fbpx

19 mar
Indicadores no Day Trade, como utilizar?

Escola de negócios e gestão

Ao utilizar um indicador no gráfico, se pergunte: como ele me ajudará a tomar decisões? Se você não sabe ao certo como aquele indicador pode te ajudar, de nada adianta tê-lo no gráfico

Sempre que vemos a foto de um trader, ele está em frente a muitos monitores, olhando vários gráficos e informações para tomar suas decisões. Hoje, contamos com a ajuda de diversos indicadores, que, a partir de cálculos sobre o preço, volume ou outros dados, conseguem indicar uma possível direção do mercado.

Para isso, o trader deve conhecer o mercado em que atua e as ferramentas de análise disponíveis.

Ter indicadores é muito bom, eu mesma utilizo médias móveis no meu operacional para tomar decisões na hora de comprar ou vender um ativo. Contudo, quando era iniciante, me senti perdida!

A verdade é que existem muitos indicadores. Quando somos iniciantes, não sabemos qual utilizar e acabamos com o gráfico cheio deles, o que acaba nos atrapalhando. Não conseguimos ganhar dinheiro dessa forma.

Ao utilizar um indicador no gráfico, se pergunte: como ele me ajudará a tomar decisões? Se você não sabe ao certo como aquele indicador pode te ajudar, de nada adianta tê-lo no gráfico.

Outro ponto importante é entender como o indicador funciona. Isso não quer dizer que você precisa entender cálculos complexos. Afinal, os indicadores já entregam o resultado pronto. Mas é necessário saber como interpretar os resultados para que eles te ajudem a ter uma decisão assertiva.

Para quem realiza day trade, ter poucos indicadores é o mais recomendado. Em operações rápidas, por exemplo, ter muitos indicadores atrapalha na tomada de decisão – não há tempo de analisar todos rapidamente para fazer nossas operações.

Outro erro muito comum que vejo em traders iniciantes (e que eu já cometi) é utilizar muitos indicadores com o mesmo propósito.

Por exemplo, utilizar o indicador de médias móveis, que é um indicador de tendência, e o HiLo, que também é um indicador de tendência, pode deixar o trader confuso. Por isso, é importante entender qual o indicador é mais indicado para seu operacional.

No entanto, o que nos leva a utilizar muitos indicadores quando somos iniciantes é o fato de não sabermos o que estamos fazendo. Tudo que ouvimos dos outros sobre indicadores nos faz querer colocá-los no gráfico e utilizar.

Queremos ter certeza que vai dar tudo certo. Nosso cérebro quer buscar a certeza e acreditamos que os indicadores vão nos trazer essa certeza. Mas a verdade é que os indicadores também falham. Temos que aprender a assumir os riscos a cada operação realizada.

Com o tempo, passei a entender que menos é mais: o simples funciona! Você não precisa de várias telas, nem de muitos indicadores.

Um day trader precisa de agilidade para executar suas ações, tem que pensar rápido, pois o mercado muda a todo momento, não há tempo para avaliar todos os indicadores. Hoje, utilizo apenas duas médias móveis para o meu operacional.

Existem também estratégias de operações que não utilizam indicadores. Mas, hoje, a maioria dos traders utiliza algum indicador para tornar sua estratégia mais assertiva. Ao utilizar indicadores para day trade em suas operações, os traders conseguem se aproximar dos resultados esperados.

Quando iniciamos, é importante testar todos os indicadores e conhecê-los o máximo possível. Porém, o mais importante é avaliar se os resultados estão acontecendo e se a sua gestão de risco está adequada.

Não existe melhor indicador. Existe aquele que é ideal para seu operacional, que te ajuda a tomar decisões e, na maior parte das operações, te traga lucro.
Os indicadores nos fornecem informações sobre como fluem os preços. Sendo assim, ele só vai te indicar algo depois que o preço já se formou. Logo, os indicadores também podem ser um pouco tardios em relação a um movimento que já aconteceu.

Mesmo assim, indicadores são uma das ferramentas mais utilizadas no day trade ou até mesmo em operações de longo prazo. Existe facilidade em acessar plataformas que ofereçam uma variedade de indicadores.

Deixo aqui uma lista com os três principais indicadores que acho que todo trader deveria conhecer:

1. Médias Móveis

É um indicador de tendência que vai atualizando os preços conforme o mercado vai se movendo durante o dia. É simples e muito utilizado!

2. Bandas de Bollinger

As bandas avaliam se o preço do momento está próximo ou distante do seu desvio-padrão. Como o mercado tende a fazer correções, nos aproveitamos desse comportamento para fazer operações (esse foi o primeiro indicador que utilizei).

3. MACD

Ele analisa as disparidades entre duas médias móveis exponenciais, ou seja, a divergência de preço. Seu uso também facilita a percepção de tendências e, com isso, ampara as decisões de compra e venda.

Publicado por InfoMoney

15 mar
Muito além da GameStop: saiba onde investir no mercado de jogos

Escola de tecnologia aplicada

O segmento que deve gerar US$ 180 bilhões em 2021, segundo dados da consultoria NewZoo, está se afastando cada vez mais das mídias físicas

A escalada de preços das ações da varejista GameStop em Wall Street pouco tem a ver com o crescimento do mercado de jogos. Na verdade, o segmento deve gerar US$ 180 bilhões em 2021, segundo dados da consultoria NewZoo, e está se afastando cada vez mais das mídias físicas.

Um relatório assinado por Breno Bonani, analista de investimentos da Avenue Securities, mostra que o setor, que já vale mais que as indústrias de cinema e música juntas, terá avenidas de crescimento cada vez mais “digitais”. Não só no desenvolvimento dos jogos em si, mas em toda a cadeia de distribuição.

Antes de listar estes caminhos e os papéis que podem se beneficiar com isso, no entanto, vale contextualizar o momento da indústria. 2020 foi um ano duplamente positivo para os games, a começar pela pandemia do novo coronavírus. Com mais pessoas ficando em casa, a procura por entretenimento decolou.

Coincidentemente, o aumento da demanda veio no ano de lançamento de uma nova geração de consoles. Sony e Microsoft, que batalham arduamente por cada ponto percentual deste mercado, disponibilizaram ao público em novembro o PlayStation 5 e o Xbox Series X, respectivamente.

Resultado: os dois produtos sumiram das prateleiras logo após o lançamento e até o momento a demanda supera a oferta. Até o Switch, da japonesa Nintendo, que foi lançado em 2017, se aproxima da marca de 70 milhões de consoles vendidos — recorde de venda.

Isso sem falar dos jogos em si e dos periféricos (teclado, fone, mouse). Nessa linha, confira três possíveis motores de crescimento do setor, que pode gerar US$ 200 bilhões em 2023, segundo a NewZoo. Confira.

Game Pass

Os gamers têm se afastado das mídias físicas. Tirando os saudosistas e colecionadores que preferem ter a caixinha de cada jogo, os games atuais costumam ser baixados no próprio console. Mais do que isso, o mercado parece estar caminhando, assim como no cinema e na música, para um esquema de assinatura.

“A digitalização reduz muito os custos das companhias com produção, com plástico”, diz Bonani, da Avenue. “Ao mesmo tempo, é mais fácil alcançar um número maior de pessoas através de plataformas online, por isso acreditamos que essas assinaturas devem crescer muito nos próximos anos.”

Neste segmento, o produto mais avançado é o Xbox Game Pass, da Microsoft, que já possui quase 20 milhões de usuários. Por R$ 30 mensais, a plataforma dá acesso a mais de 100 jogos no console ou no computador. Para ter acesso às duas opções, o assinante desembolsa R$ 45.

Já o Google criou o Stadia, enquanto a Apple criou o Arcade para brigar neste mesmo mercado. As próprias desenvolvedoras também estão entrando na parada, como a Epic que criou uma assinatura para jogadores ávidos de Fortnite.

Mobile

Outro ponto importantíssimo no mercado de games é o crescimento da fatia do mobile — que nada mais é do que jogos no celular. Os jovens aderiram aos games no smartphone seja por não terem acesso a um console ou computador de qualidade, seja pela qualidade dos produtos ali disponíveis.

A receita, nesse caso, vem de microtransações. É que os jogos para celular costumam ser gratuitos para baixar e jogar, mas boa parte dos títulos permite que o usuário compre itens cosméticos (para mudar a aparência do jogo) ou que auxiliam de alguma forma a performance do gamer.

Para se ter ideia da magnitude das cifras, a expectativa é que em 2021 os jogos para mobile ultrapassem US$ 120 bilhões em receita, o que representa mais de 60% do faturamento total do setor de games.

Bonani explica que as empresas podem avançar ainda mais conforme promovam um intercâmbio entre plataformas. O objetivo final é que o mesmo título possa ser jogado no computador, no celular e no console, com usuários dos três modais interagindo dentro dos servidores.

“O jogo Genshin Impact, lançado pela chinesa miHoYo em setembro de 2020, quebrou essa barreira”, afirma. “Ele já nasceu disponível em todas as plataformas, modelo que deve ser consagrado devido ao conforto que propicia. Já vemos outros grandes títulos, como PUBG e Call of Duty, aderindo ao mobile.”

Mercado asiático

O governo chinês passou a exigir uma licença formal, chamada de ISBN, para que as desenvolvedoras possam vender seus títulos nas lojas de aplicativos.

“A legislação matou os estúdios menores e obrigou os grandes a apontar para lançamentos globais, não somente jogos rápidos de qualidade inferior. Isso fez com que cerca de 20% dos 100 títulos de maior bilheteria dos EUA em 2020 fossem da China, número que deve continuar crescendo.”

Além de dificultar a vida dos estúdios pequenos, a ISBN atrasa a liberação de jogos no mercado chinês, que é o maior do mundo.

Empresas para investir

A lista elaborada pelo analista é focada em produtos disponíveis em Wall Street, mas também é possível investir em alguns dos papéis no Brasil, por meio de BDRs.

Estúdios americanos

Take-Two (TTWO; BDR T1TW34), Activision (ATVI; BDR ATVI34), EA (EA) e Zynga (ZNGA). Os três primeiros são os três maiores players do setor, desenvolvedores de GTA, Call of Duty e Fifa, respectivamente. Já o Zynga vem avançando no segmento mobile e tem no Farmville um dos seus jogos de maior sucesso.

Estúdios asiáticos

Gravity (GRVY), Sea (SE), Bilibili (BILI). As campeãs de valorização em 2020, avançando 417%, 380% e 408% no ano, respectivamente. Têm crescido por saber aproveitar o mercado mobilie e crescer em regiões populosas do mundo, como o Sudeste Asiático e a América Latina. O Free Fire, jogo mais jogado no Brasil, é da Sea.

Desenvolvedoras de placas gráficas

NVIDIA (NVDA; BDR NVDC34), AMD (AMD). O analista enxerga essas duas empresas com maior upside no setor de placas gráficas, vital para o mercado gamer. Para Bonani, a Intel tem tido problemas para acompanhar os avanços das concorrentes, apesar de ainda ser líder em market share.

Motor de jogos

Unity (U). Com IPO recente, a companhia é uma opção de investimento no nicho de motor de jogos, ou seja, empresas que criam plataformas para que outras companhias desenvolvam games dentro desse universo.

12 mar
10 coisas que aprendi escrevendo a dissertação do mestrado – Por Nazareno Rêis

iCEV

 

 

Enquanto escrevia a minha dissertação de mestrado, felizmente defendida e aprovada, confirmei algumas suspeitas. Não apenas sobre o tema objeto da minha pesquisa, mas também sobre coisas importantes a respeito do ato de escrever.

Tomei nota de algumas dessas coisas:

 

1 – O tema da pesquisa é sempre muito maior do que pensamos inicialmente

Os gregos antigos imaginavam que o sol era do tamanho de um pé humano. Hoje sabemos que ele é mais de 100 mil vezes maior que a Terra. O que mudou de lá para cá? A quantidade de pesquisa e conhecimento acumulada, é claro. Guardadas as proporções, é mais ou menos isso que acontece com quem se propõe a escrever uma dissertação de mestrado.

 

Frequentemente subestimamos aquilo que não conhecemos bem, outras vezes nos perdemos em sonhos ou ideias difusas e muito abstratas, quando contemplamos algo com atenção. É bom sonhar, mas a ciência e a pesquisa não casam bem com abordagens oníricas.

 

Carlos Salas, um mestre da boa escrita, disse que o cérebro é um animal dentro de outro animal, e que é preciso domá-lo, se quisermos fazer ele trabalhar para nós em algo concreto. A pesquisa é um processo de investigação externa, mas também de domesticação dos impulsos internos da nossa mente, em busca de uma visão equilibrada do mundo.

 

Li em algum lugar que Eça de Queirós teria dito que as páginas mais bem escritas em língua portuguesa seriam aquelas do capítulo sete de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, quando Machado de Assis descreve um delírio do protagonista. “Mutatis mutandis”, é a descrição de um mestrando contemplando seu tema.

 

Primeiro, Brás se transforma num gordo barbeiro chinês; depois, ele vira um livro hirsuto; e, finalmente, volta à sua forma humana, agora montado num hipopótamo que regressa ao começo dos tempos e vai galopando com Brás no lombo rumo ao futuro, passando pelo Éden e outras paragens, conversando com a Natureza em pessoa, até chegar no século final, quando o hipopótamo na verdade se revela como Sultão, o gato de estimação de Brás, brincando com uma bola de papel.

