelajornada de trabalho infinita, que se estende com viagens de negócios aos fins de semana e conversas de WhatsApp à noite em casa. É real:o trabalho está bagunçando a nossa saúde mental como nunca antes. E o motivo é aquele do qual você se queixa nos corredores do escritório – atualmente, o esperado de um profissional é executar o trabalho que três pessoas faziam há 15 anos. “Já vi executivas poderosas, que passaram a viajar frequentemente, desenvolverem fobia de avião pelo esgotamento; e gestoras que, ao esbarrarem com algum problema no desenvolvimento do projeto, ficaram tão ansiosas que tiveram uma crise de pânico em casa”, conta Ana.
Tem chefe que ainda vai achar mimimi, mas outro fator que contribui para o aumento dos desequilíbrios mentais é a falta de reconhecimento no trabalho. “Este é o maior questionamento dos meus pacientes”, conta o psiquiatra e pesquisador do Hospital das Clínicas da USP-SP, Diego Tavares. “Muitos se sentem desvalorizados pelos superiores, se questionam e sofrem com a diferenciação que os gestores fazem de um funcionário para outro”. Uma chance para você adivinhar quem são os mais afetados pelo estresse do trabalho. Sim, as mulheres! “Além de se esforçarem mais para garantirem destaque no escritório, elas, normalmente, são mais exigentes consigo mesmas e querem provar que são capazes de aguentar tudo”, explica o psiquiatra.
Falta de reconhecimento, cargas horárias cada vez maiores, broncas pelo WhatsApp a qualquer hora do dia… Quem tem coragem de compartilhar com o gestor que não está rendendo ou feliz profissionalmente por não estar “bem da cabeça”? Seria um suicídio profissional…? “É que ainda existe muito preconceito com relação ao tema e muita gente exclui o doente mental dos convívios social e profissional”, defende Ana Maria. O preconceito é um problema tão grave que tramita no Senado o projeto de lei nº 236/2012, que pretende transformar a psicofobia em crime.
Esse tal de Burnout
Assim como Renata, 32% dos brasileiros sofrem de Burnout, conforme dados da ISMA-BR. Nunca tinha ouvido falar? Saiba que o transtorno tem três características principais: 1) o cansaço devastador, que não passa nem com férias ou fim de semana; 2) a alienação, que deixa o doente completamente sem esperanças de melhorar; e 3) a ineficácia, quando a pessoa fica tão distante, que mesmo indo ao escritório, ela não consegue trabalhar e entregar resultados.
Mas, calma: não é porque você está se sentindo pressionada, ou trabalha em um ambiente com pessoas que sofrem de transtornos psicológicos, que você também vai desenvolvê-los. “A predisposição biológica conta muito! A presença de algum familiar com doença mental, desde uma tia com pânico ou uma avó com depressão, aumenta o seu risco de ter algum transtorno”, explica o psiquiatra Diego Tavares.
DESEQUILÍBRIO, ATENÇÃO!
Segundo outra pesquisa da ISMA-BR, 72% dos brasileiros economicamente ativos (ou seja, que têm um trabalho) estão insatisfeitos com suas vidas profissionais. As consequências desse quadro lastimoso se sente no corpo: insônia, dores de cabeça e musculares, batimentos acelerados, falta de ar ou de apetite. “Ao notar a intensidade ou frequência de um desses sintomas, é sinal de que o desiquilíbrio emocional aumentou. Pise no freio e reveja seu estilo de vida, antes que os sinais agravem”, alerta Ana.
Renata sofreu com os sintomas de ansiedade e depressão de 2011, ano em que terminou a residência e começou a trabalhar, até 2014, quando atingiu o ápice do estresse e foi diagnosticada com a Síndrome de Burnout. “Caí no senso comum de que era jovem e, por isso, tinha que me ‘matar’ de trabalhar. Quando menos vi, estava entrando às 7h da manhã, saindo às 21h, e não fazendo horário de almoço”, relembra. “Eu tinha dificuldades de dizer não, era perfeccionista, queria mostrar que dava conta e não decepcionaria as pessoas.”
Porém, sem perceber, seus sintomas foram ficando cada vez mais intensos. “Já acordava com vontade de chorar. A angústia era enorme, passei a não sorrir e tudo aquilo que fazia sentido na minha vida, começou a não fazer mais”, relembra.
Cuide da cabeça como você cuida do corpo
Anda se sentindo para baixo, desmotivada, indo trabalhar praticamente arrastada? É hora de procurar um par de ouvidos. “Além do cuidado com o estilo de vida, como manter uma alimentação saudável, uma rotina de exercícios físicos e relaxamentos diários, tipo meditação, massagem ou acupuntura, ter alguém para ouvir seus problemas é importantíssimo”, indica Ana.
E olhos atentos ao calendário – depois de uma crise de ansiedade, angústia, medo ou tristeza profunda, o sistema nervoso demora até duas semanas para estabilizar. Contudo, se os sintomas não passarem ou, pior, se intensificarem neste período, é hora de procurar um médico. “E não tem que ter vergonha de procurar um psiquiatra ou tomar uma medicação, como antidepressivo ou ansiolítico. É preciso ajudar sua mente e seu sistema nervoso a se recuperarem”, diz Diego.
Renata passou um ano fazendo terapia. Porém, mais importante que as sessões, foi a mudança do seu estilo de vida. “Larguei meu emprego e, nossa, como sofri com a decisão… Cheguei até a pensar em nunca mais atender, acredita? Mas, meses depois, consegui abrir meu próprio consultório, me policiando, é claro, para trabalhar em um ritmo bem diferente”, conta. “Também fiz aulas de violão e voltei a escrever, um hobby da adolescência”.
O passatempo, aliás, deu tão certo, que a médica se encontrou em uma nova profissão e já publicou cinco livros, um deles sobre o Burnout. “Se eu puder dar um conselho para quem está passando por uma fase complicada é arranjar tempo para si mesma. Vale, também, se perguntar: ‘A maneira com que estou me tratando é realmente saudável? Preciso, mesmo, desta rotina para ser feliz?’. O trabalho é uma das coisas que mais dão significado à nossa vida, mas temos que tomar cuidado para que a forma como o exercemos não elimine nossa felicidade”, diz, com razão.
A produção de conteúdo falso não só está se proliferando como se sofisticando
Dois professores da Universidade de Washington, Jevin West e Carl Bergstrom, criaram o jogo online “Qual Rosto é Real” a partir de milhares de rostos humanos virtuais artificiais desenvolvidos pela dupla. O desafio consiste em adivinhar qual rosto é verdadeiramente humano. Meio milhão de jogadores disputaram 6 milhões de rodadas. A tecnologia do jogo é da Nvidia, empresa de processadores gráficos, e usa redes neurais (deep learning/inteligência artificial) treinadas num imenso conjunto de retratos de pessoas. O percentual de acertos girou em torno de 60% na primeira tentativa, atingindo 75% de precisão em tentativas posteriores. Segundo seus criadores, a intensão foi alertar a sociedade sobre a capacidade tecnológica atual de gerar imagens falsas. O risco é que não há como evitar usos não tão nobres dessa tecnologia.
Em outro exercício acadêmico, dois pesquisadores da Global Pulse, iniciativa ligada à ONU, usando apenas recursos e dados de código-fonte aberto, mostraram com que rapidez poderiam colocar em funcionamento um falso gerador de discursos de líderes políticos em assembleias da ONU. O modelo foi treinado em discursos proferidos por líderes políticos na Assembleia Geral da organização entre os anos de 1970 e 2015. Em apenas treze horas e a um custo de US$ 7,80 – despesa com recursos de computação em nuvem – , os pesquisadores conseguiram proferir discursos “realistas” sobre uma ampla variedade de temas sensíveis e de alto risco, de desarmamento nuclear a refugiados.
O tema das fake news ganhou visibilidade pelos impactos negativos em processo eleitorais, sobretudo na eleição de Donald Trump em 2016 com os bots russos se passando por eleitores – americanos. No Brasil, a eleição de 2018 disseminou o uso de robôs e tecnologias de impulsionamento automático de mensagens visando influenciar os eleitores. A produção de conteúdo falso (fake news) não só está se proliferando como se sofisticando: agregando inteligência artificial, despontam as deep fakes!
Fake News podem trazer prejuízos milionários às empresas
O fenômeno de falsificação na internet extrapola o âmbito das notícias e da política, atingindo igualmente o mundo dos negócios, particularmente as plataformas centradas em dados. A Review Meta, um site independente que monitora a veracidade do feedback online, identificou um crescimento de avaliações na plataforma da Amazon postadas por usuários que não compraram o item em questão, ou seja, não experimentaram o produto e, não por coincidência, 98,2% dessas postagem avaliam em cinco estrelas. Zeynep Tufekci, em artigo na revista Wired (julho/agosto 2019) alerta que as alegações de falsidade também podem ser falsas: “Na Amazon, você dificilmente pode comprar um filtro solar simples sem encontrar avaliações que alegam que o produto é falsificado. Aliviado por ter sido avisado, você pode ficar tentado a não comprar. Mas talvez essa revisão em si seja falsa, plantada por um concorrente”.
O modelo de negócio do Google e Facebook, para citar dois dos gigantes de tecnologia, baseia-se em oferecer aos anunciantes acesso segmentado aos potenciais consumidores, tornando mais assertivas as campanhas publicitárias online. Observa-se, contudo, que esse modelo também está suscetível a fraudes, repleto de visualizações e cliques falsos. Em 2016, o Facebook admitiu ter exagerado na quantificação do tempo que seus usuários assistem vídeos na plataforma, caracterizando como um “erro” com efeito zero sobre o faturamento. Aparentemente, não foi esse o entendimento de muitos pequenos anunciantes: em 2018 entraram com uma ação coletiva alegando que a rede social estava inflando seus números propositalmente.
