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01 nov
66% dos brasileiros querem abrir o próprio negócio para ter mais liberdade e autonomia

Escola de negócios e gestão

Estudo realizado pela MindMiners, em parceria com o PayPal, fez um raio X do empreendedorismo no Brasil.

Dois terços dos brasileiros (66%) querem abrir a própria empresa para ter mais liberdade e autonomia. É o que mostra uma pesquisa realizada pela MindMiners, encomendada pelo PayPal, que fez um raio X do empreendedorismo no Brasil.

O estudo, divulgado nesta terça-feira (31/10), foi realizado entre 31 de agosto e 11 de setembro de 2017, e contou com a participação de 300 homens e mulheres que sonham em empreender.

Segundo os dados revelados pela pesquisa, 20% dos futuro empreendedores querem criar uma empresa de tecnologia. Sendo que 51% dos entrevistados pensam em um negócio multicanal, pois querem abrir uma loja física e online.

Apesar disso, 64% desses indivíduos ainda não buscaram ajuda para iniciar a empresa. Quem já o fez, procurou o Sebrae (19%) e universidades/faculdades (13%).

A falta de capital foi apontada por 49% dos entrevistados como o que mais atrasa a tomada de decisão para iniciar o negócio.

Empreendedores atuais

A pesquisa também avaliou as motivações e características de empresários que já estão com a empresa operando. O modelo de negócio escolhido pela maioria deles é o B2C (34%), que vende diretamente ao consumidor final, seguido por 24% que vendem para o varejo e 8% para marketplaces.

Em relação ao investimento no negócio, os dados mostram que 39% das pessoas afirmam ter colocado pelo menos R$ 10 mil do próprio bolso na empresa e que 19% dos entrevistados juram que não investiram nada. Quem precisou buscar um sócio, encontrou ajuda com familiares (51%) e amigos (29%).

Características em comum

Assim como quem sonha em abrir uma empresa, quem já começou o negócio tem se interessado pelo conceito de multicanal, cerca de 42% dos entrevistados afirmam ter loja física e online.

Outro ponto em comum é que 57% dos empresários afirmaram que viam a empresa própria como a chance de ter mais liberdade e autonomia.

Gustavo Carrer, Consultor sênior Sebrae, diz que os resultados da pesquisa indicam uma transformação no perfil do empreendedor brasileiro. “As pessoas que eu atendia há 20 anos tinham dúvidas muito mais básicas do que os empresários de hoje. Isso mostra um amadurecimento. As pessoas não se assustam mais quando veem a palavra plano de negócio. Pelo contrário, já chegam com um rascunho pronto quando nos procuram”.

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

31 out
UBER: A polêmica sobre a natureza jurídica do aplicativo e sua legalidade

Escola de direito aplicado

1. O aplicativo uber e o surgimento de uma nova forma de transporte público ou privado

O tema da atualidade que cada vez mais passa a ser o cotidiano dos noticiários e da conversas de rua onde uma forma inovadora de se deslocar pelos grandes centros urbanos sem a necessidade de se valer de veículos próprios ou transporte públicos incomoda certos grupos e dividem opiniões entre políticos, população e até mesmo os juristas.

O Brasil recebeu a menos de um ano a inovação tecnológica dos aplicativos de transporte privados já existente em outros grandes centros e, como neles, o debate de sobre sua validade e legalidade o acompanharam com muita polêmica.

Infelizmente, ao contrário de outros lugares onde o debate ideológico ou jurídico foram os mais relevantes, no Brasil estes vieram a ser acompanhados de muita polêmica, principalmente envolvendo tensões e batalhas quase campais entre os permissionários de serviços transporte e aqueles que entenderam haver uma brecha na legislação para que a atividade pudesse ser desenvolvida por empreendedores privados.

A polêmica vem diariamente sendo debatida nos meios de impressa, vez o outra geram conseqüências criminais com depredação de bens privados, mas uma coisa é certa, há cada dia esses aplicativos ganham mais força e afeição da população, o que pode ser um caminho sem volta, ainda que não haja uma regulamentação especifica para a atividade.

A justificativa pela necessidade de autorização ou até mesmo permissão para que esta inovação tecnológica com conseqüências para a vida real da população são muitas: má prestação de serviço por parte dos permissionários, livre concorrência, direito de escolha, exclusividade do exercício da atividade por parte de permissionários, controle estatal na atividade, etc.

Embora acredite que cada qual tem seu fundamento e razões reais de defesa de um lado ao outro, pretendo com esse artigo apresentar suas divergências e, com isso, possibilitar uma formação de entendimento crítico pelo leitor que poderá se posicionar de um lado ou outro.
2. Da natureza jurídica do serviço

O primeiro ponto a ser debatido é de fato qual seria a natureza jurídica do serviço explorado pelo Uber e por qualquer outro aplicativo que certamente será criado após o sucesso que o Uber vem tendo. A questão inicial se o serviço é considerado uma forma de transporte público de passageiros por tarifa, tal como os taxis, ou um transporte privado de passageiros.

Pensar nesta diferença inicialmente possibilita traçar argumentações jurídicas distintas e, com isso, justificar sua legalidade ou ilegalidade. Pois bem, a premissa sobre a natureza jurídica do serviço mostra sua divergência conceitual que, após definida, afastam as teses dos defensores de cada corrente de tal maneira que dificilmente um consenso possibilitará sua convergência novamente.

Sabe-se que a análise de argumentações jurídicas sobre dois pontos normalmente possuem divergências tão pouco significativas que, embora divergentes, alinham-se em paralelo quanto a sua conceituação, possibilitando, assim, que possam convergir para uma conclusão comum, ainda que não exatamente no sentido da inicialmente proposto.

No caso do Uber, as correntes são antagônicas, o que implica na calorosa discussão não apenas da legalidade ou ilegalidade, mas na tentativa mais evidente de tentar desconstruir a tese contrária do que defender de fato a tese favorável.

Argumentos são apresentados por um ou outro lado que saem do jurídico e passam pela impressão pessoal ou justificativas que, sob a ótica da argumentação jurídica, não podem ser aceitas para defender uma ou outra parte.

Veja, os defensores do Uber justificam a necessidade de se manter o serviço em razão da baixa qualidade dos serviços de taxis, da idade dos veículos, da má-formação ou capacidade de atendimento de seus motoristas. De fato, tais pontos são observados na grande maioria dos taxistas que exploram o serviço permissionário nos grandes centros, mas não podem ser justificativa para defender a validade ou legalidade dos serviços disponibilizados pelo Uber, pois não são argumentos jurídicos e sim simples impressão pessoal do público geral. Ora, se o serviço é ruim, cabe ao Poder Público empreender medidas para melhorá-lo e não permitir que outros o façam diante de sua inércia ou negligencia.

Do outro lado, de igual forma, os taxistas defendem que o serviço do Uber possuem vantagens na não necessidade de suportar os efeitos da fiscalização pública, não pagamento de impostos ou taxas devidas em razão da atividade de permissão pública. Da mesma forma, são argumentos que não possuem qualquer fundamentação jurídica capaz de serem utilizados no debate sobre sua legalidade ou não. Veja, se o Uber ou seus motoristas vem sonegando o recolhimento fiscal decorrente de sua atividade, cabe ao Poder Público fiscalizar, autuar e cobrar, mas não impedir a atividade caso ela venha a ser considerada lícita. Da mesma forma, eventual necessidade de pagamento de taxas ou outras contribuições existentes para uma parte ou outra devem fazer parte uma análise efetiva se tais cobranças ou isenções desequilibram a concorrência. Como se sabe, os taxistas de fato pagam taxas aos municípios, o que os motoristas do Uber estão desobrigados, mas de igual forma possuem redução no pagamento de IPVA que os motoristas do Uber não fazem jus.

Percebe-se, portanto, que não seriam esses os argumentos necessários a justificar a legalidade ou ilegalidade do aplicativo, mas sim se, sob a ótica da legislação vigente, o serviço é considerado um serviço de transporte público ou um serviço de transporte privado de passageiros.