 

Assim também acontece com o tema de pesquisa: primeiro temos uma visão fantástica dele, que nos leva a lugares fabulosos e a soluções rápidas e extraordinárias; à medida que avançamos no processo de filtragem, começamos a perceber as suas formas mais prosaicas e, quando finalmente estamos diante do problema de pesquisa, que é o tema em carne e osso, vemos que o factível está muito aquém do sonho, porém é muito mais palpável. O problema de pesquisa é o gato Sultão brincando com a bola de papel.

 

2- Conhecer a fundo o tema é fundamental

Catão disse: “rem tene, verba sequentur”. Ou seja, tenha a coisa e a palavra se seguirá naturalmente. A dissertação não é um texto ficcional (pelo menos, não deve ser). Assim, não é dado ao autor muita margem para invenção.

 

A maior parte do tempo, ele deve regurgitar as suas leituras, embora isso deva ter um quê de originalidade. Conhecer o tema previamente e de modo seguro é fundamental para que a escrita tenha fluência e sinceridade. Quando tentei escrever alguns capítulos sem ter lido bem os assuntos, surpreendi-me inventando coisas, fantasiando e tentando encaixar frases que me pareciam mais imprescindíveis do que a verdade. Logo apaguei tudo e voltei à leitura.

 

Percebi que não estava preparado para escrever sobre aquilo. O pior é que isso acontece com indesejável assiduidade. Basta baixar um pouco a guarda e a Quimera se senta ao lado. A melhor forma de evitar isso é manter-se em contato cerrado com boas leituras, fazer-se acompanhar dos que já se ocuparam eficazmente do tema de interesse.

 

3 – É bom ter pessoas para conversar sobre o texto

 

É estranho pensar o seguinte: ninguém jamais viu diretamente o próprio rosto, nem ouviu a própria voz à distância. Claro, podemos dizer que já nos vimos no espelho ou alguma superfície polida qualquer; ou que já ouvimos uma gravação da nossa própria voz. Isso pode ser verdade, mas prova apenas que vimos ou ouvimos um registro externo da nossa imagem e da nossa voz.

 

Isso é outra coisa, somos seres relacionais. Precisamos do outro para sermos quem somos e nos compreendermos. A linguagem, ela mesma, é um tabuleiro de símbolos em que cada lance só faz sentido se houver um interlocutor para apreciá-lo e respondê-lo com outro lance apropriado. A execução da escrita, em grande medida, apresenta-se como um monólogo imerso em uma confusa polifonia; à nossa cabeça vêm, nessa hora, intuições mais ou menos inexplicáveis, memórias de leituras anteriores e de conversas sobre o tema, clichês que nos obsedam há anos, enfim o fluxo de consciência em toda a sua riqueza e ambiguidade.

 

Ao trocarmos ideias com um interlocutor qualificado — pode ser o(a) orientador(a), um(a) colega, ou outro alguém capaz — temos oportunidade de refinar ideias próprias, que nos ocorrem de modo aparentemente inextricável. Eventualmente, isso é tão bom que, apenas no esforço para explicarmos uma passagem do texto que estamos escrevendo, nós mesmos constatamos imediatamente algumas inconsistências ou obscuridades que precisam de correção. Ou seja, o outro é o espelho de que precisamos para nos vermos.

4 – A rotina leva à inspiração

 

Um pequeno progresso é um progresso. Não dá para escrever um texto de aproximadamente cem páginas, com qualidade, em apenas poucos dias. A ideia de que a dissertação decorre de uma gestação longa com um parto rápido é muito atraente, mas dificilmente realizável.

 

Na prática, a escrita de uma dissertação se parece mais com o gotejamento de uma nascente do que com uma borrasca no meio da noite. A questão da página em branco já foi resolvida por Hemingway. Ele disse que contra ela só há um remédio: começar a escrever. Simples, porém, difícil. Mas é isso mesmo. Ninguém pode escrever um trabalho, medíocre ou brilhante, se não começar, e se não continuar até o fim. A disciplina é inspiradora.

 

 

5 – Convém respeitar o leitor e estabelecer um vínculo honesto com ele

 

A escrita é uma forma de comunicação interpessoal. Uma das mais importantes, por sinal. Mas, por alguma razão, ela não é compreendida assim à primeira vista, e não é raro que seja usada como instrumento de tortura do leitor (e não me parece uma boa ideia torturar a Banca). Ninguém levaria a sério alguém que, numa conversa, começasse a falar coisas sem sentido ou totalmente fora de propósito (e, pior, não parasse de falar). Mas, na escrita, talvez por falta do item 3 (acima), pode-se acreditar que é possível essa viagem psicodélica em prejuízo do coitado do leitor.

 

Se não nos policiarmos rigidamente, começamos a escrever coisas completamente despropositadas apenas para preencher os espaços em branco da tela e avolumar o trabalho final. É preciso sempre voltar ao texto, relê-lo com cuidado e se colocar no lugar do leitor, para expurgar essas alucinações importunas. Fazendo isso, muitas vezes percebemos que castigo imerecido estávamos impondo ao benevolente indivíduo que se dispôs a ler o nosso trabalho. Em outras palavras, para bem escrever, é preciso deixar de escrever ou apagar muita coisa.

 

 

6 – A dissertação lembra um conto ou uma novela, nunca um romance

 

A informação hoje não é matéria escassa. Pelo contrário, há informação demais disponível para o pesquisador — especialmente em ciências sociais —, quando se faz um recenseamento bibliográfico. Por isso, é preciso não escrever demais, nem falar de coisas impertinentes. Uma dissertação de mestrado, como ensinam os metodologistas, deve concentrar-se em apenas um problema central, embora circundado por subproblemas.

 

Abrir muitas frentes de trabalhos pode ser um erro terrível — que infelizmente quase todos cometemos, e cujo remédio é a releitura e o enxugamento. O que mais se deve evitar é lançar questões para os quais ou não haverá solução no texto, ou, se houver, será pobre demais. Assim, o melhor é evitar referências que não levarão a lugar algum — confesso que não consegui seguir à risca essa verdade. Tchekhov, o mestre da narrativa curta, disse que “se uma espingarda aparece num conto, ela tem que disparar”.

 

Isso também ocorre com a dissertação. Cada elemento que aparece no texto deve ser funcional.  Desde as palavras utilizadas, às frases, aos períodos, aos parágrafos, aos itens, até aos capítulos, tudo deve estar numa boa harmonia, colaborando para a solução do problema de pesquisa. Se uma passagem do texto nos soa esquipática, provavelmente é mesmo.

 

7 – A intertextualidade é o meio ambiente da pesquisa em direito

 

Cada texto que escrevemos é uma releitura da realidade, iluminada pelos textos com os quais tivemos contato anterior. A originalidade total não existe. Particularmente no campo do direito, a pesquisa é muito dependente de textos. Embora haja amplas possibilidades de pesquisa jurídicas diretas sobre a realidade, com dados, números, estatísticas e até experimentos, a verdade é que nossa academia ainda é profundamente dominada pela cultura da pesquisa bibliográfica e da escrita intertextual.

 

Logo, é muito importante ler bons textos para produzir bons textos. Afinal, a escrita é, em grande medida, a imitação do que se leu. A escolha correta das leituras, com a ajuda do orientador, é fundamental. Por um lado, isso evita leituras desnecessárias e, por outro, constitui a comunidade de ideias da qual queremos fazer parte.

 

8 – Um lugar para escrever é indispensável

 

“Grandes coisas acontecem quando o homem e a montanha se encontram”, essa frase, de William Blake, é tão boa que se tornou lugar-comum, e não raro a ouvimos até em filmes de comédia. O que Blake quis dizer foi que a paz das montanhas oferece ao sujeito a atmosfera necessária para pensar densamente em coisas grandes, para além do ramerrão.

 

De fato, a Bíblia é cheia de passagens em que inspirações, visões, conversas diretas com Deus ocorreram no cume de algumas montanhas (Tabor, Horebe, Sinai, Carmelo, Oliveiras, etc.). O pensamento pagão também compartilha da ideia de que a montanha é inspiradora. Basta pensar no Monte Parnaso. Mas não é preciso subir uma montanha para encontrar um lugar inspirador.

 

Felizmente, com as tecnologias que temos hoje, dá para transformar o quarto de um apartamento num ambiente estimulante para o pensamento. Cada um saberá como fazer isso. Eu, particularmente, gosto de que seja algo próximo à Natureza e que tenha uma mesa cheia de papel e canetas. Seja como for, o importante é que o espaço da escrita seja bem delimitado do resto da vida diária.

 

9 – Escrevemos enquanto dormimos

 

Realmente não sabemos nada sobre como o nosso cérebro trabalha. É um estranho que habita em nós e, no entanto, é também o responsável por quem somos. O certo é que ele não segue um padrão celetista de horário de trabalho.

 

Qualquer pessoa que esteja lendo e pensando fixamente sobre um problema certamente tem um caso para contar sobre lampejos que surgiram “do nada” e que pareciam muito interessantes para se perderem. Isso acontece, suponho, porque o cérebro é caprichoso e se parece com aqueles heróis aposentados de filme de ação, que apenas se dispõem a voltar ao trabalho depois de muita insistência da frágil vítima que dele precisa. Mas quando voltam … vêm com tudo.

 

Durante o sono, muitos insights acabam ocorrendo e alguns deles permanecem em nossa memória tão logo acordamos. Nem tudo é brilhante, claro, mas muitas coisas dessas reminiscências do sono podem ser aproveitadas. Para isso, é muito importante também ter um caderno de notas, de modo a poder anotar essas ideias tão logo surjam, porque elas são muito fugazes.

 

10 – Tudo é história

 

Ninguém ainda inventou uma forma melhor de comunicação de um tema do que a narrativa, ou “contação” de história (storytelling). Em português não temos bem estabelecida a diferença de vocábulos para designar uma narrativa real e outra fictícia. É verdade que Câmara Cascudo defendeu o uso da distinção entre “história” e “estória”, como no inglês history/story, mas isso não é sempre praticado.

 

O certo é que mesmo a narrativa de um fato real, que deve ser o caso de uma pesquisa científica, pode se beneficiar dos recursos técnicos e estilísticos da boa literatura de ficção. Não é porque se trata de uma pesquisa que a escrita precisa ser aborrecida. Acho até que, pelo contrário, não deve ser.

 

Além disso, a situação daquele que está escrevendo uma dissertação lembra bastante a de um romancista, embora naturalmente haja diferenças de método, de propósitos e de limites para ambas as tarefas. Para tornar a produção da dissertação um trabalho prazeroso e entregar ao leitor algo bem legível, não vejo por que não se possa empregar, de forma prudente, algumas estratégias de storytelling.

 

Creio que isso melhora muito o clima da escrita e da leitura. Por fim, embora não tenha escrito um romance, durante todo o trabalho me lembrei muito da lição de E. L. Doctorow: “Escrever um romance é como dirigir um carro à noite. Você só consegue enxergar até onde a luz dos faróis alcança, mas pode fazer a viagem inteira assim”.

 

11 mar
Imposto de Renda 2021: regras são divulgadas pela Receita Federal

Escola de negócios e gestão

A Receita Federal divulgou as principais informações da declaração do Imposto de Renda 2021 — como o piso de rendimentos para declarar, as faixas de renda e alíquotas e o prazo para declaração, entre outras informações relevantes. Veja, a seguir, quais são elas.

Novas regras para o Imposto de Renda 2021

As principais mudanças na declaração do IR 2020 é em relação ao auxílio emergencial. Segundo a Receita Federal, todos os valores recebidos do auxílio emergencial são rendimentos tributáveis e devem ser declarados no Imposto de Renda, na ficha Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica.

Além disso, os beneficiários do auxílio que receberam, no ano, mais de R$ 22.847,76 em rendimentos tributáveis em 2020 terão que devolver o auxílio emergencial ao governo. As informações de como devolver foram disponibilizadas em um novo site.

Este artigo será atualizado com mais novidades divulgadas pela Receita Federal.

Quem precisa declarar o IR em 2021?

Para 2021, a declaração do Imposto de Renda é obrigatória para os brasileiros que tiveram, em 2020, mais de R$ 28.559,70 em rendimentos tributáveis — salários, férias, horas extras, pensões, benefícios do INSS, entre outros rendimentos. Quem recebeu menos que isso está isento de declarar o IR.  Em 2020, o piso de rendimentos também era de R$ 28.559,70.

Além disso, também precisa declarar o IR 2021 quem:

  • Obteve receita bruta superior a R$ 142.798,50 com atividade rural;
  • Recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, superiores a R$ 40.000;
  • Obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas;
  • Teve, em 31 de dezembro, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais);

Faixas de renda e alíquotas do IR 2021

As faixas de renda que determinam qual alíquota será aplicada sobre os rendimentos tributáveis para cada pessoa não mudou neste ano.

Veja, a seguir, a nova tabela de faixas de renda:

Base de cálculo Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)
Até R$ 22.847,76 Isento R$ 0,00
De R$ 22.847,77 até R$ 33.919,80 7,5% R$ 1.713,58
De R$ 33.919,81 até R$ 45.012,60 15% R$ 4.257,57
De R$ 45.012,61 até R$55.976,16 22,5% R$ 7.633,51
Acima de R$ 55.976,16 27,5% R$ 10.432,32

Entenda como a tabela do IRPF funciona e cada informação dela aqui.