São muitos os exemplos mundo afora. Na Bulgária, em 2017, por exemplo, o Spotify sofreu um esquema que levou US$ 1 milhão: fraudadores geravam músicas de 30 segundos (tempo médio de escuta) e criavam contas falsas automatizadas para reproduzi-las. Assim, embolsavam a diferença entre os royalties e a quantia paga à plataforma para listar suas próprias faixas.
Vivemos um período de crise generalizada de confiança, que extrapola os eventos na internet. Acima de regras morais e éticas, arcabouço regulatório e sistemas de punição, para funcionar de maneira sadia a sociedade precisa de um mínimo de confiança entre seus agentes – instituições, governos e cidadãos. As facilidades da tecnologia e do meio digital só exacerbam o atual cenário.
O home office é uma alternativa para conciliar maternidade e carreira. Mas tocar os negócios da sala de jantar requer cuidados específicos
Nathana Lacerda, criadora da Six Sigma: trabalhar de casa aumenta a produtividade e o tempo ao lado do filho | Germano Lüders
Trabalhar em casa era algo que não passava pela cabeça de Nathana Lacerda, de 34 anos. Fundadora, há 15 anos, da Sigma Six, empresa especializada em construção de imagem e reputação, de segunda a sexta ela se arrumava para ir até a sede do escritório, a 15 minutos de sua casa, no bairro Padre Bento, em Itu, a 100 quilômetros de São Paulo.
Lá, passava de 7 a 9 horas diárias. “Nunca havia pensado em home office, achava que isso era para quem estava começando”, diz Nathana. Mas tudo mudou há dois anos, quando ela deu à luz a seu primeiro filho, Bento.
Após a maternidade, a empreendedora se deu conta de que sua antiga rotina não funcionava. “Vivia correndo para cima e para baixo, era um caos”, diz. Da desorganização surgiu a necessidade de otimizar o tempo, e Nathana chegou à conclusão de que trabalhar remotamente diminuiria a correria.
“Percebi que poderia fazer meu trabalho de qualquer lugar.” Mas o começo não foi fácil. No primeiro dia, ela chorou muito. “Era como se estivesse abrindo mão de minha segurança. Ir para um local trabalhar gera uma sensação de estabilidade.”
Nos dias seguintes, porém, notou que antes vivia em um ritmo impossível de aguentar por muito tempo. “Perdia horas e energia nos deslocamentos.
Hoje, almoço com calma, ao lado do meu filho. Com o pai e a mãe mais tempo em casa, Bento está mais tranquilo. E a mudança de comportamento dele me ajudou a entender que tomei a decisão certa.”
Assim como Nathana, muitas mães encontram no home office uma solução possível para conciliar a carreira e o cuidado com os filhos.
Tanto que uma pesquisa feita pelas autoras Patricia Travassos e Ana Claudia Konichi para o livro Minha Mãe É um Negócio (Saraiva, 29,90 reais) mostra que 58% das mães tocam suas empresas de dentro de casa.
“O home office é o trabalho em domicílio moderno, que sempre existiu. Trabalhar de casa tem sido uma estratégia para mulheres com filhos pequenos e vontade de exercer de uma forma específica sua maternidade”, aponta Bárbara Castro, socióloga e professora da Unicamp.
“Além disso, é preciso levar em conta o preço alto dos berçários e escolas e a ausência de universalidade de creches públicas para deixar a criança. Estar em casa é uma maneira de conseguir prover cuidado, já que o Estado não o faz e os serviços privados não cabem no orçamento.”
Pés no chão
Mas é preciso tomar cuidado com a glamourização desse estilo de trabalho. É comum que a mulher que faz home office se sinta sobrecarregada, somando funções domésticas às atribuições profissionais. Isso porque, na cultura brasileira, ainda se acredita que cuidar da casa seja uma função feminina.
“A inclusão das mulheres no mercado de trabalho ficou mais forte a partir da segunda metade do século passado. Entretanto, as tarefas de cuidado nunca foram redistribuídas. E, mesmo trabalhando, as mulheres continuavam com a responsabilidade do cuidado de filhos, idosos e casa, enquanto homens permaneciam na posição de provedores oficiais, sem responsabilidades domésticas”, explica Regina Madalozzo, professora e pesquisadora do Insper.
Tanto é que as mulheres trabalham 20,9 horas por semana em afazeres domésticos e no cuidado de pessoas, quase o dobro das 10,8 horas dedicadas pelos homens. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2017 (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018.
E no home office isso fica evidente. A socióloga Bárbara Castro fez uma pesquisa qualitativa com cerca de 70 pessoas que trabalham em casa, entre homens e mulheres, e constatou que o comportamento é bem diferente entre os dois sexos.
“Elas ficam no centro da casa, geralmente na mesa de jantar, acordando mais cedo para se concentrar, observando o cuidado da babá quando podem ter uma, tendo o trabalho muito interrompido e acabam se sentindo improdutivas. Já os homens trabalham em escritório com porta fechada, para que ninguém os interrompa, e se sentem mais produtivos do que na empresa”, explica a pesquisadora.
Para que o trabalho de casa realmente funcione e seja prazeroso, compartilhar as tarefas com o companheiro ou companheira é fundamental. E atenção: não se trata de ajuda, mas de divisão real de tempo e responsabilidades.
“O caminho é se posicionar. Deixar claro o que espera, mostrar quando está trabalhando em algo e não pode ser interrompida”, diz Nathana, que criou uma rotina para o home office funcionar.
Ela acorda antes das 6 horas para resolver questões estratégicas e poder ficar com o filho quando ele se levanta — cuida dele das 7h30 às 13 horas. À tarde, Bento fica com os avós, e Nathana pode fazer reuniões e atender os clientes. Às 19 horas, ela busca o pequeno.
“O grande desafio é manter o foco, mas me sinto muito produtiva, mesmo que trabalhe menos horas”, diz.
Outro desafio do home office é lidar com o isolamento de ficar em casa por muito tempo. Quem sentiu isso na pele foi Débora Emm, de 35 anos, criadora da empresa Inesplorato, que promove curadoria de conhecimento.
Há quatro anos, quando sua companhia já estava sólida, Débora resolveu que era hora de se tornar mãe. Nasceu Adélia. Durante seis meses após dar à luz, a empreendedora ficou afastada da rotina profissional, já que a empresa de seis sócios e 22 funcionários conseguia operar sem sua presença.
Aos poucos, Débora retomou a rotina. Mas não mais em São Paulo, onde morava antes da maternidade, e sim em Aruã, perto de Mogi das Cruzes, cidade do interior paulista que fica a cerca de 100 quilômetros da capital.
“Sentia falta da troca que o escritório promove e, por isso, uma vez por semana vou até São Paulo”, diz. Com a viagem, Débora se sente mais produtiva e feliz.
Em casa, ela criou um espaço dedicado ao trabalho. Embora não tenha portas ou paredes, o local é respeitado por sua filha.
“Ela sabe que ali existe uma barreira para não atrapalhar minha concentração. Quando me proponho a trabalhar, fico imersa, e nenhum barulho me distrai. Acho muito interessante que minha filha observe meu dia a dia e eu o dela. Ela sabe o que significa trabalho e como conviver com isso”, afirma Débora.
E as empresas?
Débora Emm, fundadora da Inesplorato: rotina dividida entre o home office e a sede da empresa | Germano Lüders
Existe uma triste estatística no Brasil: após dois anos de retorno da licença-maternidade, 48% das mulheres são demitidas, de acordo com uma pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas, que aponta ainda que a maior parte dos desligamentos ocorre sem justa causa.
“Não é à toa que uma mulher no ambiente formal de trabalho se sente com medo no minuto em que se descobre grávida. Ela sabe que naquele momento o risco de ser desligada por qualquer motivo aumenta. Também sabe que, ao tentar retornar ao mercado de trabalho, encontrará dificuldade e que jamais vai competir em condições iguais fora do período considerado de risco”, diz Vivian Abukater, sócia da Maternativa, rede cujo objetivo é transformar a relação entre mães e mercado de trabalho.
Ela própria foi vítima de uma demissão quando retornou de sua licença-maternidade em uma multinacional.
Por isso, muitas optam por empreender — não por vontade própria, mas como alternativa. “Boa parte das companhias não está preparada para acolher mães.
E, assim, grandes talentos são perdidos, pois várias têm filho quando estão no auge de suas carreiras”, diz Luciana Cattony, da consultoria Maternidade nas Empresas.
Algumas companhias, no entanto, começam a entender essa questão e passam a criar ambientes mais amigáveis às mães e que estimulem o desenvolvimento de suas funcionárias. “Já identificamos no mercado empresas que têm equidade de gênero como um valor, um contexto que facilita abordarmos a maternidade”, diz Luciana.
Ao pensar em políticas para mulheres que recentemente se tornaram mães, é necessário prover flexibilidade e acolhimento.
“No grupo de países que mais incentivam a participação feminina no mercado após a maternidade, há adoção de iniciativas como licença parental mais longa (licença para o pai e a mãe, com obrigatoriedade de divisão do período entre ambos) e remunerada, jornada flexível e possibilidade de trabalho remoto”, afirma Regina Madalozzo. Creches, pré-escolas e escolas em horário integral também fazem parte do pacote.
No fundo, o que falta para que as mães optem por trabalhar como preferirem é um olhar mais receptivo, como resume Luciana: “Em um mundo regido pelo valor humano, onde se pedem ambientes acolhedores e líderes mais empáticos, não faz sentido ter de escolher entre carreira e filhos”.