Este é o ponto em que ambas as correntes se divergem e, pelo presente estudo, se pretende apontas as duas e qual vem sendo o posicionamento legislativo e judicial.
3. Transporte público ou privado de passageiros

A legislação brasileira, tal como ocorre em outros países que inclusive já proibiram o Uber (França e Espanha), define de forma clara na Lei 12.468/11[1] e na Resolução 4.287/14 da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), que o transporte público individual remunerado de passageiros somente pode ser realizado por taxistas. A resolução da ANTT estabelece, ainda, que é considerado “serviço clandestino o transporte remunerado de pessoas, realizados por pessoa física ou jurídica, sem autorização ou permissão do Poder Público competente”.

Fundamenta-se, ainda, que se tratando de um serviço de interesse e regulamentação pública, a ausência de controle por parte do Poder Público implicaria em riscos aos seus usuários e passageiros, sem falar na possibilidade de se travar uma concorrência desleal.

Importante examinar as características jurídicas dos dois serviços para verificar se possuem a mesma natureza jurídica ou se, de fato, há determinantes diferenças que possam possibilitar a sua coexistência sem qualquer prejuízo ou argumentação de concorrência desleal.

O serviço de taxi é caracterizado como um serviço público de transporte individual que necessita de prévia autorização do Poder Público Municipal que impõe regulamentação objetiva, regras de fiscalização e formas e limitações ao serviço.

A padronização do serviço mostra-se evidenciada nas cores e sinais distintivos dos taxis, inclusive dentro do veículo onde se obriga a apresentação do certificado de licença e autorização como nome, numero e foto do motorista, o que possibilita aos passageiros identificá-lo com facilidade nas ruas públicas e para eventuais reclamações.

O serviço de taxis impõe privilégios na circulação (não são submetidos a restrições de circulação em áreas dos grandes centros), isenções ou reduções tributários na aquisição de veículos ou dos impostos anuais necessários a sua circulação.

A contrapartida exigida pelo Poder Público regulador é o impedimento na recusa de passageiros, a utilização de pacote tarifário previamente definido, o que os impede de cobrar, em tese, valores superiores ao estabelecido.

Já os serviços prestados pelo Uber se divergem de forma significativa daqueles impostos aos taxistas, o que denotam não poderem ser considerados como públicos para fins de enquadramento na legislação federal.

Os motoristas do Uber não podem, ao contrário dos taxistas, fazerem uma atendimento ostensivo nas ruas, ou seja, estão impedidos de atender passageiros sem que seja por meio do aplicativo, não possuem qualquer isenção tributária ou fiscal e, por outro lado, não necessitam de padronização ou observância de fixação de preços.

Ao impor que o atendimento a passageiros somente se dará por meio do aplicativo, os defensores do Uber entendem que o serviço deixa de ser público pois somente aquele seleto grupo que buscou a contratação do aplicativo possui acesso ao serviço, tornando-o privado e exclusivo a um determinado grupo de pessoas que, por livre escolha e vontade, optaram por utilizar o serviço disponibilizado pelo aplicativo.

Com uma leitura rápida da Lei 12.468/11, pode-se concluir pela ilegalidade do Uber, uma vez que os seus motoristas vêem realizando o transporte de passageiros, mediante tarifa e por corrida.

Todavia, sob a análise da distinção jurídica dos serviços é possível concluir que apenas os taxistas exercem de fato “transporte público individual de passageiros”.

Ora, somente os taxistas, detentores de autorização pública para exercer a atividade, possuem controle de preços, obrigatoriedade de atendimento indiscriminado de passageiros e um regime de fiscalização, pois os motoristas do Uber, embora sujeitos a fiscalização estatal, possuem uma atividade essencialmente privada, com a remuneração por preços livres onde o passageiro aceita a corrida e não o contrário, onde o motorista é obrigado a fazê-lo.

A Lei 12.587/2012 que define as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana confirma esse entendimento ao conceitual “transporte público individual”como o “serviço remunerado de transporte de passageiros aberto ao público, por intermédio de veículos de aluguel, para a realização de viagens individualizadas (Art. 4º , VIII).

Ao se estabelecer a universalidade de atendimento ao público o serviço de taxi impede a recusa de passageiros. Com a expressão “aluguel de veículos” sugere que os serviços ofertados aos passageiros são decorrente de um atendimento por preço certo e previamente definido, para um trajeto imposto a aceitação.

Já o serviço do aplicativo Uber possui uma sistemática diversa. Este serviço não é aberto ao público, pois é prestado segundo uma certa autonomia do motorista que possui o direito de aceitar ou não uma determinada corrida. Não se trata de veículo de aluguel, mas veículo privado onde o motorista exerce a atividade profissional.

Sabe-se que a legislação estabelece restrição tão somente para o exercício do transporte publico individual, nada falando sobre o transporte privado, fato este que abre a discussão sobre a legalidade ou não do serviço prestado pelo Uber.

Mas será que o serviço prestado pelo Uber pode ser considerado transporte privado e passageiros?

Ora, há grande discussão sobre esse entendimento. Há que defenda que o fato de poder recusar corrida e cobrar preço diferenciado retira o caráter público. Há que defenda que o atendimento, embora pelo aplicativo, não retira a natureza de atendimento ao publico geral.

São estes os desafios que o Judiciário e o Legislativo terão para que superar para colocar fim a celeuma existente na analise de ambos as formas de transporte e, com isso, definir sobre sua legalidade ou não.
4. Definição legislativa municipal ou federal

Por fim, o último ponto de reflexão deste artigo se apresenta na tentativa política de se solucionar o problema sem que, antes, se analise o contesto legal da matéria não penas sobre a existência ou não de limitação do transporte na legislação evidente, mas qual a competência legislativa para regulamentar ou proibir a matéria.

O ano 2015 muito se falou sobre a proibição ou não do serviço ofertado pelo serviço do Uber, o que trouxe ao debate público e os primeiros sinais de interferência política na definição do serviço.

Tão logo a matéria passou a ser cotidianamente debatida pelos órgãos de imprensa, algumas prefeituras, buscando encerrar o conflito nas ruas, passou a proibir por meio de determinação administrativa advinda de Poder Executiva, que fosse fiscalizado, multo e apreendido veículos particulares que estivessem promovendo o transporte de passageiros.

Tão logo iniciaram as fiscalizações, a justiça foi acionada a solucionar o primeiro impasse: Poderia o Poder Executivo ditar tais diretrizes sem um amparo legislativo para tanto?

As liminares foram sendo obtidas e o Poder Executivo se viu privado de impedir a atividade do aplicativo.

Na tentativa de regular a matéria e visando uma aparição pública por parte dos políticos com cargo no legislativo, projetos de leis municipais passaram a tramitar com regime de urgência, audiências públicas foram realizadas. Na mesma tocada, deputados estaduais apresentaram projetos para ambos os lados, uns para proibir e outros para permitir.

O debate político vem se desenvolvendo desde então, tendo sido aprovada a regulamentação com caráter de proibição pela Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte, já sancionado pelo Prefeito e pela Câmara dos Vereadores de São Paulo, embora ainda não sancionado pelo Prefeito Paulista.

Diante de tais inovações legislativas, novas tentativas de obstar o efeito da legislação baterem as portas da Justiça que concedeu liminar para impedir a aplicação da norma pelos órgãos de fiscalização.

As decisões judiciais, em sua essência justificam o entendimento de que a atividade exercida pelo Uber possui ampara no Art. 5º, inciso XIII[2] e Art. 170, parágrafo Único[3], ambos da Constituição Federal, razão pela qual a legislação municipal seria incostitucional.

Enquanto não sobrevier regulamentação específica, a atividade econômica que utiliza o UBER como ferramenta não pode ser obstada pelo Poder Público. Não se pode falar em clandestinidade ou ilegalidade apenas porque a atividade, essencialmente privada, ainda não foi regulamentada. Vige, nesse particular, o princípio da autonomia da vontade.