Prazo para declaração do IR 2021

Em 2021, a declaração do IRPF deverá ser feita entre 1o de março e 30 de abril de 2021 — como nos anos anteriores, são dois meses para acertar as suas contas com a Receita Federal, entre março e abril.

Vale lembrar que, neste ponto, 2020 foi um ano atípico: por conta da pandemia do Covid-19, o prazo foi estendido até o mês de junho.

Lotes da restituição do Imposto de Renda 2021

Neste ano, o cronograma de restituição do IR foi antecipado, tal como no ano passado — serão cinco lotes pagos entre maio e setembro. Veja o cronograma completo de pagamentos.

No total, serão 5 lotes. Eles são pagos de acordo com a data de entrega da declaração. Ou seja: quanto antes for entregue a declaração, antes é paga a restituição — exceto algumas categorias que têm prioridade legal: contribuintes com 60 anos ou mais, com prioridade especial aos maiores de 80 anos; portadores de deficiência física ou moléstia grave e contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério.

 

Publicado por Blog Nubank

05 mar
Impossibilidade de requisição administrativa de bens públicos destinados à saúde

Escola de direito aplicado

Constituição prevê condomínio legislativo e administrativo em matéria de saúde

Imagem: Agência Brasil

A requisição administrativa é importante instrumento à disposição do Poder Público para a salvaguarda de interesses sociais ameaçados por situações de perigo atual ou iminente. Trata-se de medida excepcional, pela qual o Estado utiliza compulsoriamente bens e/ou serviços de terceiros para que possa responder prontamente à situação de emergência que esteja a colocar em risco interesse público de especial relevância.

Nesse sentido se insere a disposição do artigo 3º, VII, da Lei nº 13.979/2020, que prevê, como alternativa de ação a ser adotada pelas autoridades estatais no enfrentamento da crise de saúde pública causada pelo novo coronavírus, a possibilidade de “requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas, hipótese em que será garantido o pagamento posterior de indenização justa”.

De fato, no cenário emergencial vivenciado no país em decorrência da COVID-19, a requisição administrativa se apresenta muitas vezes como mecanismo imprescindível para garantir o regular e eficaz atendimento à crescente demanda por produtos e serviços médico-hospitalares decorrente da disseminação da doença no território nacional. Nesse contexto, caso necessário para a adequada proteção da vida e saúde da população, pode o Estado requisitar medicamentos, insumos terapêuticos, equipamentos médicos, espaços e até serviços hospitalares, com posterior pagamento de justa indenização aos prejudicados.

Questão importante acerca da requisição administrativa para fins de enfrentamento às dificuldades causadas pela COVID-19 consiste em saber se o ato requisitório poderia recair sobre bens públicos. A indagação é pertinente em razão de serem os entes públicos titulares de grande parte dos materiais e serviços de saúde no Brasil, os quais estariam sujeitos à requisição se admitida a incidência da medida sobre eles. Dessa observação se percebe a relevância prática da questão, que inclusive já se manifestou em casos recentes de requisições formalizadas pela União que acabaram atingindo bens pertencentes a Estados-membros, embora não tenham sido especificamente contra eles direcionadas.

Examinado sistematicamente o arcabouço normativo da Constituição Federal, em especial a própria formatação constitucional do instituto da requisição, aliado à ótica do federalismo cooperativo e repartição de competências na área de saúde pública, extrai-se a conclusão de que, em regra, a requisição prevista no artigo 3º, VII, da Lei nº 13.979/2020 não pode incidir sobre bens e serviços públicos.

A requisição administrativa é instituto que encontra fundamento de validade na Constituição da República, especificamente no artigo 5º, XXV, segundo o qual “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”. Esse é o desenho fundamental da figura da requisição administrativa no Direito brasileiro, cuja essência há de ser observada pela normatização infraconstitucional que também disponha sobre o tema.

O mencionado preceito constitucional indica expressamente a natureza do bem sobre o qual pode recair a requisição administrativa: propriedade particular. Portanto, o texto constitucional alça à condição de pressuposto de legitimidade da requisição a natureza privada do bem requisitado.

Dessa forma, por explícita disposição constitucional, a requisição administrativa só pode incidir sobre bens particulares, estando os bens públicos – ou afetados à destinação pública – excluídos da sujeição à ordem requisitória emanada de ente estatal.

Apenas excepcionalmente, em contexto de declarado estado de defesa (artigo 136, §1º, II) ou estado de sítio (artigo 139, VII), é que a Constituição admite que a requisição possa abranger bens públicos, uma vez que inexiste, nos dispositivos constitucionais que tratam da requisição nas hipóteses de estado de exceção, a limitação da incidência do instituto à “propriedade particular” constante no artigo 5º, XXV.

A limitação constitucional quanto à incidência da requisição administrativa apenas sobre bens particulares visa essencialmente resguardar a autonomia dos entes federados, impedindo que eles possam avançar sobre bens e serviços uns dos outros, situação que poderia ocasionar conflitos insolúveis e abalar a harmonia do sistema federativo brasileiro.

Importante realçar que, embora a requisição administrativa esteja prevista também em diplomas normativos infraconstitucionais nos quais não há expressa menção à natureza privada dos bens requisitados (como ocorre no já mencionado artigo 3º, VII, da Lei n.º 13.979/2020),  certo é que tais dispositivos devem ser interpretados e aplicados em consonância com a previsão do artigo 5º, XXV, da Constituição Federal, base normativa acerca do instituto da requisição administrativa e que afasta a possibilidade de sua incidência sobre bens públicos, ao menos fora das circunstâncias de estado de defesa ou de sítio.

Além de derivar dos próprios contornos constitucionais do instituto, a impossibilidade de incidência da requisição administrativa sobre bens públicos afetados à prestação de serviços na área de saúde decorre também da arquitetura do federalismo brasileiro, especialmente do aspecto relacionado à divisão de competência entre os entes federados.

A Constituição da República dispõe competir à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre proteção e defesa da saúde (artigo 24, XII, CF), bem como cuidar da saúde e assistência pública (artigo 23, II, CF). Os artigos 196 e seguintes da Lei Maior também estabelecem competir ao Estado (nos seus diversos níveis federativos) o desempenho de programas e ações de saúde, direito fundamental de toda a população.

A Carta Magna prevê, assim, um condomínio legislativo e administrativo em matéria de saúde, impondo a todos os entes federativos a responsabilidade de promover ações de saúde no âmbito de suas capacidades e competências.

Especificamente quanto às ações de saúde relacionadas ao combate à pandemia do novo coronavírus, o Supremo Tribunal Federal já assentou, por diversas vezes e com eloquência, o caráter concorrente das atribuições e responsabilidades da União, Estados, Distrito Federal e Municípios relativamente à adoção das providências necessárias ao enfrentamento da emergência de saúde que grassa no país desde meados de março de 2020.

Dessa forma, constituindo dever da União, Estados, Distrito Federal e Municípios prestar serviços de saúde à população, de forma conjunta e colaborativa, especialmente no atual cenário de crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, afigura-se imprescindível manter em poder daqueles entes todos os bens e serviços de que disponham para o exercício regular e eficiente de sua missão constitucional. Daí porque incabível a formalização de requisição administrativa de bens públicos destinados à prestação dos serviços de saúde, sob pena de embaraçar o desempenho de competência constitucional dos diversos entes que compõem a Federação brasileira.

Admitir a possibilidade de requisição administrativa de bens e serviços públicos para o enfrentamento de problemas relacionados à crise sanitária que vigora no país implicaria, por outro lado, em impedir o pleno exercício das competências em matéria de saúde do ente afetado, em evidente abalo ao sistema federativo brasileiro.

Nessa linha de raciocínio, o Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de se manifestar acerca da impossibilidade de requisição administrativa de bens públicos ainda no ano de 2005, quando concedeu a ordem no mandado de segurança nº 25.295/DF, impedindo a União de requisitar bens e serviços do Município do Rio de Janeiro afetados à prestação de serviços de saúde.

Particularmente no atual contexto de enfrentamento da situação de emergência causada pela COVID-19, a Suprema Corte também reconheceu a impossibilidade de que requisições formalizadas pela União alcançassem bens e insumos adquiridos por Estados a fim de serem empregados na execução de políticas públicas de saúde para fazer frente à crise sanitária.

Trata-se de posição que há de continuar sendo reverberada com energia pelo Supremo Tribunal Federal, em estrito respeito à Constituição da República e à ideia de federalismo cooperativo nela plasmado, “exigindo que entre os entes federados ocorra a prevalência de soluções consensuais e informadas pela maximização do bem-estar da sociedade, não sendo legítima uma disputa autofágica entre diferentes esferas públicas em detrimento do cidadão[2].

 

Publicado por JOTA

 

26 fev
Reconhecimento internacional! Artigo do professor Luciano será publicado no maior evento internacional de Engenharia de Software do mundo

Escola de tecnologia aplicada

E dá-lhe professor fazendo bonito internacionalmente! Luciano Aguiar teve seu artigo aprovado na maior conferência internacional de Engenharia de Software do mundo, a “43rd International Conference on Software Engineering”! A 43º Edição do evento será realizada em Madri e possui o Qualis A1, que é a maior nota dada a um congresso pelo sistema de avaliação brasileiro.

 

O prof. Luciano, do nosso curso de Engenharia de Software, está no doutorado. Por isso, submeter sua pesquisa nesses congressos é importante para receber avaliações e orientações de grandes pesquisadores internacionais.

 

O evento internacional possui várias trilhas, o artigo do prof. Luciano será publicado no Simpósio Doutoral, no qual os alunos de Doutorado submetem o seu Plano de Tese, o Plano de Tese é o Planejamento de como ocorrerá toda a pesquisa durante o doutorado.

 

“A proposal to systematize introducing DevOps into the software development process”

 

O artigo, “Uma proposta de Sistemização da Introdução do DevOps no processo de desenvolvimento de software”, aborda sobre como a indústria de desenvolvimento de software vem evoluindo com novos padrões de desenvolvimento e modelos de disponibilização de serviços.

 

Metodologias ágeis atingiram sua completude com DevOps, aumentando a qualidade do software e criando uma celeridade maior na entrega. Todavia, uma lacuna quanto à formalização de sua adoção e dúvidas de implantação tornaram-se relevantes.

 

A hipótese levantada no artigo é que a partir da sistematização da introdução do DevOps no processo de desenvolvimento de software e delimitação da função dos membros da equipe DevOps, torne o processo mais célere na sua implantação, reduzindo conflitos entre as equipes.

 

Como parte da investigação dessa hipótese, será aplicado o resultado da pesquisa em ambientes de desenvolvimento prático que será em uma Agência de Tecnologia do Estado do Governo Brasileiro e na Empresa também Brasileira Neurotech a fim de avaliar sua eficácia a partir de métricas adequadas para ambientes DevOps.

 

Veja mais em  https://conf.researchr.org/profile/icse-2021/lucianoaguiarmonteiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

19 fev
Os novos, e muito bem remunerados, cargos em Tecnologia em 2021

Escola de tecnologia aplicada

Ao longo de 2021 as empresas irão investir ainda mais em dois segmentos da área de Tecnologia: Dados e Desenvolvimento de Softwares.

A principal razão para isso é a procura das companhias por se tornarem cada vez mais “Data Driven”, ou seja, à partir de dados sobre o comportamento de seus clientes ou potenciais clientes, possam ser capazes de tomar as melhores decisões de negócio e, assim, obter uma vantagem competitiva frente aos seus competidores.

Funções que há poucos anos não existiam hoje são muito valorizadas. Por exemplo, a média mensal de um profissional Sênior da área de Dados está entre R$13.000 e R$17.000.

Como destaque, é possível citar o Engenheiro de Dados, um o profissional responsável pela organização e criação de pipelines de transformação de dados. E o Cientista de Dados o profissional que fica responsável pela análise, produção de insights e construção de Dashboards para a tomada de decisões.

Como a área de Dados ainda é uma área relativamente nova em grande parte das empresas é esperado que surjam novos cargos como, por exemplo, o Engenheiro de Machine Learning.

Este profissional possui um perfil bastante técnico de engenheiro de software mas com conhecimento especializado de Machine Learning.  É uma função que está na intersecção entre a engenharia de software e a ciência de dados e é responsável por desenvolver e aplicar modelos para o “aprendizado das máquinas” e assim automatizar diversos processos importantes. A robotização de processos e funções que se tornará cada vez mais comuns no nosso dia a dia.

Como efeito do fenômeno de “oferta X demanda” a busca por esse profissional vem aumentando e não há ainda uma grande oferta de profissionais com esta especialização. Por isso os salários tenderão a ficar bastante inflacionados.

A área de Desenvolvimento de Software vem crescendo há alguns anos e os salários vem acompanhando este movimento. A média mensal de um Desenvolvedor Sênior é entre R$12.000 e R$14.000 CLT, dependendo do nível de experiência.