Quando a realidade se choca com nossas convicções mais profundas, muitas vezes preferimos recalibrar a realidade a ajustar nossa visão de mundo
Um homem com uma convicção é um homem difícil de mudar. A afirmação é de Leon Festiger, psicólogo americano considerado até hoje uma referência na psicologia social por ter desenvolvido algumas teorias importantes como a da Dissonância Cognitiva. Em seu livro “When prophecy fails“, dos anos 50, Festinger comprovou o apego das pessoas às suas ideias, ainda que a realidade ao seu redor as desafiasse ou mesmo as contradissesse radicalmente. Ainda sobre a convicção do homem, Festinger disse: “Diga a ele que você discorda e ele não irá ouvi-lo. Mostre a ele fatos ou números e ele questionará suas fontes. Apele à lógica e ele não conseguirá entender seu argumento”. O livro mostra como o psicólogo testou sua teoria observando o que ocorreu quando, a partir da visão de uma dona de casa de Chicago (parte de um grupo que estudava a existência de extraterrestres), uma espécie de seita se formou em torno da ideia de que o mundo se acabaria após um dilúvio de proporções catastróficas. Quando a profecia falhou, muitas pessoas continuaram apegadas a ela, procurando argumentos.
A dissonância cognitiva nos rodeia, e poucos estão completamente imunes a ela. Quando a realidade se choca com nossas convicções mais profundas, muitas vezes preferimos recalibrar a realidade a ajustar nossa visão de mundo. E a tendência, muitas vezes, é nos tornarmos ainda mais rígidos em nossas crenças.
Flexibilizar pontos de vista e posições a respeito dos mais diversos temas é e sempre foi um dos grandes desafios da humanidade. E atualmente, sequer temos paciência ou habilidade para dialogar sobre questões mais polêmicas, especialmente com pessoas que pensam diferente de nós. O desafio todo está em dar um passo atrás e aprender a conversar.
Dialogar com pessoas diferentes põe em cheque as nossas crenças – aquelas que de alguma forma, com o tempo, vão compondo a nossa identidade, como um cobertorzinho quente que nos dá segurança, e do qual não querermos abrir mão ou trocar pelo vazio frio e desconfortável de um ponto de vista menos familiar. Opiniões são compostos complexos, feitos daquilo que somos e aprendemos a acreditar, a partir de vivências, aprendizados, influências. Defender ideias faz parte de defender quem somos no mundo, de certa forma.
Mas o mundo se transforma ao nosso redor. As cenas mudam. Os contextos e as circunstâncias mudam. Muros caem. Distâncias se encurtam. Tecnologias resolvem problemas que pareciam insolúveis. E criam novos problemas. As redes sociais abriram uma conversa intermitente entre as pessoas – escancarando, 24 horas por dia, não só diferenças, mas nossa incapacidade de dialogar.
O estudo “Derrubando muros e construindo pontes: como conversar com quem pensa muito diferente de nós sobre gênero?”, realizado pelo Instituto Avon e pelo PdH Insights, braço de pesquisa do PapodeHomem, escancarou nossa dificuldade na conversa especialmente sobre temas controversos: embora 70% dos brasileiros acreditem que ter conversas sobre temas de gênero com quem pensa muito diferente é positivo, e 50% gostariam de fazê-lo de maneira mais frequente, na prática, apenas 20% buscam ativamente dialogar com quem pensa diferente de si próprio.
Uma das coisas interessantes que a pesquisa demonstrou é que as dificuldades de conversar se devem, em grande medida, ao desgaste de certos termos como diversidade, feminismo e até mesmo gênero – cujo próprio significado está em disputa, segundo Guilherme Valadares, fundador do PapodeHomem e diretor de pesquisa do PdH Insights. Quando uma mesma pergunta é feita sem o uso dessas palavras desgastadas, as abordagens podem ser eficazes especialmente para conversar com quem está fechado a um determinado assunto. Ou seja: a mudança de linguagem pode dobrar as chances de ser escutado, verdadeiramente.
Há estratégias para furar bolhas e superar o fechamento ao diálogo sobre a diversidade. Os pesquisadores da Avon e do PapodeHomem encontraram essas brechas e em cima delas criaram um guia que ensina a dialogar, e que pode ser ótimo aliado para quem quer abrir ou expandir uma abordagem sobre gênero – como as marcas, por exemplo, que vêm se abrindo para o tema e para a ideia de falar sobre isso mais abertamente com as pessoas, assumindo posições em sua comunicação. O guia inclui estratégias bem práticas de conversa, ensina como fazer boas perguntas durante um diálogo para torná-lo mais produtivo – dicas tiradas, por exemplo, do livro Comunicação não violenta, de Marshall Rosemberg.
Segundo o estudo da Avon e do PapodeHomem, 7 em cada 10 pessoas acreditam que dialogar com quem pensa muito diferente é benéfico em alguma medida, cinco em cada 10 afirmam desejar ter mais diálogos assim, e apenas duas em cada 10 buscam ativamente estas conversas. Existe, portanto, o desejo pelo diálogo sobre gênero. E se na prática ele não vem ocorrendo de forma produtiva é, possivelmente, por falta de estratégia. A pesquisa apontou que há apenas 15% das pessoas dialogando sobre gênero com quem pensa diferente (grupo chamado de “Construtores de pontes”), 50% se abrindo e buscando dialogar mais e apenas 35% mais fechadas ao diálogo (chamados “Entre muros”). Isso aponta uma tendência, um caminho e uma oportunidade para furar bolhas.
Do ambiente físico correto à cultura de colaboração, como as organizações podem escapar do pensamento viciado
Muitos pesquisadores já tentaram encontrar uma fórmula para a inovação, a partir de diferentes áreas — tecnologia, administração, economia, antropologia, biologia. Alguns estudos ficaram mais famosos e ganharam a reputação de “Leis da Inovação”, como a Lei de Heaps (aplicada inicialmente à linguística) e a Lei de Zipf (aplicada inicialmente à estatística). Ambas são equações que procuram conferir previsibilidade ao processo de inovação. Numa empresa, seria um sonho contar com uma equação assim. Não chegamos lá, mas de alguns anos para cá passei a testar e aperfeiçoar um modelo para ajudar as organizações nesse esforço. Seguem os sete elementos do modelo:
1 – Liderança
Inovação não é um departamento, é um processo. Mas é um processo diferente dos demais, por pressupor falhas. A inovação só acontece após muitas tentativas. Assim, a orientação para inovar tem de vir do topo da organização, para que seja sustentável no longo prazo. O CEO deve ser o grande patrocinador da causa.
2 – O cliente no centro
Empresas inovadoras costumam desenhar produtos, serviços e processos internos a partir da visão do cliente. Fala-se muito em “customer centricity”, mas o que se vê na prática são apenas experiências de uso melhoradas. Isso é só parte da equação. O desafio de ter um mindset real de foco no cliente está no redesenho dos processos internos, e não dos produtos.
3 – Diversidade
Até dez anos atrás, era comum entrar no escritório de uma grande empresa e ter-se a impressão de que os funcionários haviam estudado nas mesmas escolas, liam as mesmas revistas, compravam nas mesmas lojas. Procurava-se contratar pessoas já semelhantes à maioria da empresa. Hoje, sabemos que quanto mais tivermos pessoas diferentes umas das outras na organização, mais ricas serão as discussões e mais desafiados os profissionais serão no dia a dia.
4 – Metas e incentivos
Se a inovação não estiver nas metas dos executivos e das áreas, não se tornará prioridade. Gosto do exemplo da 3M, que há anos tem como meta para executivos de vendas que um terço da receita venha de produtos lançados no último ciclo. Com esse incentivo, se os produtos mais recentes não tiverem market-fit, a área de vendas pressiona a de produtos, que vai atrás de P&D. Assim o processo se retroalimenta em iterações que acabam por chegar ao objetivo descrito no início.
5 – Cultura de aprendizado e colaboração
Há alguns anos eu separaria aprendizado de colaboração. Na era digital, andam juntos. A colaboração é uma importante ferramenta para o aprendizado, visto que o conhecimento é o único ativo que se multiplica ao ser dividido. Num mundo com informação abundante e necessidade de curadoria, a colaboração é um forte aliado. E uma cultura de aprendizado é o primeiro passo para a tolerância a falhas, fundamental numa empresa inovadora.
6 – Quantidade de ideias
O senso comum ainda associa inovação a mentes brilhantes — ou seja, sobrevaloriza o poder das ideias. Em pesquisa básica, não aplicada, isso até é verdade. No mercado, o que vale de fato é a execução. Vale mais a ideia razoável que possa ser testada e implementada do que a ideia excepcional que não possa ser validada. Por isso, quantidade importa: quanto mais ideias forem exploradas, maiores as chances de a empresa transformar algumas delas em valor.
7 – Fluxo de ideias
Se aumentamos a quantidade de ideias geradas, precisamos fazer com que elas circulem pela organização e passem por críticas, testes, aperfeiçoamento. E um fluxo desestruturado tende a ser mais eficaz que o estruturado. Um exemplo comum de fluxo estruturado inclui reuniões agendadas, com periodicidade fixa, para intercâmbio de ideias. É mais produtivo o oposto: facilitar conversas informais, espontâneas e não programadas. Por isso houve nas sedes das empresas um boom de áreas abertas, mesas coletivas, pufes coloridos, cafeterias atraentes e geladeiras com comida e bebida de graça. Isso tudo para estimular o encontro casual, o compartilhamento de ideias, as discussões ricas.