Não se ignora que se trata de atividade que demanda algum nível de regulamentação e fiscalização estatal, porém caberá à Lei apenas regulamentar o serviço. Em vista da sua natureza privada, eventual norma que viesse a proibir ou banir o serviço seria inconstitucional.
Referências

[1] “É atividade privativa dos profissionais taxistas a utilização de veículo automotor, próprio ou de terceiros, para o transporte público individual remunerado de passageiros, cuja capacidade será de, no máximo, 7 (sete) passageiros.”

[2] é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

[3] É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

 

Por: Thiago da Costa e Silva Lott – Advogado
Fonte: lottbraga.com.br

25 out
Direito e tecnologia: o Direito antecipou as TICs?

Escola de direito aplicado

O direito está, desde sempre, ligado à tecnologia. Se pensarmos na invenção da escrita, por exemplo, uma das tecnologias mais antigas e mais revolucionárias já criadas, logo poderemos encontrar uma interseção com o direito, pois entre os mais antigos textos de que se tem notícia estão precisamente os das leis, como o Código sumério de Ur-Nammu ou o Decálogo de Moisés.

A própria ideia, ínsita à dinâmica da norma jurídica, de que um texto escrito pode prefigurar uma conduta humana e uma consequência dependente da ocorrência ou não dessa conduta, controlando-a remotamente, é uma tecnologia simbólica altamente complexa. Com as adaptações necessárias, esse mesmo princípio está também na base do conceito de “cibernética”, palavra criada apenas no século XX pelo matemático Norbert Wiener, com a mesma raiz de “governo”.

Não seria exagero dizermos que o direito antecipou muitas das ideias hoje presentes nas tecnologias da informação. Para começar, as leis jurídicas precedem os algoritmos na concepção de que se pode estabelecer um procedimento rígido para a consecução de um objetivo. Depois: o que é um processo judicial senão um grupo fechado de discussões, entre partícipes determinados e em torno de um assunto, muito antes da invenção dos “chats”? O que seria o Diário Oficial senão um “sítio” para onde devem se dirigir os possíveis interessados em certas notícias? O que seriam os cartórios extrajudiciais senão “provedores” que nos permitem navegar num conjunto vasto de documentos e produzir outros? E assim sucessivamente.

Hoje, no entanto, é a tecnologia que avança e traz consigo necessidades jurídicas. Os romanos, na sua infinitamente aguçada intuição prática, tinham um brocardo: o impossível a ninguém obriga (“ad impossibilita nemo tenetur”). O reverso do brocardo é talvez mais perspicaz: tudo o que é possível de ocorrer, é juridicamente relevante e pode obrigar. Ou seja, tudo que pode vir ao caso interessa ao direito.

Acontece que a ciência está ampliando o horizonte do possível e criando novas e inusitadas maneiras de realizar coisas de que já éramos capazes. Desde que o homem conseguiu “projetar o seu pensamento em engrenagens” (Dionysius Lardner), os fatos que podem ocorrer aumentam mais e mais. Então, o direito se amplia concomitantemente.

Incumbe aos juristas a função de acomodar esses novos fatos e novos procederes, que surgem aos borbotões, dentro do “sistema operacional jurídico”, que funciona sobre a base do binômio lícito/ilícito. Esta é a relação mais peculiar, hoje, entre o direito e a tecnologia, embora talvez não a mais evidente, nem a mais corriqueira.

São tantas e tão diferentes as novas relações sociais que surgem a todo momento por causa das tecnologias que o direito sequer está tendo condições de responder de imediato às necessidades de seu uso. Basta pensar, a título exemplificativo, na recente polêmica em torno do bloqueio do WhatsApp para cumprimento de ordem judicial; ou nas inúmeras discussões em torno do direito de ter certos fatos do passado apagados da Internet (right to be forgotten). Que dizer, então, das altamente complexas questões que são e serão cada vez mais colocadas pela Inteligência Artificial? É patente a necessidade de um novo pensamento jurídico, mais interdisciplinar e resiliente para lidar com essas situações imprevistas. O jurista hoje não pode mais saber apenas direito. É absolutamente indispensável que conheça minimamente os diferentes campos de saber que se abrem a todo instante, ainda que apenas por livros de divulgação científica.

É preciso também que o jurista desenvolva a sua “imaginação jurídica” para que compreenda toda a complexidade dos novos tempos e possa formular respostas inéditas para problemas inéditos. As primitivas fontes éticas do direito recobrarão naturalmente a sua importância num campo tão aberto e sem referências conhecidas; a argumentação jurídica deverá buscar aportes técnicos de outros campos.

Os problemas que estão por vir serão realmente ainda mais desafiadores. A que ponto chegarão as tecnologias? Ninguém pode dizer. Chegaremos talvez, um dia, a nos perguntarmos se as máquinas poderão ser titulares de direitos, ao lado dos seres humanos, e a resposta provavelmente será positiva em algum momento. Isaac Asimov, num conto clássico (“Homem Bicentenário”), imaginava já nos anos 1970 a situação de um juiz do futuro que estivesse julgando um pedido de liberdade feito por um robô senciente. O veredito do juiz, na fundamentação imaginada por Asimov, apoiou-se no seguinte pensamento: “ninguém tem o direito de recusar liberdade a qualquer criatura de inteligência suficientemente desenvolvida a ponto de compreender o conceito e desejar essa condição”. Não é implausível que um caso assim possa mesmo vir a ocorrer e tenha uma solução semelhante a essa. É claro que não seria esse um caso prosaico, mas ele acena com um mundo incrível de possibilidades que sequer podemos conceber.

Enfim, o futuro do direito está interligado a muitos campos do saber, da biologia à astronomia, passando pela medicina, pela computação, e tantas outras áreas. Em todos esses variados saberes, têm surgido fatos inabituais, descobertas exóticas que produzem novas e inusitadas relações sociais. O direito precisará, usando a sua velha técnica de preordenar comportamentos, dirigir e, em certos casos, quiçá obstruir, as novas sendas que se abrem.

18 out
Como aumentar a produtividade da sua empresa (e da sua vida)

Escola de negócios e gestão

Manual anti-procrastinação: métodos e ferramentas para te ajudar a ser mais produtivo

Davi Gabriel da Silva é um consultor de métodos ágeis e agente de mudanças organizacionais que atua com projetos de tecnologia há quase uma década. Entusiasta de temas como autogestão, empoderamento e autonomia no trabalho, ele é especialista em aumentar a eficácia de times corporativos usando o método de organização Getting Things Done, ou GTD. Traduzido como “A arte de fazer acontecer”, esse método foi criado pelo especialista em produtividade David Allen e se baseia na ideia de que podemos ser mais produtivos e controlar nosso stress por meio da organização do excesso de pendências que rondam a nossa mente.

“Sempre fui fascinado pela forma como nós, enquanto empresas e indivíduos, nos organizamos para alcançar algo maior”, conta. “Mas foi só quando o time de desenvolvimento de software do qual eu fazia parte falhou miseravelmente que decidi estudar a fundo sobre isso. Depois que comecei a entender mais sobre formação de times, metodologias de gestão e modelos organizacionais, decidi me dedicar integralmente a isso”, diz.

Davi faz treinamentos que ensinam sobre organização e produtividade – não apenas dentro de empresas, mas também para a vida pessoal. “O trabalho do século 21 é predominantemente criativo e colaborativo, então a comunicação e as relações entre as pessoas são fundamentais. Ainda achamos que somos ‘apertadores de parafuso’ e temos que fazer a nossa ‘função’ bem, mas não paramos para refletir sobre essa função.”

Nesta entrevista, o especialista fala sobre o conceito de produtividade e explica alguns dos métodos e ferramentas disponíveis para ajudar a buscá-la sem perder de vista nossos reais objetivos.

O que é produtividade para você? E para as empresas?