Os cargos que continuarão em alta demanda são:

  • Desenvolvedor Back End Java,
  • C#
  • Python
  • Desenvolvedor Front End (Angular e React)
  • DevOps

‘’Mas há também a perspectiva de surgirem novas demandas por linguagens de programação mais voltadas a Dados (como R e Python) e também linguagens mais novas como Golang (linguagem de programação criada pelo Google). Assim, independentemente do cenário econômico geral, as novas aplicações, tecnologias e modelos de negócio continuarão a impulsionar o surgimento de novas funções altamente especializadas e muito bem remuneradas na área de Tecnologia.’’ Comenta e finaliza Tatiana Chebat, consultora Sênior de Tecnologia da Robert Walters.

Publicado por Penso Tecnologia 

16 fev
O caso que virou Wall Street do avesso

Escola de negócios e gestão

Se você acompanha o mundo das finanças, talvez tenha se deparado nas últimas duas semanas com o caso da GameStop – uma loja de jogos americana que virou personagem principal em uma espécie de guerra na bolsa de valores americana.

No meio do economiquês e dos termos super técnicos do mercado de ações, muita gente até ouviu falar desse caso, mas não entendeu totalmente o que aconteceu.

A gente explica em português claro a seguir.

 

Era uma vez uma empresa chamada GameStop

Ela era uma loja de videogames muito famosa nos anos 90. Com o avanço do mercado online, no entanto, acabou ficando pra trás. Nos últimos anos, vinha registrando prejuízo e anunciou o fechamento de várias lojas físicas.

Só que, do nada, o preço das suas ações começou a aumentar. E não foi pouco: só em janeiro, foi mais de 1500% de valorização. As ações da GameStop saltaram de cerca de 19 dólares pra quase 400 dólares.

Daí você pode estar pensando: “Ah, essa empresa deve ter feito um anúncio grande, mudou o negócio, fez o mercado ficar otimista”.

A resposta é não. Essa valorização insana da GameStop aconteceu sem que ela tenha feito nenhum movimento específico – ela foi arquitetada por um grupo de investidores dentro de um fórum online que resolveu apostar na direção contrária de alguns fundos bilionários.

O que aconteceu, exatamente?

Para entender essa história, é preciso saber que existem duas principais formas de negociar ativos na Bolsa. Elas se chamam long e short.

  • Operar em long é quando você compra uma ação apostando que ela vai subir. Ou seja, você compra por um preço e pretende vender por um preço mais alto. Outro termo pra isso é “operar comprado”.
  • Operar em short é justamente o contrário: você negocia uma ação apostando que ela vai cair. Isso também é chamado de “operar vendido”.

O primeiro caso é fácil de entender. Mas o segundo é um pouco mais complicado. Afinal, por que alguém negociaria uma ação apostando que ela vai se desvalorizar?

Basicamente, essas ações em short estão sendo alugadas. Um fundo pega ações emprestadas de outros investidores. Esse fundo vende essas ações pelo preço de hoje, já planejando comprar novamente no futuro por mais barato e devolver pro dono original. Os fundos que fazem previsões de que essas ações vão cair e que eles poderão lucrar se operarem elas em short.

E a GameStop nisso tudo? Lembra que ela vinha tendo resultados fracos já há algum tempo? Isso a tornou um dos alvos favoritos dos fundos pra operar em short. De forma simples, alguns fundos tinham ações da GameStop aos montes nessa situação de “aluguel”. Como a empresa andava mal das pernas, a expectativa é que as ações iam cair e os fundos lucrariam.

Nisso entram aqueles investidores que resolveram subverter o sistema. Eles se organizaram dentro de uma comunidade do Reddit, um dos maiores fóruns online do mundo, pra comprar em massa as ações da GameStop.

O que aconteceu foi o efeito clássico da oferta e demanda. Quando muita gente começa a comprar um produto (nesse caso, as ações da GameStop), o preço sobe. E todos aqueles fundos que apostavam na queda passaram a ver sinais de prejuízo – afinal, se as ações se valorizam, eles se tornam obrigados a comprá-las por mais caro do que haviam vendido.

A partir disso, começou uma espécie de bola de neve. Alguns fundos começaram a recomprar as ações antes que elas subissem ainda mais, o caso ganhou atenção da mídia e os papéis da GameStop dispararam. Muitos investidores que tinham alugado suas ações para os fundos pediram elas de volta, obrigando quem estava em posição vendida a recomprar os ativos muito mais caros.

Esse fenômeno todo tem um nome: short squeeze. Esse é o nome que se dá quando uma empresa com muitas ações shorteadas começa a se valorizar. Basicamente, a aposta dos fundos sai pela culatra e eles são obrigados a assumir o prejuízo.

Tem ainda mais um fator pra complicar a história. Pelas regras da bolsa americana, os fundos que estavam operando essas ações em short precisavam ter uma espécie de garantia proporcional ao valor das ações. Como o preço disparou, os fundos foram obrigados a desembolsar mais dinheiro pra essa garantia. Segundo a S3, uma empresa de análises, as perdas chegaram à marca de US$ 20 bilhões.

Quais são as consequências disso tudo?

A resposta mais simples é que ainda é cedo pra dizer. Esse caso fascinou muita gente. Tem algo de romântico na ideia de pessoas comuns que se uniram para apostar contra fundos bilionários.

Só que nem tudo são flores. O fato é que não só os fundos perderam dinheiro: as ações da GameStop caíram depois da alta e, nessa “brincadeira”, ja começaram a surgir relatos nos Estados Unidos de pequenos investidores que perderam muito dinheiro.

Ou seja: antes de achar que é a sua oportunidade de entrar numa dessas e sair milionário, pense muito bem: bolsa de valores é coisa séria e as pessoas ganham, mas também perdem muito dinheiro. Investir com cautela e ir aprendendo com o tempo é muito melhor do que fazer apostas arriscadas.

E agora? Pode ser que os fundos precisem modificar a estratégia que usam no mercado. Pode ser que tudo volte ao normal. Mas o caso da GameStop deve entrar para a história como uma das situações mais inusitadas que a bolsa já viveu.

 

Publicado por: Blog Nubank

08 fev
Tudo sobre o vazamento de dados de 223 milhões de brasileiros

Escola de direito aplicado

Um vazamento gigantesco de um banco de dados nacional expôs informações confidenciais de 223 milhões de brasileiros, conforme revelou o dfndr lab da empresa de cibersegurança PSafe.

Apontado como o maior vazamento de dados da história do Brasil, o caso deixou muitas pessoas assustadas, devido à quantidade de informações que ficaram expostas, facilitando a aplicação de golpes e fraudes.

O vazamento incluiu CPFs de pessoas falecidas.

Quais dados foram vazados?

Inicialmente, foi relatado o vazamento de 223 milhões de CPFs, incluindo nome, sexo, data de nascimento e outras informações. Posteriormente, a empresa anunciou uma segunda divulgação indevida, desta vez muito mais completa.

Além dos dados citados acima, as duas exposições revelaram:

  • Endereços
  • Números de telefones
  • Dados de veículos (placa, número de chassi etc)
  • Informações sobre CNPJs (razão social, nome fantasia e data de fundação)
  • Detalhes sobre Imposto de Renda
  • Fotos de rosto
  • Benefícios do INSS
  • Informações de servidores públicos
  • Escolaridade
  • Cadastros do LinkedIn
  • Dados financeiros (score de crédito, cheques sem fundo e renda, entre outros)

De onde eles foram retirados e como?

Por enquanto, há apenas suspeitas de onde esses dados teriam sido roubados. Uma das possibilidades apontadas é a de que as informações pertenciam à Serasa Experian, mas a empresa negou que o seu sistema tenha sido invadido.

Também existe a chance de que o gigantesco banco de dados tenha sido formado reunindo informações de vazamentos anteriores, incluindo acessos indevidos aos sistemas de empresas e órgãos públicos.

Devido à falta de detalhes sobre a origem dos dados, ainda não se sabe como aconteceu a ação do(s) hacker(s).

E os responsáveis pela ação?

Segundo a companhia que identificou o vazamento, as bases foram postadas por um cibercriminoso em um fórum online. Além da lista de CPFs disponibilizada gratuitamente, ele vendia o pacote de informações mais completo.

Informações financeiras também foram expostas.

O número de CPFs vazados é maior que o de habitantes. Por quê?

De acordo com o IBGE, o Brasil tem uma população estimada em 212,6 milhões de habitantes, atualmente. Já a quantidade de dados vazados indicou a exposição dos documentos de 223 milhões de pessoas.

A explicação para essa diferença é simples: foram incluídos dados de pessoas falecidas.

Quais os riscos para a população?

Diversos tipos de golpes podem ser aplicados com os dados roubados. Cometer crimes se passando por outra pessoa, abrir conta em banco, realizar saque indevido do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e se inscrever em programas sociais usando documentos falsos são algumas das possibilidades.

Os criminosos também podem usar os dados para fazer cobranças falsas, por exemplo, se passando por bancos, financeiras, prestadoras de serviços e até mesmo o governo.

O que eu poderia ter feito para proteger minhas informações?

Com relação a este megavazamento, as pessoas atingidas não podiam fazer nada para evitá-lo, pois a responsabilidade de proteger os dados é de quem os recebe (empresas, governo, redes sociais etc).

Mas você pode diminuir os riscos tendo o cuidado de evitar informar dados pessoais a sites não confiáveis.

Em ações como esta, o internauta não tem o que fazer para se proteger.

 

Publicado por Techtudo

29 jan
Como a eleição na Câmara afeta a reforma tributária

Escola de direito aplicado

O MINISTRO DA ECONOMIA, PAULO GUEDES

A eleição de um novo presidente na Câmara dos Deputados, em 1º de fevereiro, pode impactar a reforma tributária que vem sendo debatida no Congresso. A depender de quem vença a disputa interna entre os parlamentares — o candidato Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo governo Jair Bolsonaro, ou seu principal adversário, Baleia Rossi (MDB-SP) —, as mudanças na cobrança de taxas, contribuições e impostos no Brasil tendem a ser diferentes, segundo especialistas ouvidos pelo Nexo.

Há três projetos principais de reforma tributária em tramitação no Congresso. Um deles é de autoria do governo Bolsonaro. Outros dois são de autoria dos próprios parlamentares, um deles elaborado na Câmara e outro no Senado.

3 propostas
DO GOVERNO

O projeto de lei enviado pelo ministro Paulo Guedes à Câmara em julho de 2020 acaba com o PIS (Programa de Integração Social) e com o Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) para criar a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), com alíquota de 12%. A ideia é enviar novas mudanças, numa espécie de reforma fatiada. Está nos planos de Guedes desonerar a folha salarial e criar uma nova CPMF para compensar a redução na arrecadação dos encargos trabalhistas.

DA CÂMARA

Na Câmara, tramita desde 2019 a PEC 45, de autoria do Baleia Rossi, que prevê a união de cinco tributos (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) num único imposto, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). Por se tratar de uma PEC (Porposta de Emenda à Constituição), sua aprovação é mais complicada do que a proposta do governo. A PEC 45 é defendida pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apoia a eleição de Rossi.

NO SENADO

No Senado, tramita desde 2019 a PEC 110, que também prevê a criação do IBS, mas com a extinção de nove impostos (IPI, IOF, PIS/Pasesp, Cofins, Salário-Educação, Cide-Combustíveis, ICMS e ISS) e a criação de um Imposto Seletivo sobre, por exemplo, cigarros.

As declarações públicas sobre as propostas
No fim de 2020, Maia disse que a Câmara teria 320 votos (de um mínimo de 308) para aprovar a PEC 45, num aceno de que a reforma tributária teria mais chance de passar com a eleição do seu candidato, Baleia Rossi, na disputa entre deputados. “No modelo brasileiro, o presidente da Câmara não é apenas quem pauta as matérias. Tem papel decisivo na formação da maioria e exerce influência sobre a pauta”, disse Maia ao Jornal da Câmara.

O governo Bolsonaro, por sua vez, aposta que uma vitória de Arthur Lira pode impulsionar o projeto do Ministério da Economia. “Se não é possível caminhar assim [com a aprovação do projeto de lei do governo], eu prefiro esperar. Essa [PEC 45] não é a nossa reforma tributária, a gente espera mais um pouco”, disse Guedes no fim de 2020. Para ele, a PEC 45, já analisada pela comissão mista do Congresso, é incompatível com a proposta do governo, que pretende no futuro apresentar mais um projeto com a desoneração da folha de pagamentos mediante a criação de um tributo sobre transações digitais.

Até o momento, nenhum dos textos das principais reformas tributárias no Congresso passaram pelos plenários da Câmara ou do Senado — os senadores também vão escolher o presidente da Casa em 1º de fevereiro.

A disputa entre os entes federativos
Para Bruno Carazza, professor de Direito e Economia IBMEC e Fundação Dom Cabral, a reforma tributária, seja qual for o modelo adotado, sempre traz disputas envolvendo estados e municípios, o que dificulta sua aprovação. “Tem que ser uma coisa muito cuidadosa porque, quando a gente fala em mudança de impostos, sempre terão ganhadores e perdedores — os perdedores conseguem pressionar o Congresso para que a reforma não avance”, disse ao Nexo.

“No caso da reforma tributária que estamos discutindo atualmente, a PEC 45, de Baleia Rossi, que tem uma regra de transição mais longa [para as mudanças] e cria um fundo em que estados e municípios perdedores serão recompensados ao longo do tempo, a vitória dele aumenta a chance de uma reforma avançar”, afirmou Carazza.

