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17 set
Descoladas da crise econômica, startups vivem ciclo paralelo de investimentos

Em 2 anos, mais que dobra número de empresas iniciantes no país, financiadas por capital de risco

Enquanto companhias tradicionais postergam investimentos, o mundo das startups mantém o clima de entusiasmo de 2018, quando o Brasil presenciou seus primeiros unicórnios (empresas iniciantes que valem mais de US$ 1 bilhão).

O otimismo não está presente apenas nos discursos motivacionais que costumam caracterizar a nova economia (baseada em serviços e modelos de negócios digitais e distante da indústria pesada), mas em números e perspectivas para que uma fila de galgue ao valor de 99, Gympass, Nubank ou iFood.

Investidores e especialistas desse mercado dividem o Brasil em dois: o dependente da macroeconomia e das incertezas políticas e o que se descola, ao menos em parte, para viver um ciclo paralelo.

“Nunca tivemos tanto dinheiro para startup como hoje” , diz Edson Rigonatti, fundador do Astella Investimentos, de venture capital (capital de risco). Ele ressalta que, além do SoftBank , cuja abertura do fundo de US$ 5 bilhões para a América Latina foi um marco, cresce a quantidade de empreendedores que fundam empresas pela segunda vez. “Saltou o número de empresas que miram Europa, México e Turquia nos últimos 18 meses.”

Desde o boom de startups, há cerca de quatro anos, 2018 e 2019 têm sido considerados especialmente prósperos. Neste ano, foram mais 150 investimentos de venture capital . Somam-se aos 320 de 2018, que movimentaram R$ 5 bilhões, de acordo com a Distrito, empresa de inovação aberta, e a Lavca (associação latino-americana de fundos do tipo).

Em 2017 , o país tinha 5.147 startups, segundo a associação brasileira do setor. Hoje, contabiliza 12.715, das quais 2.800 fundadas em 2019.
“Comparando com os EUA, o Brasil vive algo semelhante ao momento prébolha da internet, de 2001. Não em relação à bolha, mas ao tipo de investidor, de níveis de valoração e de maturidade das empresas” , diz Humberto Matsuda, coordenador na Abvcap (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital).

Em 2 anos, mais que dobra número de empresas iniciantes no país, financiadas por capital de risco

 

Segundo ele, a presença de alguns fundos diminuiu, mas a solidez das startups cresceu de forma robusta. Outro fenômeno que mede a temperatura do setor é a recente disseminação de eventos de empreendedorismo fora do eixo Rio-São Paulo. Além de áreas maduras para a inovação, como Recife (PE) e Florianópolis (SC), cidades do interior de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul têm promovido encontros com a promessa de novos polos —são os estados com maior participação de startup, ao lado de Rio e São Paulo.

As grandes empresas buscam se vincular à pesquisa acadêmica e às soluções que nascem dessas regiões. Santa Rita do Sapucaí, cidade de 40 mil habitantes que sediou até este domingo (8) o evento Hacktown, foi o local escolhido pela TIM para testes de 5G, tecnologia alvo de disputa global e que gera uma corrida no país com a proximidade do leilão da Anatel em 2020.

Com dinheiro de outras companhias, como Google e Xiaomi, a cidade bucólica virou cenário para discussão sobre inovação (e para a geração Z pintar o rosto com neon em festa matinal de ioga).

“Há otimismo nesse setor porque o que acontece no mundo é irreversível e o investidor sabe disso, vê oportunidade” , afirmou Leonardo Capdeville, chefe de tecnologia da TIM, no evento.
“O mercado reconhece o valor da TIM como R$ 600 por cliente. Nas fintechs, o mercado vê de R$ 4.000 a R$ 10 mil por cliente” , compara.

Para ficarem menos sujeitas à inércia econômica, as maiores empresas do país se engajaram nesse movimento na última década. Além de todo o setor financeiro, que apesar da concentração acompanha o crescimento exponencial do Nubank, grupos como Raízen, Pão de Açúcar, Votorantim e Magazine Luiza investem em startups ou braços próprios de tecnologia.

“Há três anos, a gente falava ‘olha o que está acontecendo’ , e as empresas entendiam que era o futuro, não o presente. Hoje se sentem tranquilas para fazer uma transição”, diz Pedro Englert, presidente da Startse, de educação corporativa.

“Quem pode afirmar que o modelo de supermercado, da forma que é hoje, vai ser assim em 15 anos?” , questiona, referindo-se às mudanças geradas por aplicativos de entrega e outras tecnologias.

Apesar da fase promissora, analistas lembram que a classe de ativos globais para startups tem um ciclo próprio e que suas mudanças têm o poder de afetar as empresas diretamente, assim como a alta das commodities impacta a “velha economia”.

 

Publicado por Folha de São Paulo 

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