Para mim, produtividade é ser eficiente (fazer certo a coisa) e eficaz (fazer a coisa certa). A visão das empresas com relação à produtividade ainda está muito pautada no primeiro critério (eficiência) e pouco no segundo (eficácia). Muitas pessoas acham que um dia produtivo é aquele em que você fica o tempo todo na frente do computador fazendo a sua função, sem interrupções. Mas isso é ser eficiente. Não necessariamente você está sendo eficaz, ou fazendo a melhor coisa para você e para a sua organização.

Por que escolheu trabalhar com o método Getting Things Done, ou GTD?

Eu o escolhi por ser muito provocativo – ele desafia algumas recomendações tradicionais de “gestão do tempo” – e por não ser apenas uma ferramenta de produtividade: o objetivo principal dele é reduzir o stress! Existem dois aspectos do método que eu gosto muito.

O primeiro é o chamado de “mente clara como água”. A visão clássica de produtividade é você estar trabalhando em um ritmo alucinado, pegando cada vez mais trabalho. Mas o GTD diz que, para você ser mais produtivo, a sua mente precisa estar tranquila, descansada e “clara como água”. Para isso, você precisa esvaziar completamente a cabeça, de modo a se concentrar no que você está fazendo neste exato momento.

O segundo é “pare de simplesmente criar to-do lists”. Muitas metodologias de “gestão do tempo” dizem que você deve criar listas de coisas a fazer, planejando assim tudo o que você pretende executar em um determinado dia/data. Acontece que é praticamente impossível prever o que você vai fazer ou deixar de fazer hoje ou amanhã. O resultado é que, no final do dia, você acaba adiando diversas tarefas para o dia seguinte, e assim sucessivamente.

Isso é uma fonte de stress. O GTD propõe uma abordagem na qual você cria listas de “próximas ações”, sem especificar “prazos artificiais” para coisas que não têm prazo. Dessa forma, você experimenta uma sensação de tranquilidade. Quando você está “livre”, seleciona uma ação da sua lista de “próximas ações”.

Todas as startups costumam ser fãs de ferramentas de organização de tempo e produtividade, mais do que as empresas convencionais? Por quê?

As startups vivenciam todos os desafios das empresas tradicionais mais a escassez de recursos e a necessidade de encontrar um modelo de negócio escalável. Toda essa “pressão” faz com que a produtividade (fazer bem a coisa certa) seja muito importante.

Como garantir que a busca pela produtividade (tanto na vida pessoal quanto no trabalho) não esteja sobrecarregando os indivíduos?

Focando no segundo aspecto da produtividade: a eficácia. Trabalhar em um ritmo sustentável é importante para que possamos continuar fazendo a coisa certa por um longo período de tempo. Se focamos só em fazer bem uma determinada coisa (eficiência), a tendência é dedicarmos cada vez mais tempo a ela. Mas precisamos trabalhar de forma inteligente também! E isso significa ritmo sustentável.

O que é preciso para validar um método de produtividade? Como você avalia se ele é bom ou não?

Acho que muitos métodos podem funcionar. Prefiro o GTD pela simplicidade e objetividade. Mas, para mim, o método não é tão relevante assim: o que importa é se você vai ter disciplina para segui-lo!

Individualmente, como uma pessoa pode avaliar se uma ferramenta serve para ela ou não? Como saber se é hora de persistir ou abandoná-la?

Acredito que a melhor forma de avaliar é testando. Eu já usei diversas ferramentas e até costumo trocá-las com uma certa frequência. Um bom critério de avaliação é se ela comporta todas as informações que você precisa registrar. Eu gosto de anotar o nome da tarefa, a lista/categoria, o contexto (local) e eventualmente uma data. Uma ferramenta sem esses quatro campos é inviável para mim. Outra coisa que eu acho importante é a capacidade de repetir (tornar recorrentes) as tarefas. Acho que as pessoas não devem investir esforço em usar uma ferramenta específica (se exige esforço, não serve), mas focar na disciplina de ter um registro.

A rotina de trabalho de oito horas vem sendo questionada, inclusive porque pesquisas mostram que trabalhar menos horas pode ser mais produtivo. Qual é a sua opinião sobre essa discussão?

Acho que isso entra na mesma linha da questão da eficiência X eficácia. Trabalhar menos, mas trabalhar nas coisas certas e com maior qualidade, vai certamente tornar você mais produtivo. As empresas brasileiras ainda focam a sua atenção muito na eficiência, achando que manter todos ocupados o tempo inteiro é a coisa mais importante em uma organização.

Você é a favor do home office?

Sim, sou a favor do home office. Mas eu acho que ele pode ser desvantajoso em equipes onde a interdependência entre as atividades de pessoas diferentes é grande. Mesmo usando todas as ferramentas de comunicação disponíveis hoje em dia (videoconferência, ferramentas de compartilhamento de arquivos, mensagem instantânea, etc.), ainda não temos tecnologia que possa substituir de forma satisfatória a comunicação face a face com um quadro branco. O home office pode tornar você mais eficiente, mas às vezes também o torna menos eficaz (pela falta de comunicação).

Pela sua experiência, que hábitos ou práticas têm sido eficientes em ajudar as pessoas a se tornarem mais focadas e organizadas?

O método GTD pode nos ajudar a registrar todas as nossas pendências, de modo a esvaziarmos a cabeça e nos tornarmos mais concentrados na atividade que estamos fazendo agora. Para isso, a aplicação de um “sistema confiável de organização” (que é a proposta do GTD) é vital. Eu tenho o meu sistema (uso o Remember the Milk) no qual registro todas as pendências da minha vida. Toda vez que lembro de alguma coisa importante, anoto lá e esqueço. Dessa forma eu consigo esvaziar a cabeça, pois confio que ele vai me avisar quando necessário.

Costumo utilizar uma técnica de priorização de quatro critérios: contexto, tempo disponível, energia e importância. Primeiro, avalio se estou no contexto adequado para executar uma tarefa: em casa, no trabalho, na internet, no cliente etc. Depois, vejo quanto tempo a tarefa pode levar e verifico se tenho o necessário. Por exemplo, entre uma reunião e outra, posso selecionar uma tarefa que leve menos de cinco minutos. O terceiro critério é o mais negligenciado e corresponde à energia disponível. Quando queremos executar algo com qualidade, precisamos avaliar se dispomos da energia mental ou física necessária. Por exemplo: costumo deixar as tarefas mais chatas para a parte da manhã, quando estou mais disposto. Também gosto de fazer exercícios nesse horário. Por último, temos o critério da importância, em que escolhemos qual o projeto ou ação mais relevante de acordo com outros fatores.

Você tem alguma história para contar de como conseguiu ajudar com o GTD uma empresa que estava com processos muito desorganizados?

Sim. Em muitas organizações as pessoas têm um hábito terrível de se comprometer com datas o tempo todo. É o famoso “o-quê-para-quando” (what by when). O que acontece é que essas pessoas ficam aceitando várias tarefas com prazos artificiais para criar um tipo de “compromisso consciente”. O problema dessa abordagem é que, quando aceitamos um projeto para uma determinada data, não olhamos toda a nossa lista de pendências e verificamos se a nova missão é possível e prioritária em relação ao resto. Pior ainda: muitas vezes nem sequer anotamos o que nos comprometemos a fazer. Em uma organização para a qual prestei consultoria, esse era um hábito terrível e muito frequente. Muito compromisso com datas e poucas entregas. Eu confrontei esse hábito fazendo diversas palestras e workshops de GTD, reforçando a importância de adotarmos um sistema confiável de registro e termos o hábito de “capturar” as pendências.

Algumas empresas tentam disseminar o uso de ferramentas de chat corporativo para diminuir o uso do e-mail. Você acredita que o e-mail atrapalha a produtividade?

A principal dificuldade do e-mail está associada ao fato de ele ser uma ferramenta assíncrona. O chat corporativo e as mensagens instantâneas são ferramentas de comunicação síncrona, o que permite maior agilidade na troca de informações. Acredito que por esse motivo o chat pode ser mais produtivo. Por outro lado, ele pode causar mais interrupções e desvio de atenção.