“O Planalto aposta em Arthur Lira porque Guedes tem uma outra visão a respeito da reforma tributária. Então, é provável que, no caso de uma vitória de Lira, o projeto que está na Câmara seja preterido e volte a discussão pela volta da CPMF”, disse o professor.

A disputa entre indústria e serviços
No âmbito dos setores econômicos, Carazza observou que existe conflito de interesses entre as áreas de serviço e indústria. “Essa questão entre Lira e Baleia esconde uma outra disputa, que a meu ver é mais pesada: a disputa entre os setores da economia”, afirmou.

Segundo Carazza, a PEC 45 nivela a alíquota dos impostos para todos os setores. “Hoje, na economia brasileira, a indústria paga mais impostos do que o setor de serviços. Se nivelar, como a proposta de Baleia Rossi prevê, a carga tributária da indústria vai cair e a de serviços vai subir, então o setor de serviços está se mobilizando no Congresso para barrar a agenda do Baleia Rossi”, afirmou.

“O setor de serviços apoia a proposta de Guedes, que desonera a folha de pagamentos”, disse Carazza. “Se Baleia Rossi vencer, ele vai favorecer o projeto dele, mas temos que ver como será essa resistência dos deputados influenciados pelo setor de serviços”, completou.

A nova CPMF como entrave
A proposta de Guedes de criar uma nova CPMF sobre transações financeiras digitais sofre forte resistência no Congresso. E mesmo o presidente Jair Bolsonaro já prometeu publicamente que não ressuscitaria o tributo extinto em 2007 pelos parlamentares, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Para Breno Vasconcelos, professor de direito tributário do Insper, as experiências de imposto sobre transações financeiras mostram que, a longo prazo, o tributo não resolve a questão da arrecadação.

“A CPMF é um tributo que, num primeiro momento, tem um potencial de arrecadação muito grande — é fácil de ser criado e cobrado, então tem essa vantagem de gerar receitas rapidamente. Agora, com o tempo, as empresas e as famílias aprendem a evitá-lo. Então, ele distorce o sistema e acaba reincidindo sobre quem tem menos”, afirmou o professor do Insper.

“A experiência internacional mostra que todos os países que adotaram tributação sobre operações financeiras nos anos 1990 voltaram pra trás, por gerar muitos efeitos negativos na economia”, completou Vasconcelos..

A urgência da reforma tributária
O Brasil é um país com sistema tributário extremamente complexo, com muitas legislações cruzadas sobre o tema, federais, estaduais e municipais. É país em que os impostos também são regressivos. Isso quer dizer que seu pagamento pesa mais para a população mais pobre do que para a população mais rica.

Vasconcelos disse que a aprovação de uma reforma tributária no Brasil é urgente, independente do modelo que seja adotado. “Não sei se vai ter condições do ponto de vista político para levar adiante a reforma, mas sei que existe um clima no Brasil de consenso sobre a necessidade de promovermos uma reforma”, afirmou.

Publicado por: NEXO Jornal

07 jan
Situações da prática do crime de evasão de divisas por meio de criptoativos

Escola de direito aplicado

A transferência de criptoativos e sua conversão em moeda estrangeira para depósito no exterior

Foto: Pixabay

Os criptoativos são um fenômeno surgido a partir do lançamento do bitcoin em 2008, no contexto da grave crise financeira mundial que se iniciou com a quebra de grandes bancos nos Estados Unidos, deixando claro que o sistema bancário não era digno de toda a confiança que julgava ostentar. Assim, o bitcoin foi a primeira tecnologia exitosa em alcançar a transferência de valores diretamente entre as partes, sem a necessidade da intervenção de um terceiro que as legitimasse.

Antes do bitcoin, as tentativas de desenvolvimento de tecnologias de transferência de valores diretamente entre as partes fracassaram em razão da falta de solução do problema de se assegurar a autenticidade das operações sem a presença desse terceiro, o que foi resolvido a partir da engenhosidade conhecida como blockchain e nada mais é do que o uso combinado de (1) criptografia para conferir a autenticidade dos usuários e (2) do incentivo da mineração, que é a contraprestação paga aos pontos do sistema que mantém uma cópia integral do livro-caixa com a integralidade das transações (chamado de bitcoin core).

Dessa forma, quando um usuário dá a ordem de transferência de determinado valor de bitcoin para outro usuário, indicando o número da carteira do destinatário (wallet)[1], esse comando lança um desafio matemático cuja solução tem quatro principais consequências: (1) a efetiva transferência do valor da carteira do remetente à do destinatário; (2) o acréscimo de um novo um bloco (block) ao livro-caixa (bitcoin core), cujas cópias estão armazenadas nos múltiplos computadores que sustentam a rede desse sistema distribuído; (3) o titular do computador que resolveu o desafio matemático é retribuído com valores em bitcoin, o que é conhecido como mineração; (4) todos os outros computadores que armazenam o livro-caixa (bitcoin core) acrescem à sua respectiva cópia essa nova operação, esse novo bloco (block).

Pelo que cada uma das transações que vão sendo solucionadas pelos computadores representam um novo bloco (block) nessa corrente (chain), que é a sequência integral das transações realizadas no sistema bitcoin. Por esse motivo a denominação blockchain.

Feita essa sucinta análise do funcionamento do bitcoin, o pioneiro dos criptoativos, a partir do qual foram desenvolvidas as outras tecnologias, passemos a discutir a prática do crime de evasão de divisas, na forma do art. 22, caput e parágrafo único da Lei nº 7.492/86:

Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País:

Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente.

Segundo lição de Leandro Bastos Nunes[2], o bem jurídico tutelado pela referida norma penal é a preservação das reservas cambiais. Dessa forma, se busca a manutenção de valores no plano interno, de modo a prestigiar a economia nacional, já que um dos grandes riscos à economia de qualquer país é a fuga de capitais para o exterior, o que demonstra a falta de confiança na economia local, sendo um presságio de grave crise econômica.

Do ponto de vista da ciência econômica, uma moeda se presta a servir como: (1) reserva de valor, (2) meio de pagamento e (3) unidade de conta. No entanto, nenhum desses atributos são plenamente cumpridos pelos criptoativos, o que impede seu reconhecimento como tal[3]. Além disso, criptoativos não são emitidos pelos Estados, de modo que não são moeda também no plano jurídico. Dessa sorte, o Bacen editou o Comunicado nº 31.379, de novembro de 2017, no qual informa que o conceito de moeda eletrônica, prevista na Lei nº 12.685/2013, não se confunde com moeda virtual (criptoativo).

No entanto, tal como proposto desde o nascedouro do bitcoin, os criptoativos servem como instrumentos de transferência de valores, com alcance global, podendo ser rápida e facilmente convertidos em moeda soberana por meio das exchanges.

Exchanges são instituições que atuam como corretoras virtuais, permitindo a conversão de moeda soberana em criptoativos e vice-versa. Seu funcionamento é muito parecido com o das instituições que prestam serviços de compra e venda de renda variável no mercado financeiro. A pessoa interessada em operar criptoativos registra uma conta pessoal na exchange, a partir do que lhe será possível realizar transferências de moeda soberana, mediante instrumento bancário ou cartão de crédito, por exemplo. Uma vez depositados os valores em moeda soberana em sua conta pessoal, é possível ao usuário comprar e vender os criptoativos oferecidos pela instituição. As exchanges oferecem basicamente dois serviços, compra e venda de criptoativos e a custódia desses valores em carteiras (wallets) a ela vinculadas.

Assim, por exemplo, se utilizando de uma exchange domiciliada no Brasil, um usuário promove a conversão de R$ 2 milhões em bitcoin. Em momento posterior, por meio de uma outra exchange, domiciliada no exterior, esse mesmo usuário faz a operação inversa, e vende seus bitcoins, recebendo em moeda soberana local, ilustrativamente, euro. Na sequência, ele transfere seus euros para uma conta que possui em uma instituição bancária no estrangeiro, sem comunicar as autoridades brasileiras.

Todos os atos descritos podem ser praticados em poucos minutos, pela mesma pessoa, de qualquer ponto do planeta com conexão à internet. No caso narrado, houve a conversão de moeda nacional em estrangeira, com sua remessa para fora do país. É inegável que foi realizada operação de câmbio não autorizada, configurando o crime do caput do art. 22 da Lei nº 7.492/86, conforme já reconhecido pelo STJ (CC 161.123, Rel. Sebastião Reis Junior, 3ª Seção, DJE 05.12.2018).

No entanto, situação diferente é a do parágrafo único do art. 22 da Lei nº 7.492/86, onde não há operação de câmbio para a remessa de moeda para o exterior.

Leandro Bastos Nunes, no trabalho anteriormente mencionado, acertadamente, traça paralelos da utilização do bitcoin como meio para a prática da evasão de divisas, com os casos do emprego de “dólar-cabo” para o mesmo fim ilícito, cuja tipicidade penal foi reconhecida pelo STF (Ação Penal 470):

(…) a materialização do delito de evasão de divisas prescinde da saída física de moeda do território nacional. Por conseguinte, mesmo aceitando-se a alegação de que os depósitos em conta no exterior teriam sido feitos mediante as chamadas operações “dólar-cabo”, aquele que efetua pagamento em reais no Brasil, com o objetivo de disponibilizar, através do outro que recebeu tal pagamento, o respectivo montante em moeda estrangeira no exterior, também incorre no ilícito de evasão de divisas. Caracterização do crime previsto no art. 22, parágrafo único, primeira parte, da Lei 7.492/1986, que tipifica a conduta daquele que, “a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior” – destacamos. (STF, Tribunal Pleno, Rel. Joaquim Barbosa, j. 17/12/2002)

Dessa forma, retomando o exemplo trazido anteriormente neste trabalho, caso o usuário, após comprar bitcoin com reais e os transferir para uma exchange estrangeira, se utilize dos serviços desta instituição para conversão do criptoativo em moeda estrangeira, ainda que, posteriormente, não venha a movimentar esses valores em moeda estrangeira para uma instituição bancária no exterior, v.g., caso mantenha os valores em euro na conta vinculada à exchange estrangeira, em não tendo sido comunicada essa operação à Receita Federal (o que se exige, ainda, por força do art. 6º, II, a, da Instrução Normativa nº 1.888/2019 da Receita Federal), há o crime de evasão de divisas da parte final do parágrafo único, a depender do valor mantido em depósito, na medida em que houve a disponibilização, no estrangeiro (na exchange estrangeira), de valor em moeda estrangeira.

No entanto, caso não tenha ocorrido a conversão dos valores de criptoativo em moeda estrangeira, ainda que mantido o depósito dos criptoativos na exchange estrangeira, em razão de os criptoativos não serem moeda ou divisa, a conduta é atípica.

Veja-se que nesta situação estarão depositados na carteira (wallet), mantida junto à exchange estrangeira, valores em criptoativo e não em moeda estrangeira.

Por fim, pontuamos que discordamos da expressão “bitcoin-cabo” cunhada pelo mencionado autor, por se mostrar tecnicamente imprópria, já que a operação de “dólar-cabo” exige a presença dos doleiros como peças centrais que registram e compensam as operações de transferência de valores, ainda que não haja a movimentação física do dinheiro. Por sua vez, o bitcoin, como tratado anteriormente, permite que as movimentações sejam feitas diretamente entre as partes, dispensando a intervenção de qualquer terceiro. Desse modo, tal como trazido no exemplo, uma única pessoa, usando os serviços de uma exchange no exterior, pode praticar o crime em análise.

Em conclusão, a transferência de criptoativos e sua conversão em moeda estrangeira, seguida de movimentação desses valores para depósito em banco no exterior, sem comunicação às autoridades competentes, a depender do valor, configura o crime previsto no caput do art. 22 da Lei nº 7.492/86, já que nesse caso os criptoativos são utilizados como meios de transferência de valores, servindo para a prática de operação cambial irregular com o fim de promover evasão de divisas do país. Entretanto, para a tipificação da figura assemelhada, prevista na parte final do parágrafo único do referido excerto normativo, é preciso verificar se houve ou não a conversão do criptoativo em moeda estrangeira pela exchange no exterior, ainda que não tenha havido a movimentação desses valores para o sistema bancário estrangeiro. Em caso positivo, se aperfeiçoou a figura delituosa; em caso negativo, o fato é atípico.


Publicado por JOTA

06 jan
Inovação: 9 tendências para 2021

Escola de negócios e gestão

#1: Cocriação e Colaboração

A cocriação é a prática de empresas que buscam a inovação por meio do engajamento e da participação de pessoas, através de construções coletivas de soluções.

No mundo atual, a preocupação de entender o público alvo e fornecer soluções adequadas trouxe o cliente para o centro do planejamento, de modo que ele é atuante nos processos de inovação.

Isso faz da cocriação uma forma de encontrar novas soluções por meio da inteligência coletiva, trazendo benefícios para todas as partes envolvidas no processo.

#2: Valorização da empatia

A crise econômica e social da pandemia do Covid-19 provocou uma reflexão na sociedade, já que diversas pessoas adaptaram seu estilo de vida para essa nova realidade.

Por isso, este é o momento em que muitas empresas mostram empatia pelo consumidor. A ideia é que as marcas sejam ativas em proporcionar momentos de felicidade e tenham compromissos sociais com o bem estar dos clientes.