Isso até ganhou um nome bonito, resgatado de um conto infantil do século 18, para se referir às descobertas felizes feitas meio sem querer: serendipidade. Segundo o MIT Innovation Initiative, inovação é “o processo de levar ideias da concepção ao impacto”. Os sete elementos acima são, em minha visão, as capacidades desejáveis/necessárias para que as empresas possam implementar um modelo que contemple métodos ágeis, que adequem a velocidade da organização ao ritmo frenético do mercado atual.
Alguns negócios inovadores resolveram lucrar e, ao mesmo tempo, gerar renda para usuários que ofertam serviços. Confira quais são esses empreendimentos:
A tendência da economia compartilhada (ou economia colaborativa) já está no país há alguns anos, começando com a entrada de negócios como Airbnb e Uber. Alguns empreendedores brasileiros souberam superar os desafios desse tipo de empreendimento e abriram suas próprias empresas.
Além de suas ideias de negócio lucrarem ao resolverem problemas de seus consumidores, elas também podem gerar uma renda extra a usuários que ofertam serviços nas plataformas.
O Site EXAME elencou algumas startups que resolveram adotar esse modelo. Os negócios vão desde entregas de produtos até hospedagem de cães e venda de milhas para passagens aéreas.
Confira, a seguir, algumas startups que ajudam a ter uma renda extra (e fazem sucesso com isso):
1 — Cabenocarro
(Cabenocarro/Divulgação)
A Cabenocarro começou a operar em agosto de 2017, com a proposta de ser uma rede de entregas colaborativas que conecta proprietários de automóveis que realizam um trajeto recorrente no dia a dia (chamados de “viajantes”) a pessoas que precisam enviar itens de um lugar para outro.
O usuário anuncia, por meio da plataforma web ou do app gratuito para Android e iOS, o objeto que precisa entregar, detalhando origem, destino, tamanho e descrição do item. O viajante, após fazer seu cadastro no site e informar dados como documentação do veículo e CNH, escolhe as entregas que deseja fazer.
O ticket médio praticado gira em torno de 30 reais. 80% do valor do serviço fica com o viajante, enquanto a monetização da Cabenocarro se apoia nos 20% restantes.
Hoje, a startup possui 1.500 usuários e 300 entregadores com dados já verificados. Ao todo, 100 entregas foram feitas por meio da Cabenocarro.
2 — Descola
(Descola/Divulgação)
A escola online Descola foi lançada em 2013, com a proposta de ser um ambiente de ensino com capacidade de criar experiências de aprendizagem leves, práticas e prazerosas aos alunos.
A startup oferece oportunidade para que profissionais acadêmicos ou do mercado que sejam muito bons em assuntos relacionados a inovação consigam compartilhar o seu conhecimento – e ganhar uma renda extra.
Os materiais de apoio são preparados pela Descola, enquanto o profissional fica responsável por elencar o conteúdo. O professor recebe uma porcentagem por cada venda de curso disponível na plataforma da Descola.
O valor médio por curso é de 150 reais e, segundo a startup, os profissionais de maior sucesso na Descola faturam 15 mil reais por ano.
Atualmente, a plataforma conta com mais de 30 mil alunos e fez parcerias com mais de 50 professores.
3 — DogHero
(DogHero/Divulgação)
A startup DogHero foi criada para solucionar um problema enfrentado por boa parte dos donos de cães e outros pets: onde deixá-lo durante longas viagens, por exemplo, e saber que ele terá o cuidado que merece?
O funcionamento da startup é muito parecido com o de marcas como Airbnb ou Uber: o usuário abre o aplicativo para Android/iOS ou o site e vê quais “anfitriões” – nome dado para os cuidadores de cachorros – estão próximos.
É possível ver itens como proximidade, experiência do anfitrião com cães, fotos e preços praticados. Também dá para entrar em contato com o anfitrião e marcar encontros de relacionamento – tanto entre vocês dois quanto entre ele e seu pet.
Se as conversas forem bem, o pagamento é feito e o cachorro é hospedado. Ao final da reserva, o cliente pega o pet e consegue deixar uma avaliação do serviço no perfil do cuidador, para que clientes futuros possam ver.
O ticket médio por cliente é de 200 reais. A DogHero cobra uma taxa 25%, já embutida no valor total transacionado, e é assim que se monetiza. Vale lembrar que todas as hospedagens já são cobertas com uma garantia veterinária de 5 mil reais, caso haja alguma emergência.
O negócio possui 15 mil anfitriões e 450 mil cães cadastrados em sua plataforma.
4 — Elo7
(Elo7/Divulgação)
O Elo7 foi criado em 2008, com a proposta de trazer para o universo online produtos autorais e criativos que costumavam ser comercializados apenas localmente.
O marketplace que conecta artesãos, artistas e designers a compradores é uma opção tanto para renda extra quanto para quem quer começar um negócio, mas não planeja investir em um e-commerce próprio ou em uma loja física.
Quem quiser vender pelo Elo7 deve realizar o cadastro na plataforma, inserir seus produtos (com imagens, descrições e preços) e definir como será o pagamento e a entrega.
O ticket médio do Elo7 é 100 reais. Na venda, a comissão da startup vai de 12%, no modo de anúncio clássico, até 18%, no anúncio plus, que possui maior probabilidade de exposição no site. Na comissão já estão inclusas as taxas do processamento do pagamento por cartão ou boleto.
Hoje, a startup possui 4,5 milhões de produtos anunciados e 90 mil vendedores ativos. O Elo7 atingiu em 2016 a marca de 450 milhões de reais em volume de transações e somou mais de 1 milhão de novos compradores. Os números de 2017 ainda não foram fechados, mas é esperado um crescimento de 40% em relação a 2016.
5 — Enjoei
(Larissa Gomes/Enjoei/Divulgação)
Quem está por dentro do mundo das grifes da moda e acompanha as novidades de forma online provavelmente já conhece o que virou esse empreendimento: o site Enjoei.
O marketplace para comprar e vender itens descolados não se posiciona apenas por preços menores, mas principalmente como um “brechó com cara de novo”.
Pessoas podem vender seus acessórios, roupas e sapatos ao montar lojinhas customizadas dentro da plataforma. O Enjoei, por sua vez, faz a moderação de todos os itens antes de serem publicados, por meio de uma curadoria de foto e descrição, e depois os coloca em um modelo de leilão online.
Em troca, o negócio pede uma comissão de 20% sobre o valor total da transação e uma taxa administrativa de 2,15 reais.
No momento, o Enjoei conta com 800 mil usuários vendedores e 600 mil usuários compradores. São 3 milhões de itens disponíveis na plataforma, com 150 mil transações mensais e ticket médio de 95 reais. Todo mês, mais 700 mil itens são cadastrados no Enjoei.
6 — LocalChef
(LocalChef/Divulgação)
A startup LocalChef foi lançada em junho de 2016, como um marketplace para conectar consumidores a chefs autônomos. A ideia é que esses cozinheiros trabalhem de suas próprias residências, enquanto o negócio faz toda a logística para que a comida chegue aos clientes no local e data combinados.
Os chefs que quiserem obter uma renda extra pela plataforma devem se cadastrar e preencher informações básicas sobre formação e pratos oferecidos, por exemplo.
Os atendentes da LocalChef fazem uma seleção prévia e explicam como funciona a startup para os selecionados, além de darem um treinamento básico sobre manipulação de alimentos, higiene e embalagem. Também é preciso enviar pratos para degustação e sessão de fotos. Após a aprovação, o cardápio do chef é colocado na plataforma e as vendas começam.
O ticket médio da LocalChef é de 98 reais. Os chefs ficam com um percentual que varia de 80 a 85% do valor final da compra. O restante do valor fica com a startup, como forma de monetização. A LocalChef também diz organizar e participar de eventos com esses chefs, aumentando a renda dos cozinheiros.
Atualmente, o marketplace conta com aproximadamente 270 chefs ativos e uma base de 4.500 clientes. Ao todo, mais de 6 mil pedidos foram realizados.
7 — MaxMilhas
(MaxMilhas/Divulgação)
A MaxMilhas foi criada em 2013, com o objetivo de vender passagens aéreas com descontos que podem chegar a 80%. Para isso, o usuário adquire sua passagem pelo site da MaxMilhas por meio das milhas aéreas de algum vendedor.
Quem deseja vender pela plataforma deve entrar no site e informar quantas milhas quer oferecer. Elas então serão anunciadas por um valor calculado a partir oferta de todos os vendedores no momento.
Ao informar seus dados e concluir a oferta, o vendedor deve aguardar a análise da equipe do MaxMilhas. Se aprovada, a oferta fica disponível no site, onde é possível acompanhar seu status. Quando a oferta do vendedor é selecionada, a MaxMilhas faz a emissão da passagem.
No fim, o vendedor recebe o dinheiro referente à quantidade de milhas negociada em sua conta bancária cadastrada. O ticket médio por transação é de 750 reais. A MaxMilhas estabelece uma taxa para cada compra e o valor pedido pelas transações varia entre 10% e 30%, adicionado ao valor total da passagem.
Desde a criação da startup, mais de 700 mil pessoas compraram pela MaxMilhas e outras mais de 50 mil venderam suas milhas.
8 — Rapiddo
(Rapiddo/Divulgação)
A startup Rapiddo Entregas foi criada em 2014, com o objetivo de mudar o modo como as entregas urbanas são feitas. O negócio conecta entregadores e clientes, intermediando pratos de restaurantes, itens comercializados por empresas e trocas entre pessoas físicas.
O entregador interessado deve ter um aparelho Android para baixar o aplicativo do Rapiddo Entregas. A plataforma exige o preenchimento de um cadastro e disponibiliza vídeos com dicas de segurança no trânsito e instruções para utilizar a ferramenta. Após os documentos serem validados, o interessado em renda extra recebe as entregas de acordo com a sua localização.