Fonte: Livro “Seja mais produtivo. Agora” da jornalista Ana Prado.

17 out
Arbitragem no direito do trabalho: agora é possível!

Escola de direito aplicado

Com o intuito de modernizar a regulamentação das relações de trabalho no Brasil foi promulgada a Lei nº 13.467/2017, intitulada de “Reforma Trabalhista”, que inseriu 96 disposições na Consolidação das Leis do Trabalho.

Um dos pilares da nova legislação, é a tentativa de diminuir o número de demandas perante o Poder Judiciário trabalhista que, como todos os demais ramos, encontra-se lotado, com milhares de processos.

Uma das sugestões para tentar minimizar esse problema, temos, por exemplo a previsão contida no artigo art. 507-A da CLT, que autoriza expressamente a adoção, em certos casos, da arbitragem como método alternativo de solução de conflitos.

A Reforma Trabalhista, no particular, adota solução já encampada em vários países, tais como Estados Unidos[1] e Itália[2].

Pela Reforma, a arbitragem será admitida nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Nessa hipótese, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei de Arbitragem.

São pré-requisitos para a adoção da arbitragem que: (i) o trabalhador perceba remuneração superior ao dobro do teto de benefícios do Regime Geral de Previdência Social; (ii) iniciativa do trabalhador para inclusão desta cláusula; ou (iii) anuência expressa do trabalhador (art. 507-A da CLT).

No mais, tudo tem que estar de acordo com os termos previstos na Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, conforme listado abaixo:

  1. a cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira; e,
  2. nos contratos de adesão, como a maioria dos contratos de trabalho, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.
    A novidade legislativa entrará em vigor no dia 11 de novembro de 2017. É preciso uma mudança cultural no mundo corporativo, principalmente entre médias e pequenas empresas, que poderão se valer de um método rápido e seguro de solução de controvérsias.

Esta medida beneficia os empregados, que não precisarão aguardar a resposta de um Poder Judiciário muitas vezes moroso, ineficiente e que somente no primeiro grau da Justiça do Trabalho possui uma taxa de congestionamento de 46% na fase de conhecimento e 77% na fase de execução, conforme aponta o Relatório da Justiça em Números de 2017 (ano-base de 2016, p. 122).

Por outro lado, no processo arbitral, a sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Caso nenhum prazo seja convencionado entre elas, a sentença deverá ser proferida em seis meses

Torcemos para que o novo espírito seja rapidamente incorporado às práticas trabalhistas, o que, por certo, trará grandes vantagens para todos, inclusive para o próprio Poder Judiciário.

[1] cf. Xavier Blanc-Jouvan, Le développement de l’arbitrage des litiges en droit du travail: à la redécouverte d’une institution française en disgrace. Étude comparative des droits français et américain, in: Revue de l’arbritrage, 2003, p. 348 e seguintes.

[2] cf. art. 806, § 2º, do Código de Processo Civil Italiano.

[3] MIZIARA, Raphael; NAHAS, Thereza. Impactos da reforma trabalhista na jurisprudência do TST. São Paulo: RT, 2017. Ação civil pública. Prática de arbitragem nos dissídios individuais trabalhistas. Período posterior à dissolução dos contratos de trabalho. Inaplicabilidade. Arts. 114, §§ 1º e 2º, da CF, e 1º da Lei nº 9.307/1996. Imposição de obrigação de se abster. O instituto da arbitragem não se aplica como forma de solução de conflitos individuais trabalhistas, seja sob a ótica do art. 114, §§ 1º e 2º, da CF, seja à luz do art. 1º da Lei nº 9.307/1996, pois a intermediação da câmara de arbitragem (pessoa jurídica de direito privado) não é compatível com o modelo de intervencionismo estatal norteador das relações de emprego no Brasil. Quando se trata de Direito Individual do Trabalho, o princípio tuitivo do emprego inviabiliza qualquer tentativa de se promover a arbitragem, alcançando, inclusive, o período pós-contratual, ou seja, a homologação da rescisão, a percepção das verbas daí decorrentes e até mesmo eventual celebração de acordo. Com esses fundamentos, a SBDI-I, por maioria, conheceu dos embargos interpostos pelo Ministério Público do Trabalho, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes provimento para, reformando a decisão que chancelara a atividade de arbitragem em relação ao período posterior à dissolução do contrato de trabalho, desde que respeitada a livre manifestação de vontade do ex-empregado e garantido o acesso irrestrito ao Poder Judiciário, condenar a reclamada a se abster de promover amplamente a arbitragem envolvendo direitos individuais trabalhistas, inclusive após a cessação do contrato de trabalho e no que tange à tentativa e/ou à efetiva formalização de acordos entre empregados, ou ex-empregados, e empregadores. Vencido o Ministro Ives Gandra Martins Filho. TST-E-ED-RR-25900-67.2008.5.03.0075, SBDI-I, rel. Min. João Oreste Dalazen, 16.4.2015. (Informativo TST nº 104).

12 out
Um robô que salva vidas: inteligência artificial a serviço da medicina

Escola de tecnologia aplicada

Laura é um robô diferente. Não foi feita de lata e nem tem os braços mecânicos que costumam ser associadas às criaturas de sua classe. Ela foi criada para analisar dados e salvar vidas a partir da tecnologia cognitiva. Ela identifica pacientes que podem desenvolver sepse (uma resposta desregulada do sistema imunológico a uma infecção) e avisar a equipe médica para que um tratamento seja iniciado. A cada 3,8 segundos Laura procura qual pessoa internada em um hospital está em estado mais crítico, algo que seria humanamente impossível. O objetivo é poupar tempo dos profissionais, recursos dos hospitais e o mais importante: salvar vidas. A cada hora sem tratamento, o risco de uma pessoa morrer de sepse aumenta 8%.

A invenção de Laura se deve a uma morte que poderia ter sido evitada. Laura era o nome de uma menina que morreu da doença apenas 18 dias após nascer. Foi quando seu pai, o analista de sistemas Jacson Fressato, 38 anos, começou uma caçada para descobrir os culpados. Durante nove meses ele fez trabalhos voluntários em hospitais para tentar encontrar o motivo de a menina partir tão cedo. Ele descobriu que não havia um culpado, mas um acúmulo de causas. Para eliminá-las, era necessário criar um sistema que permitisse aos médicos tomar decisões mais rápidas. Fressato decidiu desenvolver a plataforma por conta própria. Custou R$ 1 milhão, metade do valor bancado por um investidor-anjo.

No final de 2016, o robô foi implantado no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba. Em menos de 90 dias, diminuiu em 10% a mortalidade da sepse grave e aumentou em 27% o desempenho da equipe. No começo de 2017, o software começou a ser implantado pela prefeitura de Curitiba para monitorar e criar base de dados dos pacientes atendidos pelas unidades públicas. “A Laura ajuda a diminuir mortalidade porque otimiza os recursos do hospital”, afirma Fressato.

COMO FUNCIONA

Assim que o robô é implantado, começa a garimpar a base de dados de todos os sistemas integrados do hospital e fazer uma classificação de risco. Laura foi programada para identificar pontos-chaves que montam a sepse, ou seja, ela cruza informações como dados vitais alterados e disfunções orgânicas, e calcula o tempo médio de atendimento entre todos os pacientes que estão no sistema do hospital. Com isso, consegue identificar um quadro de risco e avisar a equipe médica por meio de monitores. A tela laranja significa que um paciente está propenso a desenvolver sepse. Em casos mais graves, o robô manda SMS para os médicos. “O sonho de Laura é tecnologia de ponta e acessível para todos com o menor custo possível”, diz Fressato. O robô é doado para hospitais filantrópicos, mas é preciso pagar o custo de aplicação, de R$ 42 mil reais.