Por exemplo, a vinícola Rosé All Day, na França, realizou uma campanha para presentear um casal com uma lua de mel dos sonhos no ano que vem. Esse tipo de iniciativa traz à tona um maior humanismo e solidariedade das empresas com o próximo.

#3: Experiência do Cliente

A tendência é que as marcas procurem oportunidades para incluir práticas agradáveis aos seus produtos, serviços e campanhas. O objetivo é proporcionar níveis de satisfação mais saudáveis e felizes entre os clientes, proporcionando a aproximação com a empresa.

Por exemplo, a pizzaria Domino’s usou drones para entregar descontos de pizza em apartamentos de São Paulo, trazendo uma experiência criativa para se comunicar com o público durante o isolamento social.

Dessa forma, o encantamento durante a jornada do cliente se tornou um diferencial extremamente competitivo nos dias atuais.

#4: Novos Hábitos de Saúde


O mundo precisou se adaptar rapidamente para conter o coronavírus, sendo assim o isolamento social foi ampliado e as pessoas se preocuparam mais com a saúde mental e física.

Devido à essa mudança, surgiu a importância de alterar velhos hábitos e introduzir práticas cotidianas que proporcionam maior higiene e segurança.

Nesse momento, a população está procurando fortalecer o sistema imunológico através da alimentação saudável, exercícios físicos regulares e práticas de autoconhecimento, como meditação e terapia.

#5: Meio Ambiente e Tecnologia verde

O desenvolvimento sustentável do planeta sempre foi pauta em relevantes discussões, e no mundo do “novo normal”, todos os setores estão atentos às novas transformações que otimizam resultados e garantem  manutenção da natureza.

Muitas empresas estão adaptando sua postura, como a Natura que conquistou grande visibilidade com esse propósito de fornecer produtos sustentáveis ao mercado brasileiro, além de cativar novos clientes que estão cada vez mais engajados na causa de proteção do meio ambiente.

#6: Integração da mídia social com a rede social

As mídias sociais são espaços para a distribuição de conteúdo e divulgação de marcas, enquanto redes sociais são canais de amizade e networking. Embora sejam serviços diferentes, eles estão cada vez se  complementando mais.

As empresas estão atentas a esse movimento, já que, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria americana ComScore, os brasileiros gastam cerca de 1 hora e 22 minutos do dia usando as redes sociais. como Facebook, Twitter, Instagram e jogos online.

Por conta disso, nas atuais plataformas digitais, é possível comprar e vender produtos e serviços, criar ou consumir conteúdo ao mesmo tempo que se relaciona com quem você gosta.

#7: Trabalho e Educação Remotos e mais flexíveis

O trabalho remoto já era realidade em alguns trabalhos ligados aos serviços. Devido ao isolamento social, muitas empresas se adaptaram rapidamente em trabalhar de forma remota e perceberam que esse modelo proporciona, muitas vezes, redução de custos e maior produtividade.

Neste contexto, o mercado da educação viverá uma grande transformação, como aumento das aulas virtuais, sejam elas ao vivo ou gravadas.

Professores, alunos e, principalmente, instituições de ensino se adaptarão em uma nova realidade digital que transformará todo o modelo de educação que existiu durante dois séculos.

#8: Conectividade & Infotech

A 4ª Revolução Industrial está acontecendo rapidamente, mudando as dinâmicas dos negócios, das cadeias de valor, da gestão do conhecimento, da formação e educação de pessoas.

Nesse contexto, a expansão das redes de conexão, chips inteligentes e supercomputadores estão movimentando o mercado e alterando velhos hábitos de consumo e interação entre as pessoas.

Essa conectividade está sendo implantada nos serviços de educação (a ampliação das plataformas de ensino), uso da logística (soluções integradas que se comunicam em tempo real) e internet das coisas (relógios, geladeiras e diversos produtos ganham conectividade).

#9: Novos Modelos de Negócios

Como em todos os momentos de mudança, algumas empresas estão fechando as portas, enquanto outras aumentam os ganhos.

Nesse cenário, um restaurante sueco encontrou uma maneira diferente de manter o negócio. O estabelecimento serve apenas um cliente por vez no meio do campo, em uma experiência que contrasta com opções de outros locais, como os restaurantes com cabines individuais criados em Amsterdã.

É notável que esse cenário de adaptação para nova realidade, traz consigo transformações que emergem para construção de novos modelo de gestão e de negócios.

Publicado por Umbora

30 dez
Planejamento de vendas para 2021: veja o passo a passo para estruturar o seu

Escola de negócios e gestão

Saiba quais números acompanhar, como definir objetivos e quais tendências observar no seu planejamento de vendas para 2021

Durante esse ano extremamente atípico, é provável que as coisas não tenham saído conforme o planejado na maioria das empresas. Ainda assim, chegamos ao fim do ano um pouco mais familiarizados com os desafios, ainda que os tempos sejam de incerteza.

Nesse contexto, é preciso revisitar os aprendizados que 2020 trouxe e traçar um planejamento de vendas para o próximo ano. Sim, você não deve esperar que 2021 chegue para se preocupar com isso!

Neste artigo, vamos te mostrar como tirar o máximo de proveito de tudo o que aconteceu em 2020 para planejar um 2021 de sucesso para a sua empresa.

Acompanhe!

Quais números observar antes de construir o planejamento de vendas para 2021?

O primeiro passo para estruturar o planejamento de vendas do próximo ano é entender o que aconteceu no ano que termina. É essencial olhar para trás e relembrar todas as ações, investimentos, eventos, mudanças e novidades que fizeram parte de 2020 e influenciaram as vendas – de forma positiva ou negativa.

Comece por um olhar mais amplo pelos números do ano, depois coloque-os em contraste com as taxas de conversão e avalie a evolução delas ao longo do período. Vamos falar em detalhes sobre cada etapa desse diagnóstico a seguir:

1. Métricas de volume

As métricas de volume são basicamente os números que a sua empresa alcançou em 2020, como:

  • Leads gerados;
  • Oportunidades trabalhadas em vendas;
  • Novos clientes;
  • Valor total vendido no ano.

Esses números não significam muita coisa quando vistos individualmente, então é preciso compará-los com outros. Um ponto de partida pode ser comparar os volumes do ano anterior com os de 2020, se você tiver esses dados. Contudo, tenha em mente que o número absoluto ser maior ou menor não quer dizer crescimento ou diminuição real.

Você pode ter gerado mais Leads em 2020, mas ter fechado menos vendas. Ou seja, o aumento não significou resultados melhores no fim das contas. Por isso, ter os números em mãos é importante, mas o que vai dar significado a eles são as taxas de conversão.

2. Taxas de conversão

Para essa etapa, separe os resultados do seu funil de 2020. Vamos olhar para duas taxas de conversão, principalmente: Leads em oportunidades e oportunidades em vendas.

Esses índices vão colocar os números absolutos em perspectiva. É com eles que vamos entender se a geração de Leads foi suficiente, se a qualificação está funcionando, se há algum gargalo em vendas e como podemos melhorar o processo de ponta a ponta.

Se você já fazia um bom trabalho de acompanhamento de métricas, compare as taxas de conversão de 2020 com as de 2019 e procure identificar em quais quesitos os resultados foram melhores, piores ou se mantiveram estáveis. Isso vai ajudar muito a criar o planejamento de vendas para 2021, sabendo das estratégias que deram certo e os erros que devem ser evitados.

Para empresas que ainda não têm histórico de métricas, é mais importante ainda documentar essas taxas de conversão para fazer as previsões para 2021 e ter base para comparação.

3. Evolução ao longo do tempo

Com os números e as taxas de conversão em mãos, é hora de adicionar mais uma variável à análise: o tempo. Estamos falando em dividir o seu ano em alguns períodos, como trimestres (quarters) ou semestres e verificar a evolução dos resultados.

Isso significa também confrontar os resultados de cada período. Compare os trimestres e busque entender o que aconteceu em cada momento, o que influenciou aqueles resultados. O que deu mais certo? O que não foi legal?

Essa análise também vai ajudar a identificar sazonalidades no seu ano. Em alguns segmentos, as vendas só ganham força depois do Carnaval. Em outros, os meses de férias escolares são os melhores em faturamento. Entender como o seu público se comporta é fundamental para o planejamento comercial do próximo ano, especialmente na definição das metas de vendas.

Em resumo, para realizar um diagnóstico completo de 2020, colete suas métricas do ano inteiro, calcule as taxas de conversão em cada etapa do funil e visualize o comportamento das suas vendas ao longo do ano. Com esse diagnóstico, você terá mapeado os erros e acertos e poderá iniciar o seu plano estratégico para 2021.

Onde conseguir as informações para o planejamento de vendas?

Antes de partir para a prática, vamos responder uma dúvida muito comum: “qual a melhor forma de acompanhar meus resultados?”.

Se a sua empresa ainda utiliza planilhas e documentos avulsos, será muito difícil conseguir todos os dados que listamos acima para construir seu diagnóstico. Outro ponto que fica mais complexo é a própria análise dos números e taxas de conversão: esses relatórios precisarão ser feitos à mão.

A melhor maneira de controlar seu processo comercial e analisar seus resultados é usando um CRM. Para 2021, se você não utilizou a ferramenta, infelizmente o seu diagnóstico e planejamento de vendas vão ser um pouquinho mais trabalhosos.

Mas, vale a pena incluir no plano a adoção de um CRM, de preferência antes de 2021 começar, para já entrar em janeiro com o pé direito.

Além do CRM, aqui estão sugestões de outras ferramentas que são muito importantes para alcançar resultados melhores em 2021:

  • Um software de automação de marketing, como o RD Station Marketing;
  • Google Analytics;
  • Software ERP, para controle financeiro.

Você também pode considerar contar com uma ferramenta de BI, para facilitar a visão dos dados e relatórios.

Na prática: como fazer o planejamento de vendas para 2021

Agora que já falamos sobre a importância de um diagnóstico para basear os próximos passos, vamos nos aprofundar no planejamento de vendas.

Podemos dividir um planejamento em dois grandes momentos: definição dos objetivos macro – que incluem a estratégia comercial para 2021 e a previsão de vendas – e os objetivos micro, que dizem respeito à operação, ao dia a dia.

Tenha objetivos macro

Nessa etapa, estamos nos referindo aos objetivos principais, aqueles que vão direcionar suas ações ao longo de 2021. Em geral, as empresas conectam seus objetivos macro à ideia de aumentar as vendas, gerar mais receita, trazer mais clientes.

Esse pode ser o objetivo principal para o seu 2021. Porém, é essencial olhar para o diagnóstico de 2020 para descobrir como alcançá-lo. Se você quer vender mais, temos pelo menos duas hipóteses: ou será preciso gerar mais Leads, ou aumentar as taxas de conversão de Leads em oportunidades e de oportunidades em clientes.

Você encontrará essa resposta no diagnóstico. Onde estão os gargalos do processo? O volume de Leads foi baixo? A qualificação foi ineficiente? Os vendedores performaram abaixo do esperado?

Com o seu objetivo em mãos, você poderá definir a estratégia comercial para 2021 e fazer uma previsão de vendas para cada período do ano.

Definidos os objetivos macro, o próximo passo é desdobrá-los em objetivos micro.

Defina objetivos micro

Como falamos há pouco, os objetivos micro são relativos à operação. Eles são todos os degraus que o seu time precisa subir em direção ao objetivo principal, são o caminho.

Podemos falar que são objetivos micro:

  • Treinar o time comercial;
  • Investir em novas rotinas de gestão;
  • Reformar o escritório para acomodar melhor a operação;
  • Organizar o processo comercial com um CRM;
  • Diversificar os canais de aquisição de clientes;
  • Melhorar a percepção da marca pelo público etc.

Lembre-se de atrelar seus objetivos micro ao alvo principal, e de criar planos de ação para cada item.

Por exemplo: se o seu objetivo macro é aumentar o volume de Leads no topo do funil, e um dos objetivos micro é diversificar os canais de aquisição, o plano de ação vai envolver pesquisar, estudar e testar os canais que deseja utilizar. Além de capacitar pessoas do time para trabalhar com eles, contratar ou demitir pessoas e definir métricas e prazos para mensurar os resultados.

Com isso, fica claro para todos os envolvidos quais serão seus papéis dentro de cada objetivo!

Também é importante detalhar no plano o que cada micro objetivo vai demandar, em termos de recursos:

  • Dinheiro;
  • Pessoas;
  • Tempo;
  • Ferramentas;
  • Mudanças de processos;
  • Acesso a dados.

Assim, será mais simples priorizar os objetivos e evitar o desperdício de recursos. Por fim, defina como cada micro objetivo será acompanhado e mensurado, especialmente aqueles que se relacionam diretamente à performance do time.

Recomendamos determinar entre 4 e 5 KPIs para seguir cada um dos seus objetivos macro, como ticket médio, duração do ciclo de vendas, taxas de conversão e o volume de ligações realizadas pelos vendedores.

Nos objetivos micro, escolha indicadores derivados desses KPIs, como o ticket médio das oportunidades no funil, o tempo médio esperado de fechamento e a média de ligações que cada vendedor consegue fazer semanalmente.

Esteja atento às mudanças causadas pela pandemia

Não há como negar que a pandemia afetou a maior parte dos segmentos de mercado. Cresceram as vendas pela internet, inclusive no B2B, o que forçou negócios a adaptarem seus modos de vender.