O ticket médio das entregas de restaurantes gira em torno de 13 reais, enquanto as entregas administrativas possuem um ticket médio de 30 reais. O motoboy cadastrado recebe 80% de cada entrega feita por ele. Os 20% restantes compõem a monetização do Rapiddo Entregas.
Atualmente, a startup conta com mais de 5 mil entregadores ativos e aproximadamente 40 mil usuários cadastrados, sejam eles pessoa jurídica ou física.
9 — Supermercado NOW
(Supermercado NOW/Divulgação)
O Supermercado NOW surgiu em 2015, com a proposta de fazer as compras no lugar do usuário e entregar na residência de escolha após duas horas (ou algum horário posterior agendado).
O usuário entra na plataforma, coloca seu CEP e consegue identificar 30 estabelecimentos das oito redes parceiras da Supermercado NOW, na cidade de São Paulo e na região do ABC.
Após escolher o supermercado ideal, o usuário monta sua cesta de produtos – cujo preço é o mesmo das gôndolas, diz a startup. Também é possível colocar observações, como preferências quanto ao estado de amadurecimento e tamanho de legumes e frutas.
Quando o carrinho já está montado, o usuário pode agendar o horário de entrega. O mínimo é de duas horas após o pedido. Há uma prévia do valor e o cliente pode fechar a compra. O pagamento é feito pelo cartão de crédito, de forma online.
A possibilidade de ganhar uma renda extra está em ser um shopper – pessoa cadastrada na plataforma e treinada para seleção dos itens e para a entrega, como um motorista do aplicativo Uber –, que vai ao mercado escolhido e depois à casa do cliente na hora agendada.
A taxa de entrega é integralmente repassada ao shopper. A monetização da Supermercado NOW é feita pela cobrança às redes de supermercado: há uma taxa para cada venda realizada pela plataforma.
Hoje, a startup possui uma base de 20 mil clientes – sendo que 5 mil deles são ativos. O ticket médio é de 250 reais, com duas compras de tal valor por mês.
10 — Workana
(Workana/Divulgação)
A Workana foi criada em 2012, na Argentina, como uma plataforma para unir empresários e profissionais freelancers. Atualmente, é possível contratar e oferecer serviços em áreas como conteúdo, design, manufatura, marketing, tecnologia da informação, tradução e vendas.
O profissional que deseja encontrar um trabalho na plataforma realiza um cadastro e já pode oferecer propostas aos trabalhos publicados por empresários. Esse cliente escolhe a melhor proposta, com base no perfil do freelancer e em seu orçamento. O valor fica retido na plataforma da Workana até o final do projeto, quando o empresário pode testar e aprovar o serviço prestado.
O ticket médio da Workana varia de acordo com a área dos projetos. Em marketing online o ticket é de 504 reais, por exemplo, enquanto na área de desenvolvimento de aplicativos mobile o mesmo ticket é de 1.797 reais. A Workana pede uma taxa de 15% em cima do valor cobrado pelo freelancer.
Hoje, a startup possui mais de 30 mil empresários e 1 milhão de freelancers, com mais de 235 mil projetos realizados.
Para o filósofo Mário Sérgio Cortella, a ausência de reconhecimento é a grande causa da atual desmotivação nas empresas
O salário não é a principal fonte de insatisfação dos brasileiros dentro das empresas. Mais do que uma remuneração condizente com o que seria justo pelo seu trabalho, as pessoas querem ser reconhecidas e valorizadas dentro das organizações. Ser mais uma peça da engrenagem é um fardo nos tempos atuais, defende o filósofo Mário Sérgio Cortella. Docente, educador, palestrante e consultor de empresas, Cortella afirma que a principal causa da atual desmotivação é a ausência de reconhecimento. E ela manifesta-se de várias formas: do chefe injusto à falta de valorização em cada projeto e tarefa. Não é uma questão puramente de promover o elogio desmesurado, mas uma forma de “dar a energia vital ao funcionário para continuar fazendo e seguindo em frente”. É principalmente evitar a mensagem de que “não ser mandado embora já é um elogio” ou que “o silêncio é a melhor maneira de dizer que está tudo em ordem”.
Em seu novo livro, Mário Sérgio Cortella fala sobre reconhecimento e de outras questões que considera inerentes à insatisfação de muitas pessoas hoje em relação ao próprio emprego. Em Por Que Fazemos O Que Fazemos, publicado pela Editora Planeta, o professor reflete sobre próposito e por que as pessoas almejam empregos que conciliam uma satisfação pessoal e a certeza de não realizar um esforço “inútil” dentro da sociedade. Este tipo de aflição ganha maior evidência com a geração millennial que passou a almejar um “projeto de vida que não soe como conformado”, ou seja, do trabalho pelo trabalho. É sonhar com o trabalho grandioso, com uma rotina que não seja monótona, com um ‘projeto que faça a diferença’. Por outro lado, é uma geração também que chega – em parte – com pouca disciplina, que tem ambição e pressa, que vê seus desejos como direitos – e ignora os deveres.
Todas essas aflições corporativas têm moldado a forma de atuar das empresas e das pessoas na hora de se associarem a um emprego. Em momentos de crise econômica, elas ganham um nível de contestação ainda maior. Em entrevista à Época NEGÓCIOS, Cortella comenta esses dilemas e mudanças, os “senões” de se fazer o que se ama e por que há uma “obsessão enorme por uma ideia de felicidade que não existe”:
As pessoas não querem mais somente um salário mais alto, querem acreditar que fazem algo importante, autoral. Por que a necessidade de ter propósito ganhou maior relevância? É uma questão geracional?
Ela é mais densa e angustiante na nova geração que enxerga muitas vezes na geração anterior, que a criou, certa estafa em relação ao propósito. É muito comum que jovens e crianças enxerguem hoje nos pais algum cansaço e até tristeza naquilo que fazem. O pai e mãe dizem “eu trabalho para sustentar, esse é meu trabalho”. Há uma grande conformidade. E essa conformidade de certa forma acabou marcando uma nova geração, a millennial, que traz aí a necessidade de ter algum projeto de vida. Eles não querem repetir um modelo que, embora esforçado, dedicado e valoroso soa, de certa maneira, como conformado. Hoje há uma aflição muito grande na nova geração de maneira que se traduz numa expressão comum: “eu quero fazer alguma coisa que me torne importante e que eu goste”. A geração anterior tinha um pouco essa preocupação, mas deixou um tanto de lado por conta da necessidade.
Quando o sr. se refere à geração Y, aos millennials, está considerando um recorte ou o todo?
Claro que temos recortes. Não estou falando de quem está atrelado ao reino da necessidade, que precisa trabalhar sem discussão porque precisa sobreviver. Esta é uma questão de outra natureza. O termo millennial que eu adoto, como muitos, é aquele que cunharam para quem nasceu a partir dos anos 1990. E essa geração tem recortes mais diretos em relação à camada social. Evidentemente se você considerar aqueles que são escolarizados, têm boa condição de vida e que estão acima da classificação oficial da classe D, essa geração tem mais possibilidade de escolha à medida que a sobrevivência imediata não é uma questão. Ela pode viver até mais tempo com os pais e ser por eles sustentada. Isso vem acontecendo. Já integrantes das classes D e E têm mais dificuldade – uma parcela às vezes encontra sobrevivência na transgressão, no crime de outra natureza e outros encontram aquilo que é o trabalho suplicial que o dia a dia coloca sem escolhas.
Como o senhor diz no seu livro até para ser mochileiro, você precisa ser livre de uma série de restrições…
Sim, você precisa dominar outro idioma, saber se virar. Há uma diferença entre um filho meu, de camada média, com uma mochila nas costas andando pela rua em relação ao modo que ele se conduz, à maneira como ele se dirige às pessoas do que ele ser, por exemplo, um andarilho. Uma pessoa pode até ser mochileira, mas ela já tem condições prévias que a tornam uma mochileira com menos transtornos do que como seria de outro modo.
O senhor diz frequentemente que, para fazer o que se gosta, é preciso fazer uma série de coisas das quais não se gosta. Esse entendimento provém de uma educação na empresa, da família ou escola?
É uma questão de formação familiar. Hoje há uma nova geração que, especialmente nas classes A, B e C, cresceu com facilitações da vida. Hoje a gente até fala em “adolescência estendida” que vai até aos 30 anos e não necessariamente até os 18 anos. São as pessoas que continuam vivendo com os pais, sob sustentação. Isso acabou levando também a uma condição, que uma parcela dos jovens entende que “desejos são direitos”, que vão obter aquilo porque é desejo deles e um outro vai providenciar. Cria-se assim a perspectiva equivocada de que as coisas podem ser obtidas sem esforço. Mas sabe, eu lembro sempre, trabalhar dá trabalho. Como costumo dizer: “só mundo de poeta que não tem pernilongo”. É óbvio que isso não anula a riqueza que essa nova geração tem de criatividade, expansividade, de receptividade em relação a vários modos de ser. Uma geração mentalmente rica, mas que precisa de um disciplinamento – que não é torturante, mas pedagógico – e que começa na família e vai encontrando abrigo na empresa. Essas estruturas são importantes para que essa energia vital não se dissipe. É preciso organizar essa energia de modo que não se perca com inconstâncias, para ser algo que possa de fato gerar benefício para o indivíduo e para a comunidade dele.
As empresas ainda não sabem lidar, de forma geral, com a energia desses jovens?