Fonte: Revista Istoé

11 out
Dica do criador do Waze para startups: ‘Resolva um problema’

Escola de negócios e gestão

O sonho de criar uma startup com uma ideia revolucionária, vendê-la por milhões de dólares a uma grande companhia e depois se aposentar certamente é comum a muita gente que começa a empreender. Exceto pela parte da aposentadoria, foi isso que aconteceu com o economista israelense Uri Levine um dos criadores do Waze. Ele diz que busca sucessos maiores que o aplicativo comprado por 1,1 bilhão de dólares (3,45 bilhões de reais atualmente) pelo Google em 2013.

Levine, ao contrário dos outros co-fundadores, saiu da empresa após a sua venda. Tem participação em nove startups e dá palestras sobre empreendedorismo pelo mundo. Durante evento na capital paulista nesta terça, disse que o principal para quem quer seguir o mesmo caminho é procurar um problema para resolver, algo grandioso, que vá melhorar o mundo.

“A boa notícia é que há muitos problemas a serem resolvidos. A má, é que ainda há muitos”, disse durante entrevista após o evento. “O trânsito não está resolvido, os serviços médicos têm muitos problemas. Se você olhar para os dos Estados Unidos, por exemplo, o custo é cinco vezes maior do que na Alemanha. E não são cinco vezes melhores. São quase a mesma coisa, mas são simplesmente mais caros. Há muita ineficiência nisso”, explica.

Outro campo que vê como promissor é o da educação porque, segundo ele, não houve mudanças na forma de ensinar e aprender no último século, e o mundo mudou muito nesse tempo. “Nossos avós tinham um trabalho durante toda a vida deles, e nossos pais tinham uns cinco. Mas, olho para meus filhos: no último ano, eles tiveram cinco trabalhos”, compara. “Talvez nós tenhamos que aprender algo que é completamente diferente, ou adaptabilidade, ou novas habilidades, em vez de ficar fazendo sempre a mesma coisa”, diz.

Para escolher o problema, diz que é preciso identificar quais pessoas são afetadas por ele, e como elas percebem a questão. Aí então, gastar tempo procurando entendê-lo melhor. O Waze levou cerca de um ano até que os os mapas, feitos através das informações enviadas pelo GPS do celular dos usuários, ficassem bons, na sua avaliação.

Levine diz que as informações compartilhadas por usuários, que foram vitais para o Waze, são uma grande fonte de conhecimento para quem quer resolver um problema. “Esse modelo de contribuição colaborativa é a maneira mais rápida de conseguir informação que não está disponível. E as pessoas, definitivamente, estão ‘ok’ com a ideia de compartilhar”, disse.

Da sua trajetória, disse que aprendeu que é preciso estar focado no problema em vez da solução, o que julga difícil. E que os empreendedores devem se preparar para atravessar um “deserto” – época que ocorre após a excitação inicial com o projeto, em que parece que as coisas não progridem, mas na qual se deve continuar tentando, sem medo de errar.

Sobre a venda ao Google, diz que teve “sentimentos diversos”. E, apesar de recomendar que empreendedores comemorem conquistas, garante que não fez “nada de especial” após a transação, apenas teve a certeza de que poderia fazer algo maior. “[As minhas startups] são as coisas nas quais estou trabalhando atualmente. E continuo desenvolvendo porque tenho a mesma paixão que antes. Mas, agora estou ‘anabolizado’. Então, qualquer coisa que tentar fazer, será muito mais impactante”, disse.

09 out
20 aplicativos para facilitar a vida dos universitários

iCEV

São tantas as tarefas com as quais um estudante precisa lidar dentro da faculdade que, às vezes, parece impossível lidar com todas de uma vez. No entanto, a tecnologia pode ser muito útil para ajudar a conciliar todos os estudos, bem como fornecer materiais de estudo e ferramentas úteis para ajudar em trabalhos – tudo que um universitário precisa para aproveitar a faculdade ao máximo.

Para ajuda-lo, selecionamos 20 aplicativos, divididos em categorias, que com certeza facilitarão seu dia a dia. Confira a lista!

Organização

1. Any.do

Se organizar é fundamental para qualquer estudante e, por isso, o any.do é um aplicativo que faz a diferença. O software criar listas de tarefas e ainda permite que os usuários as sincronizem com seus dispositivos, para acessá-lo de qualquer lugar.

2. Mailbox

Estudantes costumam receber muito e-mails e pode ficar difícil se encontrar em meio a tantas mensagens. O Mailbox permite que o usuário trabalhe com vários e-mails de uma vez, organize-os em pastas e crie lembretes, para que nenhuma mensagem importante passe despercebida.

3. Dropbox

Ter um backup de seus arquivos acessível de qualquer lugar é o sonho de todo o estudante. Isso já se tornou realidade por meio do Dropbox, que armazena dados na nuvem, permitindo que você acesse seus arquivos de qualquer lugar – e sem limite de armazenamento.

4. Google Drive

Com o Google Drive também é possível gerenciar todos os dispositivos do Google em um só lugar, consequentemente conseguindo ver seus arquivos de maneira fácil e rápida. Por também possuir armazenamento na nuvem, o Google Drive permite que seu conteúdo seja acessado de qualquer lugar, basta conseguir uma conexão de internet.

5. Studious

Diga adeus à velhas agenda de papel. Com o Studious é possível reunir todas as informações necessários para seus estudos, como horários de aulas, prazos para trabalhos e matérias de aulas. Outra vantagem é que o aplicativo cria lembretes sobre suas tarefas para que você não perca nenhum prazo.

6. Self Control

A distração causada pela internet é um dos fatores que mais prejudicam os estudantes. Nesse caso, o Self Control pode ajudar a manter o foco e inclusive se organizar melhor. O aplicativo bloqueia seus sites favoritos por determinados períodos de tempo, para que você não desvie sua atenção das aulas ou outras tarefas importantes.

7. Clear

Em muitos casos, são tantas atividades de que um estudante precisa manejar que uma lista de tarefas apenas não é suficiente. Quando isso acontece, o Clear pode ser a melhor solução. Ele permite criar diversas listas de tarefas ao mesmo tempo e sincronizá-las, para que o estudante tenha a dimensão de tudo o que precisa fazer ao longo do dia.

Materiais de estúdio

8. Scribd

O Scribd reúne milhares de livros digitais, sobre diversos temas, em um só lugar. Como é acessado por pessoas de todo o mundo, é possível encontrar livros raros, artigos manuscritos e muitos outros documentos interessantes, que não estariam a disposição de outra maneira. Ainda é possível selecionar seus artigos favoritos e criar a própria biblioteca, que está à disposição para ser acessada de qualquer lugar.

9. Mathway

O Mathway simplifica muitos problemas de estudantes da área de exatas. Sua função é encontrar a solução de problemas matemáticos e ainda fornecer o passo a passo da resposta correta. Ideal para os problemas e trabalhos mais difíceis.

10. Chegg

O gasto com livros didáticos é um dos maiores investimentos dos estudantes durante as aulas. Para diminuir esse custo é possível contar com o Chegg. Através dele o estudante pode alugar livros didáticos por um preço menor que o necessário para comprá-los, o que garante uma boa economia.

11. TED

Poucos sites reúnem tanto conteúdo útil e inspirador quanto o TED. Com palestras sobre diversos temas, o site pode oferecer ótimas dicas para seus estudos e colaborar para a formação acadêmica.

12. iTunes U

O diferencial do iTunes U são suas parcerias: ele contém videoaulas de algumas das mais conceituadas universidades do planeta, como Yale, MIT, Oxford e Cambridge. Uma ótima oportunidade para aprender mais e ter novas ideias!

Idiomas

13. Dictionary. Com

Para estudantes que tenham aulas de inglês na graduação, o Dictionary.com é uma excelente opção de aplicativo, pois é um dicionário online bastante completo. Como diferencial, ele possui gírias e palavras menos conhecidas do idioma, além de funções como a chance de saber o que outros usuários estão procurando e se atualizar sobre as novas tendências de vocabulário da língua inglesa.

14. The Oxford Dictionary

Um dos dicionários mais conceituados em inglês, o Oxford Dictionary também tem sua versão mobile. É uma ótima ferramenta para quem está procurando por uma fonte confiável, que ainda oferece diversos recursos como a pronúncia das palavras e as variantes britânicas e americanas.