Se as vendas pela internet aumentaram consideravelmente, a interação entre vendedores e possíveis clientes se tornou mais digital mesmo entre as empresas mais resistentes. De tendência, a transformação digital em vendas se tornou uma realidade. Por isso, leve em consideração que em 2021 pelo menos uma parte das vendas deve seguir sendo feita de maneira remota.

Além disso, é preciso levar em conta a nova realidade vivida pelos clientes. Empresas precisarão diminuir gastos, possivelmente trabalhando com orçamentos limitados em 2021. Nesse contexto, pode fazer sentido uma revisão da sua política de preços. Flexibilidade para lidar com os tempos incertos também é desejável.

Fique de olho nas tendências

Na hora de fazer o planejamento de vendas, fique atento também às tendências para o próximo ano. A tecnologia, por exemplo, deve ser ainda mais fundamental. Ao mesmo tempo, nesse contexto em que muitas interações são digitais, oferecer um atendimento humanizado e personalizado pode ser um diferencial.

Além das vendas à distância e das interações mais humanizadas, omnichannel, multichannel, social selling e transformação digital são outras apostas para o próximo ano. Falamos com mais detalhes sobre isso no post Tendências de vendas: 5 novidades que devem impactar a área comercial em 2021.

E você, já começou seu planejamento de vendas para 2021?

Publicado por Redes Digitais 

29 dez
Deepfake de vozes brasileiras

Escola de tecnologia aplicada

Em meio ao medo relacionado às deepfakes, pesquisadores brasileiros reproduzem vozes em português e defendem que há um caminho positivo para essa tecnologia

“Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”, diz o presidente Jair Bolsonaro. “As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”, responde o ex-presidente Lula. O diálogo, que até onde Gama saiba jamais ocorreu, é passível de reprodução no site do Mr. Falante.

 Realizado pela UFG (Universidade Federal de Goiás) em parceria com a CyberLabs, empresa que trabalha com Inteligência Artificial (IA), o projeto é um dos pioneiros na produção e sintetização de voz no Brasil.
 Na página de divulgação do projeto é possível ouvir os ex-presidentes Lula e Dilma, assim como o atual presidente Jair Bolsonaro recitando poemas clássicos da literatura de língua portuguesa. A fidelidade às vozes das personalidades políticas assustam.
 Horas e mais horas de materiais são copiados, levando em conta as variações de fonemas dos idiomas, de pronúncias e de diversos fatores que afetam a fala
 De acordo com Frederico Oliveira, doutorando em ciência da computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e um dos responsáveis pelo projeto Mr. Falante, 30 minutos de uma voz é tudo o que é necessário para os modelos de deepfakes mais avançados clonarem a fala de alguém.
 Montagens e edições não são coisas novas, mas as deepfake apresentam uma grande vantagem: a automação. O processo é chamado de deep learning, tecnologia que busca imitar o funcionamento de uma rede neural humana.
 O primeiro passo é a construção de banco de dados extenso com a voz que será clonada. “Quanto mais variado o banco de dados, melhor o resultado”, afirma Oliveira.
Em seguida, o modelo recebe o texto transcrito do áudio que será usado para treinamento do modelo. Esse texto é convertido em um áudio e o resultado inicial é quase sempre precário.
“Nós pegamos esse primeiro resultado e comparamos com o áudio original. Então apontamos as diferenças e pedimos para o modelo repetir o processo, corrigindo as imperfeições. O modelo erra menos a cada repetição, chegando a um nível de qualidade satisfatório após um bom tempo”, explica o cientista.
 Horas e mais horas de materiais são copiados pelo modelo, que leva em conta as variações de fonemas dos idiomas, de pronúncias e de diversos outros fatores que afetam a fala de alguém.

O projeto, que começou há mais de um ano, passará a ser comercializado nos próximos meses. Luísa Moncorvo, engenheira de IA e responsável pelos projetos de voz na CyberLabs, afirma que o intuito da empresa é levar a Inteligência Artifical para o dia a dia das pessoas.

 Além do Mr. Falante, a CyberLabs também trabalha com o Speech To Text — onde a voz é transcrita em texto — e com a biometria da voz. Tanto Oliveira quanto Moncorvo acreditam que estamos há poucos anos de ver todas essas tecnologias se popularizando ao redor do mundo.
Guilherme Falcão / Getty Images

Quem tá falando?

 George W. Bush recitando 50 Cent. Um dueto de “Barbie Girl” entre os pensadores Slavoj Žižek e Ayn Rand. Donald Trump interpretando falas de Star Wars. É possível conferir essas e diversas outras paródias em áudio no canal do YouTube “Vocal Synthesis“.
 Mesmo contando com mais de 70 mil inscritos, existe uma pessoa que não é lá muito fã do canal: o rapper Jay-Z. No começo do ano, o músico e sua agência e gravadora Roc Nation LLC notificaram o YouTube e o canal Vocal Synthesis, exigindo a remoção dos vídeos com deepfakes da voz de Jay-Z.
 A remoção levantou debates na internet, que discutiam como e se a lei de direitos autorais americana poderia ser utilizada nesse caso. O YouTube chegou a remover os vídeos de sua plataforma, mas voltou atrás informando que não havia informações o suficiente para o pedido ser acatado. Os vídeos ainda estão no ar.
 Há um conceito na legislação americana — o fair use –, que permite a utilização de produções protegidas por direitos autorais, desde que entrem na categoria de educação, crítica, sátira, paródia, comentário, jornalismo ou pesquisa. O criador do canal argumenta que a deepfake de Jay-Z se enquadra no conceito de fair use.
 É comum que, quando uma nova tecnologia surja, a legislação não esteja 100% pronta para lidar com seus desdobramentos. A medida que mais casos vão surgindo, fica claro a necessidade de leis específicas para o problema.
 No Brasil, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) ainda carece de legislação específica que trate das deepfakes. Moncorvo afirma que a preocupação com o mau uso da tecnologia é central no desenvolvimento dos projetos e que a CyberLabs não fornece a clonagem de voz sem a permissão da pessoa que terá a voz clonada.
A escolha por figuras políticas recitando poesias também está relacionada a essa preocupação. “Nós usamos o trocadilho com a poesia para dar uma graça, mas é também uma maneira de deixar claro que aquele áudio não é real”, diz Moncorvo.
 “Tivemos essa preocupação ao longo da pesquisa, nós não disponibilizamos para o público os modelos que sintetizam as vozes dos presidentes”, afirma Oliveira.
Segundo o cientista, um modelo capaz de verificar a veracidade de uma voz está nos planos do grupo responsável pelo Mr. Falante, mas a pesquisa ainda precisa avançar bastante para que isso seja possível.
“Os modelos de língua inglesa já conseguem reconhecer e controlar com perfeição a prosódia, a variação emocional na entonação da voz. Queremos chegar nesse nível”, fala Oliveira.

A Inteligência Artificial cresce no mundo inteiro, mas os pesquisadores ouvidos por Gama enxergam poucas soluções oferecidas pelo mundo para o português brasileiro. “As pessoas não sabem que existe esse tipo de tecnologia sendo desenvolvida no Brasil. Queremos produzir tecnologia nacional e não simplesmente importar da China, da Europa ou dos EUA”, diz o cientista. “De brasileiros para brasileiros”, finaliza Moncorvo.

 Quem tem medo de deepfake?

 Em 2019, as artistas Francesca Panetta e Halsey Burgund decidiram criar uma linha do tempo alternativa da história dos EUA. Elas não estudaram física quântica ou projetaram uma máquina do tempo e sim apostaram na tecnologia que, em alguns anos, pode mudar a realidade como conhecemos: deepfake.
 O termo, cunhado em 2017, se refere a uma tecnologia que utiliza Inteligência Artificial para sintetizar e produzir vídeos e áudios falsos. Panetta e Burgund criaram “In Event of Moon Disaster”, uma obra de arte que questiona como novas tecnologias podem distorcer, redirecionar ou ofuscar a verdade.
 A possibilidade de fazer com que recriações da história e mentiras pareçam fatos fez com que o medo relacionado às deepfakes aumentasse
 O projeto simula o discurso que o ex-presidente dos EUA Richard Nixon daria caso a missão da Apollo 11 tivesse falhado. O vídeo de seis minutos utiliza o texto original escrito pela Casa Branca em caso de desastre e adiciona técnicas de deepfake, produzindo um vídeo assustadoramente realista do discurso de Nixon. Nessa versão, o mundo chorou o luto por Neil Armstrong e Buzz Aldrin.
 A possibilidade de fazer com que recriações da história e mentiras pareçam fatos fez com que o medo relacionado ao futuro das deepfakes ganhasse mais força com o passar dos anos.
 O relatório anual da Bitdefender, empresa de segurança na Internet, colocou a tecnologia como um dos principais perigos virtuais para o ano de 2020. Já o Facebook instaurou no começo do ano uma política de tolerância zero com deepfakes em sua plataforma.
 É que com essa tecnologia, verdade e democracia correm risco. Afinal, se um vídeo ou áudio pode ser facilmente editado e parecer real, o que impede o público de acreditar, ou desacreditar, no que bem entender?
 Em entrevista à Folha de S. Paulo, Sam Gregory, diretor da organização Witness, diz que não devemos entrar em pânico e sim nos preparar. “Temos uma janela de oportunidade, antes que as deepfakes se tornem ainda mais difundidas, para nos prepararmos melhor para elas do que fizemos nas ondas anteriores de desinformação.”
 Hany Farid, especialista em análise forense de imagens digitais e professor na Universidade da Califórnia entende que são necessárias ações em conjunto, de diversos atores, para conter o efeito negativo que as deepfakes podem ter.
 Para a Folha de S. Paulo, o cientista disse que acredita que plataformas digitais como o Facebook e o YouTube devem assumir uma responsabilidade maior no combate à informações falsas. Além disso, é necessário uma melhor educação virtual para os consumidores, aliado a uma regulação governamental mais forte.

As preocupações são válidas e fundamentais para uma sociedade mais segura, mas existem aqueles que buscam encontrar na tecnologia soluções positivas para problemas e questões atuais.

Deepfake do bem?

Se você ficou impressionado com o poder destrutivo das redes sociais em “O Dilema das Redes” (2020) ou é muito viciado na série “Black Mirror”, é provável que o tema deepfake te deixe levemente preocupado. Afinal, a tecnologia se popularizou ao produzir vídeos pornográficos falsos de famosas, onde o rosto de celebridades eram editados em corpos de outras atrizes.

Entretanto, existem aplicações positivas para as deepfakes. O mundo do entretenimento promete ser revolucionado com a tecnologia, capaz de rejuvenescer atores, sintetizar novas vozes e até mesmo reviver astros que já se foram. Em uma visita de museu, será possível conversar — e tirar selfies — com versões digitalizadas de pintores famosos ou até mesmo ver uma versão em movimento de Mona Lisa.
 O mundo do entretenimento promete ser revolucionado com a tecnologia, capaz de rejuvenescer atores, sintetizar novas vozes e até reviver astros que já se foram
 Regravações de cenas para filmes que não deram certo na primeira ou de áudios para podcasts? Coisas do passado. Propagandas? Em uma campanha contra a malária, David Beckham passou uma importante mensagem em nove línguas — mesmo que o ex-jogador inglês não fale todas elas.
Longe de Hollywood, a tecnologia também pode auxiliar em diversas questões do dia a dia. Na área da acessibilidade, será possível sintetizar vozes mais humanas para leitores de texto.
 Projetos como o Seeing AI da Microsoft e o Lookout do Google, que reconhecem informações importantes no ambiente e narram com uma voz sintética as descobertas para deficientes visuais, são exemplos positivos do que pode ser feito com a tecnologia.
 Interações com atendentes virtuais também alcançarão um novo patamar de realidade, seja com a Siri, com a Alexa ou com operadores de telemarketing computadorizadas. Do sotaque ao timbre, as vozes poderão ser personalizadas para que melhor atendam as expectativas dos clientes.
Além do Text To Speech — onde o texto é transformado em voz –, a tecnologia de deep learning voltada para o áudio possibilitará diversas novidades. Inimigo mortal de toda uma geração, os longos e intermináveis áudios de WhatsApp podem estar com os dias contados.

Em pouco tempo, será possível transformar a inconveniente fala em um texto. Ou vice-versa, caso você precise. Senhas e números de protocolos em ligações bancárias? Nunca mais. A biometria de voz poderá resolver tudo com algumas palavras.

 Publicado por Revista Gama

23 dez
Sem tempo, irmão

iCEV

Logo nas primeiras páginas do clássico “Alice no País das Maravilhas”, um coelho branco chama a atenção da jovem protagonista ao passar por ela enquanto retira um relógio do bolso do colete e resmunga “ai, ai, vou chegar atrasado demais”. O animal, que acaba levando Alice a se enfiar por uma toca desconhecida, hoje é visto como símbolo da pressa e da falta de tempo para completar atividades diárias, sentimentos que são também bastante humanos.

De fato, cada vez mais gente vem se sentindo na pele do coelho eternamente apressado, vendo o tempo escorrer pelos dedos em meio à rotina, num momento em que parece impossível se desconectar totalmente do trabalho, das pessoas ou de tudo mais que está acontecendo pelo mundo. O resultado é que, ao final do dia, sobram umas poucas horas para aproveitar o tempo livre.