Não, elas ainda estão começando a aprender. Há algumas que já possuem uma certa inteligência estratégica e estão se preparando e preparando seus gestores para que acolham essa nova geração como um patrimônio e não como um encargo. Porque quando você acolhe a nova geração como um encargo, em vez dela ser “sangue novo”, ela se torna algo que é perturbador. E é claro que não é só o jovem que tem de se preparar para essa condição. É necessário que a pessoa que a receba seja acolhedora, mas que também se coloque em uma postura de humildade pedagógica. Que ela saiba que vai aprender muito com alguém que chega com novas habilidades que a geração anterior não tem. Lidar nos dois polos de maneira que equipes multigeracionais ganhem potência em vez de entrarem em situação de digladio ou confronto.
Nesses dois polos, os profissionais mais seniores ficam inseguros com receio de que seu papel não seja mais relevante nas organizações. Como eles podem lidar com esse novo cenário?
Eu só conseguirei ter essa percepção de que estou ficando para trás se eu deixar de lançar mão daqueles que chegam com coisas que eu ainda não conheço. E aí eu não vou ter só a percepção, eu vou ficar mesmo para trás. A gente aprende muito com quem chega, mas a gente também tem o que ensinar. Tem dois princípios que precisamos implantar: 1) quem sabe, reparte 2) quem não sabe, procura. Se eu formar seniores e juniores nesses dois princípios, de um lado vai ter generosidade mental e de outro a humildade intelectual. Essas duas trilhas virtuosas serão decisivas para que a gente construa maior potência no que precisa ser feito.
Com todos esses dilemas e mudanças, a ambição é necessária? Uma pessoa ambiciosa é boa ou perigosa para a empresa?
A pessoa ambiciosa é aquela que quer ser mais e melhor. É diferente de uma pessoa gananciosa, que quer tudo só para si a qualquer custo. Uma parte do apodrecimento que nosso país vive no campo da ética hoje se deve mais à ganância do que à ambição. Eu quero um jovem ambicioso. Eu, Cortella, sou ambicioso. Quero mais e melhor. Mais e melhor conhecimento, mais e melhor saúde. Mas não quero só para mim e a qualquer custo. A ganância é a desordem da ambição. É quando você entra no distúrbio que é eticamente fraturado. Por isso, é necessário que uma parte dos jovens seja ambiciosa. Um ou outro tem sim essa marca da ganância caso ele seja criado em uma família, estrutura, comunidade, na qual a regra seja a pior de todas: “fazemos qualquer negócio”. E essa regra é deletéria, é malévola aos negócios que, embora possam ser feitos, não devem ser feitos. A ambição é necessária, mas a ganância tem que ser colocada fora do circuito.
E quando você junta ambição e pressa?
Não é algo que traz bons resultados. Uma das coisas boas da vida não é ter pressa, é ser veloz. Se você faz um trabalho apressadamente, você vai ter que fazer de novo. Quando eu vou consultar médico, eu quero velocidade para chegar à consulta, mas eu não quero pressa na consulta. Velocidade resulta de perícia, habilidade, de ser alguém que tem competência no que faz. A pressa resulta da imperícia. Por isso, o desenvolvimento da perícia, habilidade, competência permite que se faça algo velozmente. E se sou veloz, aquilo que resulta da minha ambição pode se transformar no meu êxito. Se sou apenas um apressado, vou ter que lançar mão de trilhas escusas para chegar ao mesmo objetivo – e o nome disso é Lava Jato.
Há um certo profissional que prefere hoje estabilidade e quer seguir uma carreira linear, sem grandes saltos. Mas é visto como um profissional medíocre. Ele está errado?
É um direito que ele tem. Uma pessoa tem direito de fazer essa escolha, mas ela também não pode se lamentar em relação ao resultado que isso traz. Afinal de contas, essa é uma vida morna, sem vibração. Não é uma que eu gostaria de seguir. Mas pode ser feita. Ninguém é obrigado a atuar de um outro modo. Eu acho que escolher essa vida irá beirar, em algum momento, à monotonia e isso gerará tristeza e frustrações.
Essa pessoa não projeta provavelmente as expectativas dela dentro da empresa?
Não, ela apenas vê aquilo ali como emprego. Emprego é fonte de renda e trabalho é fonte de vida. Trabalho dá vitalidade, emprego pode te dar dinheiro. Qual a diferença entre trabalho e emprego? O trabalho você faria até de graça. Há pessoas que encontram no emprego o trabalho que gostariam de ter. Há pessoas que não encontram e são infelizes e outras ficam apenas na rotina do emprego. Não seremos nós a dizer a alguém que ele não pode fazer isso, mas a mediocridade como escolha não deixa de ser mediocridade só porque foi escolhida.
Do mesmo modo, há quem projete todas as expectativas dentro da empresa…
Sim e isso tem piorado muito. Como o ambiente econômico piorou e a vida ficou mais complexa em relação à condição de sobrevivência, muita gente se encontra desmotivada. Ela até faz, mas não queria estar fazendo daquele modo e às vezes nem tem clareza do porquê está fazendo. A empresa precisa entender que necessita criar movimentos de estímulo em relação a essa atividade, promover formação continuada, reconhecimento, tudo aquilo que faz com que a pessoa ganhe energia e receba combustível. Ninguém motiva alguém, o que se pode é estimular. A motivação é movimento interno – mas uma pessoa se encontrará mais motivada se ela for estimulada a fazê-lo. Empresa inteligente faz isso, promove momentos de reconhecimento para que as pessoas se sintam autorais naquilo que fazem, nos quais as pessoas entendam que as empresas se interessam por elas e não somente as usam. Entendam que são um bem, não apenas uma propriedade no sentido maquinário do termo. E quem é cuidado por uma organização também vai querer cuidar dela.
Em uma empresa com hierarquia muito rígida, é muito difícil fazer isso caso a caso, correto?
Se a empresa não tiver isso vai ter que inventar. Se ela é capaz de inventar participações do mercado, novas tecnologias e inovação, ela terá também de buscar inovação na formação de pessoas. Isso dá trabalho, mas é garantia de futuro. Quando a empresa fala que o maior ativo é gente, isso precisa ser demonstrado. Lealdade é reciprocidade. Se eu não percebo lealdade por parte de quem me contrata quanto à minha dedicação… eu preciso ver que a empresa se dedica a mim também. E isso não é com relação ao meu salário, porque eu vou sempre querer que ele seja superior, mas que seja evidente que a empresa consegue cuidar de mim, ajudar a aumentar minha capacidade, competência, não me colocar apenas como um peão de xadrez dentro do tabuleiro. Porque aí uma hora a reciprocidade virá.
No livro, o senhor defende que as empresas devem realizar atividades que façam seus funcionários refletirem sobre o propósito do trabalho que realizam. Por que essa é uma atividade tão rara nas empresas?
Algumas empresas temem que, ao promover essa revisão, a pessoa abandone a companhia. Só que é necessário promover situações, criar ocasiões que levem a refletir sobre a razão de estar ali para que quando a pessoa resolva continuar na empresa, ela fique de modo mais legal, mais persistente e sólido. De nada adianta eu ter um grupo que nem pensa sobre a razão e no primeiro tropeço desiste, enfraquece, perde energia. É uma medida cautelar, é criar ocasiões que façam vir à tona as razões e os senões pelas quais alguém está ali. Assim é possível corrigir e dar maior densidade à razão para que ela continue de uma forma muito mais substantiva. É questão de estratégica, um caminho de perenidade que seja maior do que aquele que traz apenas uma ilusão ou uma simulação de lealdade.
Se você olhar para as organizações que não têm um produto muito mais admirado, como elas podem fazer para atrair e reter talentos em um mundo onde o propósito é mais valorizado?
Há algumas pessoas que não querem mais trabalhar em uma organização que comercializa algo que seja malévolo, menos sedutor, encantador. Isso tem levado as próprias empresas a reorientarem seu modo de atuação. Um dos produtos que hoje está no alvo é o refrigerante, sendo visto como fonte de malefício. Mas as grandes empresas do varejo vêm reordenando a sua atuação nesse campo de maneira a tornar aquele produto como algo que não seja entendido como maléfico. É difícil trabalhar hoje na indústria do tabaco, na indústria armamentista. Mas veja bem, o que é trabalhar na indústria armamentista? É trabalhar naquela que faz míssil ou naquela que faz computador que também é colocado no míssil? Essa inter-relação leva a uma revisão dessas percepções. A empresa não pode ser sedutora apenas na aparência, precisa explicitar os compromissos que tem. É muito mais difícil enganar alguém hoje do que há algumas décadas. A fonte de informação é imediata. Não sou tão iludível quanto era quando era menino. Um jovem de 20 anos tem informações sobre uma organização que não se conseguia tão facilmente antes.
O senhor aponta no livro que o maior descontentamento atual dos funcionários nas empresas não é salarial, mas a falta de reconhecimento. Por que a questão ganhou força nos últimos anos?
Hoje há um anonimato muito forte na produção. Como a gente tem uma estrutura de trabalho em equipe muito grande, o trabalho em equipe quase leva à anulação do reconhecimento do indivíduo. E isso significa que um trabalho em equipe não prescinde da atuação de cada pessoa. É necessário que não se gere anonimato. Eu insisto: reconhecimento não é só pecuniário, financeiro, é autoral. É necessário que a empresa exalte, mostre quem colaborou com aquilo. À medida que você tem reconhecimento, comemoração, celebração, isso dá energia vital para continuar fazendo. Não se entende aquilo como sendo apenas uma tarefa. O reconhecimento ultrapassa a ideia de tarefa. Não sei se seu pai fazia isso, mas chegava em casa com o boletim da escola, altas notas, e ele dizia: “não fez mais que a obrigação” – isto é altamente desestimulador. É preciso reconhecer, dizer que é bacana, comemorar. Aquilo que estimula a continuar naquela rota. Reconhecimento é a principal forma de estímulo que alguém pode ter.