15. Duolingo

Esse aplicativo é ideal para estudantes que desejem aprender novos idiomas. Com o Duolingo é possível estudar Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Holândes, Dinamarquês, Sueco, Inglês e até mesmo Português. Isso é possível graças à metodologia do software, que trabalha com testes e brincadeiras que seguem a lógica de um jogo, tornando o aprendizado mais divertido.

Ferramentas para trabalho

16. Feed. Ly

Notícias são as melhores maneiras de estudar sobre atualidades, porém, é difícil encontrar tempo para acompanhar todos os jornais. O Feed.ly serve justamente para isso: com ele é possível programar seus sites favoritos e suas áreas de interesse. Sempre que houver uma notícia relacionada, ele seleciona os links e cria um lembrete par que você se mantenha bem informado.

17. CliffsNotes

Nem sempre é possível acompanhar toda a carga de leitura demandada pelas aulas. Para isso existe o CliffNotes, aplicativo que reúne resumos de livros, lista de personagens e até mesmo informações em áudio para que você possa fazer suas provas e trabalhos mesmo que não tenha conseguido ler o livro.

18. Easy Bib

Precisa usar uma citação de um livro, mas não sabe qual é a bibliografia? O Easy Bib resolve esse problema! Basta digitar o nome do livro ou procurar seu código de barras para ter todas informações necessárias para a bibliografia, como nome do autor, ano de publicação e editora.

19. RealCalc Scientific Calculator

Útil para estudantes da área de exatas que precisam fazer cálculos específicos. O RealCalc faz cálculos como uma calculadora científica, o que perfeito para obter resultados precisos em tempo rápido.

20. Snap2PDF

Muitas vezes, ao encontrar textos online, estudantes se deparam com formatos de arquivo que não abrem em qualquer dispositivo e acabam causando transtornos. O Snap2PDF é uma boa maneira de contornar esse problema, afinal, com apenas uma foto ele converte para qualquer texto para o PDF, formato aceito pela maioria dos aparelhos.

Fonte: TecMundo

05 out
Você sabe como nasce um emoji?

Escola de tecnologia aplicada

Em junho de 2016, Anna Levin enviou uma mensagem para o suporte ao usuário do WhatsApp com o seguinte assunto: Very disappointed! A professora de medicina da USP estava frustrada com a relação de emojis – as carinhas, corações e outros ícones que podem ser incluídos nas mensagens – disponíveis no aplicativo. Dentre as opções, não constava uma imagem que lhe parecia imprescindível: uma capivara.

(Ilustração: Andrés Sandoval_2017)

Levin é uma entusiasta desses mamíferos desde que uma pequena família deles apareceu há coisa de quatro anos na raia olímpica da USP, onde ela pratica remo duas vezes por semana. “No princípio eram três, e a gente não tinha a menor ideia de como elas tinham ido parar ali, porque é tudo cercado”, disse a professora.

Com ar bonachão e pelagem farta, é difícil não simpatizar com a capivara, o maior dos roedores, do tamanho de um cachorro respeitável. Com os remadores da USP não foi diferente. Os visitantes viraram mascotes instantâneos e passaram a batizar uma regata anual organizada na raia universitária. No grupo de WhatsApp da equipe de remo, em meio a informes práticos, piadas e correntes, são corriqueiras as histórias e fotos das capivaras – cuja população local agora já passa de quarenta indivíduos. “A gente sentia falta de um emoji para falar delas, claro”, disse Levin. “Tem emoji pra cada coisa, por que não um de capivara?”

Foi imbuída de ideais republicanos que ela tomou a dianteira e escreveu para o aplicativo. Não tinha ideia de que, em matéria de emojis, o WhatsApp não passa de um títere nas mãos de uma organização cujo nome parece saído de um romance distópico: a Unicode Consortium. Impotente diante do pedido, o solícito atendente do aplicativo a direcionou à página do labiríntico site da Unicode que elenca os requisitos para submeter a proposta de um novo emoji à avaliação. Levin – uma especialista em doenças infecciosas e parasitárias – descobriu então a burocracia insuspeita para sugerir um novo ícone. “É mais complexo que enviar um projeto à Fapesp.”

Os primeiros emojis surgiram no Japão antes mesmo da existência dos celulares. Era a febre dos pagers, e Shigetaka Kurita, um funcionário da empresa NTT Docomo, criou um alfabeto de caracteres especiais bem simples para facilitar a comunicação de sentimentos e ideias abstratas – e também para se diferenciar da concorrência. Apesar da semelhança sonora com a palavra emoticon, muito usada nos primórdios da internet (e que vem da união dos termos em inglês para “emoção” e “ícone”), emoji é um neologismo japonês que junta as palavras e (“imagem”) e moji (“letra”).

Os caracteres se tornaram tão populares no Japão que, quando a Apple lançou o primeiro iPhone, não havia possibilidade de penetrar naquele mercado se deixasse os emojis de fora. Fizeram então uma adaptação dos desenhos criados por Kurita: a ideia era que, num primeiro momento, apenas os japoneses pudessem acessar o banco de caracteres. Mas, como sói acontecer no mundo da tecnologia, hackers não demoraram a quebrar o código e liberar o acesso para todos. Por isso abundam os ícones ligados à cultura japonesa, como o sushi, a tempura e o cocô sorridente, improvável símbolo de sorte naquele país.

Desde então os emojis conquistaram a internet – hoje há 2 666 opções disponíveis – e também o mundo offline (de chaveiros a almofadas, é possível encontrar toda sorte de bugigangas no formato dos símbolos mais populares). Há registros de conversas inteiras baseadas só em trocas de ícones; o romance Moby Dick ganhou uma versão escrita exclusivamente com os símbolos e de título infame, Emoji Dick; até o Estado Islâmico tem lançado mão do recurso para arregimentar novos soldados pelo Twitter.

O papel da Unicode, consórcio sem fins lucrativos que congrega representantes das gigantes da era digital, como Google, Apple e Microsoft, é uniformizar os emojis. Como eles funcionam como caracteres (e não como imagens inseridas na mensagem), era preciso que um ícone enviado de um iPhone pudesse ser lido em computadores e outros modelos de celular. O consórcio trabalha justamente para garantir a legibilidade dos caracteres em diferentes sistemas operacionais.

Com a popularidade, veio também o anseio por uma maior representatividade dos emojis. Usuários reivindicaram a opção de escolher a cor da pele do bonequinho, a inclusão de famílias gays e comidas populares como bacon e abacate – além, é claro, de animais nativos de diferentes regiões, como a capivara. Acostumado a se reunir bissextamente para debater a inclusão de caracteres de dialetos com poucos falantes, o comitê da Unicode se viu às voltas com legiões de usuários frustrados com a ausência, a presença, ou o design de um sem-número de emojis.

Para solicitar o ícone da capivara à Unicode, Anna Levin deveria seguir um roteiro específico. Precisou pesquisar a ocorrência do termo em várias línguas no Google, mas teve também que explicar como o emoji poderia ser útil na comunicação de diferentes grupos e mostrar que nenhum desenho já existente cumpria essa função. “Foi como uma pesquisa científica”, comparou a professora. “Descobri, por exemplo, que a capivara estampa uma moeda no Uruguai, e anexei uma foto na proposta.”

A Unicode defende que o protocolo detalhado ajuda a provar que um candidato a emoji é realmente útil. “Não pode ser só ‘Bem, acho que o emoji de um esquilo bêbado seria maneiro’”, brincou Mark Davis, cofundador e presidente do consórcio, em entrevista à revista Time. Davis lembrou que os emojis não constituem uma linguagem universal, e que é impossível prever em que contexto serão adotados. “Você obviamente conhece o uso que se faz da berinjela”, disse ele ao entrevistador, aludindo ao legume fálico recorrente em mensagens licenciosas.