® Christian Marclay / White Cube

Pode parecer até um certo lugar comum dizer que somos muito mais ocupados hoje do que no passado, mas, de acordo com a psicóloga e escritora britânica Claudia Hammond, essa afirmação não é necessariamente verdadeira. Segundo ela, as pesquisas feitas na década de 1950 sobre o uso do tempo não tinham resultados muito diferentes de estudos recentes a respeito do tema, feitos antes da pandemia. Então, se as pessoas têm em média tanto tempo livre hoje quanto naquela época, a diferença está na qualidade desse tempo.

Sentimos que estamos mais ocupados por causa do desaparecimento dos limites entre trabalho e vida social

“Sentimos que estamos mais ocupados por causa do desaparecimento dos limites entre trabalho e vida social. Só de saber que seu chefe pode te enviar um email ou uma mensagem de texto tarde da noite, você já fica menos à vontade”, diz a psicóloga, autora do livro “Time Warped: Unlocking the Mysteries of Time Perception” (tempo distorcido: destravando os mistérios da percepção do tempo), sem tradução para o português.

Esses limites entre trabalho e tempo de lazer ficaram ainda mais turvos com o isolamento social, que obrigou muita gente a bater cartão direto da sala de casa. A mudança pode acabar mexendo de forma significativa no tempo à disposição para o lazer pela primeira vez desde a década de 1950. Hammond evoca alguns estudos recentes que mostram que, embora o período de trabalho oficial não tenha mudado na maioria dos casos, as pessoas hoje gastam sim mais tempo exercendo suas atividades profissionais. Isso porque, estando sempre dentro de um mesmo ambiente, redobra a dificuldade de se desligar.

A sensação de que nosso tempo está encolhendo não tem tanto a ver com o tiquetaquear dos ponteiros do relógio, mas com a nossa percepção da passagem das horas, esta sim subjetiva. De acordo com a professora de psicologia da Unesp, Mary Okamoto, o home office abrupto e em massa promovido pela pandemia retirou várias das bases da nossa rotina, como os ambientes externos que frequentávamos diariamente e as divisões do tempo em atividades curtas: pegar um ônibus, sair para o almoço, pausar para um cafezinho. Com a mudança, passamos a sentir falta de prazos mais definidos e estranhamos a permanência num único lugar, o que nos força a fazer um novo planejamento do cotidiano.

Para a professora Martha Hübner, do Instituto de Psicologia da USP, a pandemia tornou a experiência do tempo mais pessoal, pois cada um está passando por ela em seu próprio ambiente, com regras — ou a falta delas — estabelecidas de forma individual. “A noção de tempo mudou. Está mais confusa, ilógica, menos unânime. Em geral, a pessoa trabalha mais, se cansa mais, vive menos e, no fim do dia, não percebe que não fez nada daquilo que queria.”

® Christian Marclay / White Cube
® Christian Marclay / White Cube

Sem tempo desde sempre

Essa sensação de falta de tempo, no entanto, não é nova. Ela pode até ter se acelerado com a pandemia, mas vinha se fortalecendo desde o início da produção industrial, lá no século 18. “Nós já tínhamos essa sensação de que o tempo é curto, que passa muito rápido. Você termina o dia e sente que não conseguiu concluir todas as atividades que estavam planejadas”, aponta Okamoto.

Além disso, não precisar pegar trânsito ou enfrentar o transporte público lotado todos os dias é certamente uma vantagem, mas que pode ser contrabalanceada por outros aspectos não tão bons assim. Um exemplo é a questão tecnológica. Tarefas simples como entrar num sistema profissional ou fazer um download podem levar muito mais tempo em casa, distante dos recursos de um escritório profissional.

E, por incrível que pareça, também há um estímulo social para estar sempre com pressa: ser apressado pode ser “cool”. Uma pesquisa conduzida em 2017 por professores das universidades de Columbia, Harvard e Georgetown concluiu que pessoas muito ocupadas nos parecem inacessíveis e acabam ganhando um status superior quando comparadas àquelas com mais tempo para gastar. Ou seja, o tempo delas, escasso, nos parece mais valioso do que o dos pobres mortais que podem se dar ao luxo de passear no shopping durante um dia de semana.

 “Estar sempre ocupado é uma espécie de medalha de honra”, explica Hammond. “Em parte por esse motivo, nos pressionamos a ser bons em tudo, desde aprender uma nova língua a servir refeições incríveis.” Segundo conta a escritora, um exemplo desse fenômeno é o Reino Unido, que, durante o lockdown, viveu uma febre por aprender a fazer pão sourdough caseiro. “Havia a sensação de que era preciso usar bem esse tempo, em vez de simplesmente passar por ele, o que não teria sido nenhum problema.”
® Christian Marclay / White Cube

Em busca do tempo perdido

Em 1973, o escritor alemão Michael Ende (1929-1995) — autor de “A História Sem Fim”, que deu origem ao clássico da Sessão da Tarde — já estava preocupado com a questão do tempo. Em “Momo e o Senhor do Tempo”, ele criou uma fábula sobre um mundo em que economizar tempo significa se livrar de todas as atividades que pareçam supérfluas, como se divertir, criar peças artísticas ou dormir. Só que, na narrativa, o tempo economizado jamais era recuperado.

A história deixa claro que o autor entendia a subjetividade do tempo psicológico, que fica evidente em uma de suas falas mais conhecidas: “Calendários e relógios existem para medir o tempo, mas isso significa pouco. Todos sabemos que uma hora pode parecer uma eternidade ou sumir num instante, dependendo de como a gastarmos.”

 Uma hora pode parecer uma eternidade ou sumir num instante, dependendo de como a gastarmos

Realmente, nossa percepção da passagem do tempo muda de acordo com a situação em que nos encontramos. Atividades prazerosas parecem passar voando, enquanto algo que consideramos pouco interessante, ou chato mesmo, leva uma eternidade para acabar. Da mesma forma, ter compromissos demais ao longo de um mesmo dia deixa a impressão de que não há tempo suficiente para nada.

No entanto, há formas de evitar ou reduzir essa sensação de falta de tempo. Uma delas é criar cronogramas detalhados das atividades do dia, mesmo que eles fiquem só dentro da cabeça. É o que explica Alberto Filgueiras, professor do Instituto de Psicologia da Uerj. “Para pessoas que estão fazendo home office, o ideal é escolher que rotina você quer levar, organizar mentalmente o dia. Quanto mais organizado você for, mais vai ser capaz de lidar com a situação e controlar o uso do seu tempo.”

® Christian Marclay / White Cube
® Christian Marclay / White Cube

Mudança de foco

Claudia Hammond sugere que, mesmo em home office, o trabalhador deve ser rígido com os horários de entrada e saída, evitando ao máximo ultrapassá-los. Para desestressar, uma boa ideia é encontrar uma atividade prazerosa que preencha uma pausa de 15 minutos bem no meio de uma tarde desgastante de trabalho. “Pessoalmente, gosto de jardinagem. Agora uma tempestade está roncando lá fora, mas, quando o tempo está bom, passo alguns minutos cuidando das flores e sentindo ondas de relaxamento caindo sobre mim.” Ela reforça que as pessoas não devem se sentir culpadas por parar de trabalhar por alguns instantes, já que a atividade é essencial para manter a saúde mental e ajuda até a aumentar a produtividade.

Procurar outras atividades para não passar tempo demais debruçado sobre uma mesma coisa pode até tornar mais longa nossa percepção do tempo, de acordo com a psicóloga Mary Okamoto. O ritmo do trabalho é diferente daquele do lazer e, em meio à mesmice dos dias vividos na quarentena, alternar esses dois é uma maneira de estabelecer uma rotina diversificada e superar a impressão de que passamos todo o tempo fazendo uma mesma coisa. Só não vale tentar sobrepor o trabalho no computador com a leitura de notícias na internet, pois nesse caso não há uma quebra no padrão das atividades, que continuam bastante semelhantes.

 Para quem é obrigado a ficar quase sempre em casa, a dica da professora Martha Hübner é procurar se deslocar dentro do imóvel, trabalhando cada dia, ou até em diferentes horários num mesmo dia, em cômodos diferentes. Isso traria uma mudança visual com potencial para estimular as sensações de mudança e passagem de tempo.

Um problema em meio a isso tudo é que o ser humano tende a achar que, no futuro, terá mais tempo e se organizará melhor do que hoje — pensamento que, aliás, quase nunca se reflete na realidade. Para evitar se sobrecarregar com compromissos a longo prazo — e ter certeza de que vale a pena dizer sim — a sugestão de Hammond é se perguntar: eu precisaria ou gostaria de fazer isso, caso a atividade acontecesse amanhã? Se a resposta for não, não há mal algum em jogar a toalha.

“É preciso aceitar que os compromissos nunca vão acabar, e está tudo bem. Canos estouram, pessoas ficam doentes, coisas inesperadas acontecem. Sempre poderíamos estar fazendo algo mais, mas talvez devêssemos nos permitir descansar. Ou seja, desistir daquilo que não nos traz prazer.”

® Christian Marclay / White Cube

Dicas para lidar melhor com o tempo

  • Organize o dia. Mesmo que você não se dê bem com planilhas, listar as atividades diárias mentalmente te dá maior controle sobre o uso do tempo.
  • Não passe tempo demais trabalhando. Seja rígido com seus horários de entrada e saída, mesmo em home office.
  • Dê uma pausa curta no trabalho para fazer algo que te satisfaça, como cuidar das plantas. Isso ajuda a baixar a ansiedade.
  • Não trabalhe o tempo todo num só lugar. A mudança de ambientes pode ajudar o cérebro a ter uma noção melhor do tempo que passa.
  • Para não se sobrecarregar de compromissos, opte sempre por aqueles que sejam necessários e que te deem alguma satisfação no final do dia.

22 dez
“A sociedade quer empresas que fazem parte da solução, não do problema”

Escola de negócios e gestão

Para Ricardo Voltolini, da consultoria Ideia Sustentável, mais do que deixar de impactar, empresas vão precisar regenerar o meio ambiente

Ricardo Voltolini (Foto: Divulgação)

Não é segredo para ninguém que o comportamento das pessoas tem influenciado cada vez mais os rumos dos negócios em todo o mundo. Com a ameaça do aquecimento global no centro das discussões, companhias dos mais diversos segmentos passaram a tratar o tema da sustentabilidade com mais atenção, assumindo compromissos e revendo posturas até outrora aceitáveis.

Nessa nova era dos negócios, o propósito deve vir antes do lucro. “Evidentemente não existe propósito sem lucro”, pondera Ricardo Voltolini, fundador da consultoria Ideia Sustentável e um dos convidados do Bayer Life, evento promovido pela empresa alemã com o objetivo discutir a transformação digital e o futuro do trabalho.

“A sociedade quer empresas que fazem parte da solução, não do problema. Mais do que deixar de impactar, as empresas vão precisar regenerar o meio ambiente. Vão precisar tornar os ecossistemas melhores do que encontraram”, explica Voltolini, um dos mais respeitados especialistas em sustentabilidade corporativa do Brasil.

De acordo com o consultor, a proteção dos recursos naturais não é mais apenas um discurso de ambientalistas radicais. Hoje, a causa conta com o apoio até de grandes investidores, como Larry Fink, Chairman e CEO do Black Rock, um dos maiores fundos de investimentos do mundo, que afirmou em uma carta recente aos seus acionistas que “no futuro, uma maior transparência nas questões de sustentabilidade será um componente importante da capacidade de cada empresa para atrair capital”.

Para Barbara Dunin, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasil do Pacto Global, a nova postura dos investidores tem sido decisiva para a reorganização dos negócios dentro das corporações, que cada vez mais vêm alinhando os seus projetos aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU. Atualmente, já são mais de 10 mil empresas signatárias no mundo – 700 só no Brasil.

“Eles perceberam que é possível equilibrar o tripé da sustentabilidade, cuidando dos aspectos sociais e ambientais, sem abrir mão da parte econômica”, diz. “Está claro que esta é uma agenda universal, importante para todas as pessoas, em todo o mundo. As ODSs são apenas uma ferramenta de planejamento para que as empresas possam traçar um caminho mais sustentável.”

Este é, sem dúvida, um caminho sem volta no mundo dos negócios. Por mais que ainda exista certa desconfiança por parte de alguns empresários mais tradicionais, grandes empresas já começam a apresentar metas ousadas para os próximos anos.

Na Bayer, que lançou recentemente sua nova visão “Saúde para todos. Fome para ninguém”, o objetivo é garantir, até 2030, o acesso à saúde para ao menos 100 milhões de pessoas em países em desenvolvimento, incluir, através da tecnologia, 100 milhões de pequenos agricultores, além de trabalhar pela redução de 30% nas emissões de gases de efeito estufa na agricultura mundial. É o capitalismo dando a sua contribuição para um mundo melhor.

 

Publicado por Época Negócios

Está com dúvidas?
Estamos aqui pra ajudar! Envia um e-mail ou chama no whatsapp: (86) 3133-7070
Entrar em contato!
© 2017 iCEV Instituto de Ensino Superior
Esse domínio pertence ao Grupo Educacional Superior CEV
CNPJ: 12.175.436/0001-09