No livro, o senhor também cita a obsessão por “uma tal ideia de felicidade” que acaba levando as pessoas a viverem muito mais a expectativa do que a realização. Por que isto ocorre?
A felicidade não é o lugar onde você chega. A felicidade é uma circunstância que você vivencia no seu dia a dia. Não tem “a felicidade”. Você tem circunstâncias de felicidade, ocasiões, que quando vêm à tona não devem ser deixadas de lado. Ninguém é feliz o tempo todo – isso seria uma forma de idiotia – à medida que a vida tem suas turbulências. Mas quando ela vier, admita a felicidade. Colocar a felicidade só num ponto futuro, inatingível, isso é muito mais resultante de uma dificuldade de lidar com a questão do que concretamente uma busca efetiva. Por isso, sim, a felicidade é uma desejo porque o mundo tecnológico nos colocou em contato com tantas coisas, mas nos deu uma certa marca de solitariedade, de ficar solitário com relação àquilo que se tem, a uma ausência de contato muito forte. Tudo é muito virtual e isso acaba gerando desconforto interno, angústia nas pessoas. E a felicidade é um nome que as pessoas dão para superar essa angústia.
O que é felicidade para o sr?
É a que eu tenho na minha vivência. Quando percebo uma obra feita, uma aula bem dada, um abraço sincero, afeto verdadeiro, conquista merecedora. São meus momentos de felicidade. Não são um lugar onde desejo chegar.
Para John Hagel, da Deloitte, um mundo em constante tranformação pede novas estratégias: pensar a empresa em dois tempos é uma delas
Pensar no curtíssimo e no longo prazo: essa é a principal estratégia que John Hagel, diretor do Center for the Edge, da Deloitte, e consultor de empresas no Vale do Silício, recomenda para que as empresas sobrevivam a um mundo em constante transformação. “Hoje todos nós vivemos sob muita pressão. Em situações como essa, a reação natural dos seres humanos é não pensar a longo prazo”, afirmou ele durante o Singularity Brazil Summit 2019, evento que aconteceu este mês de junho em São Paulo. “Temos que expandir os nossos horizontes.”
Em vez de formular o tradicional plano de cinco anos, diz ele, as empresas hoje devem lidar ao mesmo tempo com duas linhas do tempo. Uma vai de seis a doze meses, e determina os objetivos imediatos, diante do cenário existente hoje. A outra se refere ao que vai acontecer em 10-20 anos, e permite às empresas formular previsões, ações e determinar os recursos que serão necessários a longo prazo. “Trabalhe no curtíssimo e no longo prazo, e esqueça tudo o que está no meio”, diz ele.
John Hagel, consultor de empresas no Vale do Silício. (Foto: Divulgação)
Outra estratégia para lidar com as mudanças é escanear o ecossistema e encontrar parcerias, seja com empresas de grande e médio porte ou startups– ação considerada fundamental para o consultor. “Ao colaborar com outros empreendedores e líderes, você conquista mais rapidamente novas habilidades e expertise que são essenciais para um mundo em revolução”, diz. “Hoje a maioria das empresas disruptivas captam os seus recursos por meio de parcerias.”
Para motivar os colaboradores nesse novo centário, diz Hagel, é preciso focar nas suas paixões. “Hoje as empresas falam em engajamento, mas poucas lembram de falar em paixão.” A paixão a que ele se refere diz respeito ao explorador, que quer enfrentar novos desafios. “A empresa deve tentar acessar essa paixão nos funcionários, e estimulá-los a enfrentar desafios motivadores. Só dessa maneira se engajarão com os projetos “Hoje, a maioria dos profissionais com quem me encontro sente medo. Queremos que eles se sintam esperançosos e motivados”, diz Hagel.
Em um mundo de contante mudança, a figura do líder tem papel fundamental. Segundo Hagel, o líder é aquele que faz as melhores perguntas e admite não ter todas as respostas. “Ele estimula as pessoas a encontrarem suas próprias soluções”, afirma. “Expor suas vulnerabilidades também desperta a confiança dos colegas.”
Nenhuma dessas soluções é simples, diz Hagel. Pesquisa feita pela sua consultoria nos Estados Unidos indicou que 13% dos trabalhadores não sentem paixão pelas suas funções no trabalho. Para o consultor, esse gap representa uma oportunidade de ação. “Precisamos entender as motivações dessas pessoas para alcançar os nossos objetivos”, afirma.
O curso de administração está entre as opções mais amplas do mercado atualmente. Por conta disso, quem se forma nesta graduação consegue trabalhar em diversos setores e também tem o conhecimento necessário para montar o próprio negócio.
Afinal, as empresas precisam de um profissional com formação em administração para trabalhar não só neste ramo, mas nos setores de marketing, recursos humanos (RH), planejamento, financeiro e contabilidade.
Como é a graduação em administração?
Este curso, que normalmente tem duração de quatro anos, é um dos mais versáteis do mercado, porque traz matérias de diferentes áreas.
A grade curricular reúne marketing e comportamento do consumidor, contabilidade, micro e macroeconomia e matemática financeira. Por esse motivo, aproveite todos os conhecimentos das matérias, mesmo que algum tema não agrade tanto.
Principais áreas de atuação
Existem diversas áreas de atuação para graduandos e graduados em Administração, no mercado de trabalho. As principais são:
– Gestão de pessoas: Envolve todos os aspectos relacionados as pessoas, como recrutamento, seleção, capacitação e acompanhamento do desenvolvimento dos funcionários ou colaboradores. É a área da administração responsável por gerar bom entrosamento e motivação entre todos os colaboradores.
– Gestão de materiais e logística: Se preocupa com as matérias primas, insumos e os produtos finais, gerenciando sua movimentação e armazenagem, desde os fornecedores até os clientes finais, garantindo que cada coisa esteja em seu local no momento adequado.
– Produção e operações: Trata do gerenciamento de matérias primas, insumos e quaisquer recursos utilizados pelas organizações para produzir produtos ou oferecer serviços. Avalia a eficiência e eficácia dos processos em busca de melhores produtos e serviços.
– Marketing: É a área que lida com os clientes. Para isso, pesquisa o que as pessoas esperam dos produtos e serviços e quais os seus desejos. Após estas pesquisas o marketing é responsável por ajudar a definir como será o produto/serviço, o preço a ser praticado, os locais de venda e os meios mais efetivos de publicidade.
– Finanças: Atua no gerenciamento dos recursos financeiros, recebimentos, pagamentos e na prestação de contas. Analisa informações e índices para identificar a viabilidade dos negócios e de investimentos.
– Gestão estratégica: Define objetivos e metas, bem como planos para se chegar até lá. Suas análises envolvem o ambiente interno da organização, mas também o externo, que são os mercados, os concorrentes, clientes, etc.
Com estes conhecimentos consolidados o administrador tem ampla área de atuação, seja para atuar em organizações já existentes ou para empreender e criar o próprio negócio.
E, aí, ficou com vontade de ingressar no curso de Administração?
No iCEV, os acadêmicos de Administração têm aulas práticas, que mesclam teoria com empreendedorismo, e ainda criam e/ou desenvolvem o próprio negócio no Laboratório de Práticas Empreendedoras.
Quer inovar junto com a gente? Pois, venha fazer iCEV!
Segundo a pesquisa, 46% dos entrevistados apontam o ano de 2018 como pior para a os negócios. Mas quando o assunto é o futuro, a maioria (67%) tem expectativa positiva e acreditam que 2019 será um ano melhor. Apenas 9,9% estão pessimistas e acham que próximo ano será pior. Os empresários do Norte do país mostraram-se mais otimistas em relação ao próximo ano, se comparados aos entrevistados das demais regiões. A expectativa mais negativa partiu principalmente dos empreendedores com nível de escolaridade alta (superior ou mais), enquanto que a positiva está acentuada entre os com menos estudo (até ensino médio).
Para 29,8% dos entrevistados o problema que mais prejudicou sua empresa em 2018 foi a corrupção, enquanto 19,7% dos empresários se queixaram da taxa de juros e 18,7% apontaram os elevados níveis de desemprego como o vilão para seus negócios.
Os MEI foram os que mais reclamaram da falta de trabalho no setor, enquanto as empresas de pequeno porte (EPP) e microempresas (ME) citaram a corrupção e a recessão como principais problemas. Empresários do sexo masculino e acima dos 35 anos acusaram a corrupção, enquanto a mulheres disseram as altas taxas de juros e o desemprego foram mais prejudiciais para seu empreendimento este ano. E para os mais jovens, a alta taxa de juros foi seu maior problema.
O combate à corrupção, para 39% dos 5.870 empresários entrevistados, principalmente MEI, deve ser a principal preocupação do governo em 2019. Outros 28,4% empreendedores, a maioria EPP e com maior grau de escolaridade, avaliam ser mais importante estimular o crescimento econômico. Já o combate à inflação foi citado por 14,5% dos entrevistados e o corte de gastos por 15,1%.
As eleições deste ano também trouxeram otimismo para 41,8% dos empresários dos pequenos negócios, dos segmentos do Comércio, Indústria e Serviços, que acreditam que o pleito trará grandes mudanças no país. Outros 23,9% avaliam que haverá poucas mudanças e 22,6% não creem em modificações no cenário atual. Os mais pessimistas (27%) são os MEI. O Norte lidera entre os otimistas (49%), seguido pelo Centro-Oeste (45%), Sul (43%), Nordeste (38%) e o Sudeste (37%), região também onde estão aqueles que não vislumbram mudanças relevantes (26%).
As mídias sociais, os influenciadores e as portas abertas para o mundo, fazem com que muitos clientes estejam muito mais críticos e antenados não só ao produto que desejam consumir, mas a tudo o que está relacionado a ele: o que o constrói, o que dá luz, brilho e rótulo a história. Sua visão o leva a patamares muito mais analíticos, mesmo sem perceber, mesmo sem ele se atentar a isso.
Muitos clientes não aceitam mais o simples produto do catálogo, o oferecido cotidianamente. Ele quer e consumirá o produto que lhe parecer superior, que comprovar excelência e personalidade, que se apresentar alinhado aos seus princípios. Aceitará a mesma “receita” de anos, mas só se nesta mesma receita ele sinta que o mesmo produto não tenha só “corpo”, tenha alma, essência e missão.
Hoje, a escolha do cliente evoluiu dos critérios básicos, conhecidos, às novas percepções. A excelência no atendimento, a apresentação impecável do produto, um bom cardápio, a agilidade, os valores justos, uma gestão inovadora e criativa, fazem parte do capítulo nomeado como imprescindível. Um novo cenário se constrói, começando por respostas básicas sobre os diferenciais que dão vida e sentido ao negócio por de traz de um rótulo.
Qual a postura da marca frente a comunidade? Quanto a marca e, consequentemente, o dono desta marca pratica o bem, não só aos seus, mas ao seu entorno, a sua equipe, à natureza, ao meio ambiente? Quanto sustentável a marca se tornou? Quem fala bem desta marca, deste negócio ou produto? Quanto a marca e o dono da marca se apresentam politicamente corretos? Quanto respeitosa ele se apresenta a diversidade, a inclusão, e de que modo se mostra partidária a essa bandeira? Quanto a marca, o produto remete a memórias afetivas, a palavras e cenas de encanto? Quanto adquiri-la se traduz em um melhor estilo de vida? E claro, mais umas dezenas de perguntas, que em milésimo de segundos se transformam em um filminho na mente, e promovem a grande resposta: de quem comprar?
Assim, compramos o sorriso, a paixão, a emoção. Compramos memórias afetivas, respeito, alianças, crença e missão. Compramos tudo de bom que toca o nosso coração em um segundo quando a vontade de comprar surge em nossa mente, seja o que for, do mais complexo ao mais simples, do mais caro ao baratinho. Compramos produtos? Ao meu ver, creio que tudo, menos produtos. Compramos o que nos encanta de verdade, muito além de um rótulo ou um nome. Compramos experiências, o que nos faz sentir melhor e mais feliz!
Então vamos lá filosofar, sentir que por trás da mecânica do ato existe muito mais alma e emoção do que possa se imaginar!
#JuntasSomosMaisFortes, criativas e imbatíveis!
*Por Valéria Vicenti, embaixadora da RME na China.
O discurso, muita empresa parece já saber: é preciso se abrir para o ecossistema, ter maior flexibilidade nos processos, incentivar a cultura do erro (rápido) e trabalhar em colaboração. O que a executiva Glaucia Alves de Costa defende, porém, é que grandes empresas ainda precisam estabelecer processos básicos de inovação antes de conseguirem gerar impactos radicais. Para a diretora de inovação da Deloitte Brasil, muitas empresas ainda veem a inovação “como gasto” e a fazem para gerar marketing ou como “alavanca empresarial”.
“Transformação digital é muito mais sobre implementar uma gestão de mudança do que adquirir tecnologia.” É preciso, segundo Glaucia, desenvolver uma cultura onde as pessoas sejam capazes de inovar, tenham permissão de errar, consigam trabalhar com flexibilidade e sem hierarquia rígida. É essa cultura, defende, que irá gerar o cenário para o surgimento de inovações incrementais (relacionadas a melhorias de processos, serviços ou produtos). Só depois de criá-las, é que a empresa conseguirá ter ferramentas eficazes para inovar de forma mais radical, gerando produtos ou criando novos mercados. “Grandes corporações ainda precisam de processos estruturados para inovarem.”
Em palestra realizada no 3º Fórum de Gestão e Governança da Fundação Dom Cabral (FDC), Glaucia indicou quatro passos para uma empresa criar uma cultura de inovação:
1) Promova o entendimento e colaboração
“Os funcionários precisam entender o porquê precisam mudar a forma de trabalhar. Não dá para esperar que as pessoas que estão acostumadas com o dia a dia da empresa fiquem olhando para o que ocorre fora dela. É preciso criar motivações e mecanismos para que isso ocorra.”
2) Desenvolva talentos e capacidades
“A empresa não pode deixar só para o funcionário a responsabilidade de correr atrás de atualização e novos conhecimentos. Se a empresa se interessa que seus funcionários tenham novas ideias, precisa incentivar isso de alguma forma.”
3) Pratique o Role Modeling
“Cansei de ver organizações falando ‘somos empreendedores’ no mesmo momento em que definia todas as suas metas com objetivos de curto prazo. Assim, todo mundo ficará preocupado em resolver aquilo que é mais urgente.”
4) Crie mecanismos de reforço
“Uma empresa que promove quem não erra, não vai inovar. É preciso que os sistemas formais da organização reforcem o comportamento que a companhia espera de seus funcionários. Ninguém nunca vai deixar de usar um modelo de gestão porque ele se esgotou. Deixamos de usar quando existe algo muito melhor no lugar.”
“Tudo que merece ser feito, merece ser bem feito”, disse Philip Dormer Stanhope, 4º Conde de Chesterfield (estadista britânico do século XVIII). Traduzindo para um estilo mais direto: fazer as coisas direito deveria ser o único jeito de fazer as coisas. Mas, infelizmente, nem todos vivem por esse princípio.
Gestão de Clientes é um conjunto de práticas destinadas a melhorar a relação com os clientes, compreendê-los e oferecer soluções personalizadas. Mais do que isso, é uma estratégia que uma empresa decide assumir e que coloca o cliente no centro da organização. O foco está nele e em como a empresa pode fazer para atendê-lo da melhor maneira.
Essa é a teoria, mas, na prática, a “síndrome de não fazer direito” assola o mercado. Especificamente, muitas empresas investem em tecnologias como CRM para Vendas ou Marketing Digital, mas não fazem a lição de casa para ter o resultado esperado.
Como a Gestão de Clientes deve funcionar
Saber gerir clientes é um dever de pequenas, médias e grandes organizações, até mesmo das startups. Tudo começa por saber quem é o cliente. Diversas informações são oferecidas por consumidores e muitas vezes não são devidamente coletadas pelas empresas. Poucas delas conseguem coletar e organizar dados básicos como nome, endereço, telefone e e-mail.
Além disso, deveriam saber quais são os produtos ou serviços adquiridos por cliente, seus pontos de contato preferidos com a empresa, dúvidas e reclamações, entre outros. Perceba que todas essas informações são individuais. Não são médias, não são “principais”, ou “típicas”, são exclusivas de cada cliente.
E quando uma empresa se propõe a tratar seus clientes de forma personalizada, a partir do conhecimento do histórico de relacionamento e dos feedbacks recebidos, ela precisa de uma boa preparação. “Tratar clientes diferentes de forma diferente” parece óbvio, mas envolve dois grandes desafios para qualquer empresa:
1º: Clientes diferentes? Como assim?
Isso significa classificar os clientes em grupos definidos pela própria empresa, de forma adequada ao seu negócio e mercado. Para chegar nisso, é preciso ter a informação necessária muito bem organizada e em seguida definir os critérios de classificação.
Qualquer pessoa na empresa deve saber responder, preferencialmente de cabeça, “Quem são nossos dez melhores clientes?”. Melhor ainda, deve saber porque são esses dez. E isso – claro – tem de estar alinhado com a estratégia e as metas da empresa. Não conheço muitas organizações onde isso acontece. E você?
2º: Tratar de forma diferente
Sabendo quem são os melhores clientes, quais são os mais promissores (com maior potencial) e porque queremos conquistar e mantê-los, começa o segundo desafio – tratá-los de forma diferente.
Isso não significa discriminar ou se relacionar bem com os melhores clientes e mal com os demais. Toda empresa tem que estar comprometida com a qualidade de sua oferta e com a ética de seus negócios.
Tratar diferente significa conhecer o valor e as necessidades de cada cliente (ou grupo de clientes) e oferecer produtos, serviços e atendimento personalizados. O desafio é ajustar a oferta e o próprio custo de cada interação ao valor atual e o valor que se espera no futuro de cada cliente ou grupo. Isso não acontece ‘como mágica’ depois de instalar um software de CRM ou um novo pacote de Marketing Digital.
Como se preparar
As “novidades” tecnológicas levaram muitas empresas a implementar pacotes de software sem antes fazer um bom planejamento. E essas companhias se veem diante de uma enxurrada de informações e sem saber o que fazer com elas.
Portanto, é essencial que a empresa já tenha seus processos muito bem definidos e uma base sólida antes de adotar novas tecnologias. É necessário, também, definir como os resultados serão mensurados, quais problemas as ferramentas de tecnologia precisarão resolver na empresa e quais nem dependem desses recursos.
Definir estratégia, redesenhar processos e fazer um roadmap para o futuro, incluindo a tecnologia, não precisa ser um exercício demorado. O importante é fazer uma boa preparação para a Gestão de Clientes e ter ciclos rápidos de implementação. Ao final de uma jornada bem-sucedida, sempre ouvimos dos nossos clientes: “investir nessa preparação foi a melhor coisa que a gente fez!”
*Por Fernando Pierry — sócio fundador da PRG BRASIL.
Fonte: administradores.com