Convicta de que a capivara merece seu próprio emoji, Levin vislumbra outros usos do ícone para além do propriamente zoológico: “Não tem aquela história de puxar a capivara de alguém, no sentido de checar sua ficha corrida?”, aventou. O emoji de capivara, conclui-se, tem potencial para viralizar entre delegados e detetives.

No começo de agosto, a Unicode divulgou uma lista com os 67 finalistas para a atualização de emojis que será feita no ano que vem. A imprensa destacou a inclusão de um novo montinho de cocô, agora triste, mas chama a atenção ainda a presença do bagel e da manga, entre os alimentos, e da lhama e do guaxinim, no reino animal. “Nada de capivara por enquanto”, lamentou Anna Levin.

A bem da verdade, a professora sequer chegou a submeter a candidatura do roedor, por esbarrar noutra exigência do formulário. Além de justificar a criação do emoji, o solicitante deve ainda oferecer um esboço do ícone. “Não conheço nenhum designer, não consegui ninguém pra desenhar nossa capivara”, disse. Mas Levin é persistente e pretende formalizar a proposta em 2018. “Pode esperar a capivara na próxima atualização!”

Fonte: Revista Piauí

03 out
Alienação fiduciária: “mas só faltam duas parcelas”?

Escola de direito aplicado

O sujeito pretende comprar um automóvel. Sem dinheiro, ele opta por algum tipo de financiamento. O Banco, evidentemente, precisa de uma garantia de que receberá o dinheiro que emprestou. O sujeito resolve, então, dar o próprio carro que pretende comprar em garantia. É mais ou menos isso que se chama de alienação fiduciária. Bom para todos, certo?

 

Depende. O consumidor pode pagar só uma parcela da dívida com o Banco e criar para este o ônus de ir atrás do bem dado em garantia. Dá trabalho, mas ao menos o Banco sabe que poderá reaver o bem, posteriormente vendê-lo e, assim, compensar suas perdas. Ou saberia. Imaginem o caso.

 

O nosso mesmo sujeito hipotético adquiriu o bem, pagou mais de 90% do financiamento e, por conta das circunstâncias da vida, deixou de pagar as últimas cinco ou seis parcelas. Isso autorizaria o Banco a reaver o automóvel cujo financiamento já havia sido quase integralmente pago?

 

De acordo com a teoria do adimplemento substancial, não. Se você paga substancialmente sua dívida, o credor não pode – ou não poderia – se valer da parte pequena que você não pagou para tentar rescindir o contrato. Parece justo, não é? Tudo bem que você está inadimplente. Mas pera lá, certo? A parcela inadimplente não é nada perto daquilo que você pagou. É mais justo que eu fique com o bem, que o contrato permaneça e que o Banco tente, de outras formas, receber o valor que não foi pago.

 

Pois é. Esse parecia o entendimento – para usar um termo caro aos juristas – pacífico na jurisprudência nacional. Até a 2ª Seção do STJ pegar todos de surpresa e decidir, no REsp 1.622.555, que a teoria do adimplemento substancial não se aplica aos contratos de alienação fiduciária.

 

Além da surpresa – o STJ adora a teoria do adimplemento substancial – o destaque ficou para os trechos do voto-vencedor, do Ministro Marco Aurélio Bellizze, que consideravam que a aplicação da teoria, antes de proteger o consumidor, prejudicava todo o sistema.

 

O tipo de garantia existente nesses tipos de contrato – o próprio veículo financiado – confere uma relativa segurança à instituição financeira, que não depende da eventual existência de patrimônio do devedor para assegurar a quitação da dívida.

 

E se o Banco não puder, a partir de um determinado limiar, reaver o bem, qual seria o resultado principal? O aumento do risco. Se a garantia da alienação fiduciária era relativamente simples e facilmente executável, agora pode ficar mais complexa, já que os Bancos teriam que apelar a outros meios de cobrança para conseguir o adimplemento integral do débito do devedor.

 

O que o Ministro Bellizze observou é que esse aumento do risco se refletiria num custo adicional para as operações de alienação fiduciária. E esse custo adicional resultaria em juros maiores. Juros maiores que nenhum consumidor gostaria de pagar. Ainda que a busca e apreensão de um automóvel quase integralmente quitado pareça excessiva, ela é o que garante uma certa segurança no contrato, o que impacta, diretamente, o custo do financiamento.

 

Ainda não há como saber o que essa decisão significará para o futuro do direito do consumidor (e do direito privado em geral). Mas é interessante observar uma mudança na lógica da decisão: o STJ considerou, dentre outros fatores, o impacto econômico da decisão. E fez mais: considerou não impacto desta decisão específica, mas o impacto que a aplicação do “entendimento” adotado teria naquele micro-sistema de crédito. Será isso a indicação de novos tempos?

 

02 out
Os millennials chegaram às empresas. O que fazer agora?

iCEV

A geração dos millennials, aquelas pessoas nascidas depois dos anos 80, vem tomando lugar nas empresas com uma frequência cada vez maior. Para a especialista em gestão Joanna Barsh, diretora emérita da consultoria McKinsey, isso impõe um série de desafios para os gestores, e é preciso se adaptar. Em novembro, Joanna virá ao Brasil participar da conferência HSM Expo, em São Paulo, onde falará sobre essas e outras questões.

“Não existe mais aquela fidelidade com a empresa” (Jemal Countess/Getty Images)

Em seu novo livro, Grow Wherever You Work (“Cresça onde quer que trabalhe”, numa tradução livre), ela orienta a geração millennial a lidar com os desafios do trabalho. Esses desafios de hoje são diferentes daqueles do passado?

Não acho que eles sejam diferentes. O que difere é a mentalidade da geração millennial. Os jovens entendem que as empresas podem demitir a qualquer hora se for necessário cortar custos ou se a companhia for vendida. Por outro lado, pensam que, se não estiverem gostando do trabalho, vão procurar outro lugar. Ou seja: não existe mais aquela fidelidade à empresa, porque a empresa também não é mais fiel ao funcionário.

De que forma isso ocorre na prática?

Quando enfrentam um desafio, os millennials pensam: “Talvez eu deva me demitir e tentar outra coisa. Talvez deva virar empreendedor”. Eles sentem que, se não estiverem crescendo, se desenvolvendo, vão deixar a empresa. Isso vem de um sentimento de autodependência muito forte.

Por que a fidelidade com as empresas foi perdida?

Porque os millennials nasceram num mundo mais instável. Um mundo em que há recessão econômica, os conflitos mundiais e os acontecimentos inesperados ocorrem o tempo todo. Além disso, muitos viram seus pais perder o emprego. Sabem que o ambiente das empresas é rigoroso e que eles têm de cuidar de si mesmos. Acreditam que a carreira é uma responsabilidade deles, mas também é uma questão de escolha. Também por causa disso, mudam de emprego com mais frequência.

É uma geração que se arrisca mais?

Não. Conheço muitas histórias de millennials que se arriscam mais, mas também conheço muitos millennials que não se arriscam em nada. É mais uma questão individual. Não acho que seja uma questão geracional.

Como as empresas podem se adaptar a essa mentalidade?

Para as empresas gerenciarem os funcionários mais jovens de forma mais efetiva, precisam oferecer um trabalho que tenha um significado para os funcionários. Em que eles sejam capazes de aprender, de crescer e evoluir na carreira. Em que eles se sintam parte de uma comunidade. Um trabalho em que falar diretamente com o presidente da companhia seja algo natural.

Imagino que não seja fácil criar um ambiente assim, certo?

As grandes empresas com as quais me relaciono começaram a treinar seus gestores para se comunicar melhor, para reconhecer que precisam liderar as equipes de forma diferente. Isso porque os millennials estão se demitindo em número tão grande que virou um problema. O custo de recrutar pessoas e vê-las sair da empresa o tempo todo é muito alto.

Essas medidas têm funcionado?

Ainda é cedo para dizer. Pretendo fazer uma pesquisa com as empresas agora para saber quais medidas tiveram sucesso. A verdade é que tudo está sendo experimentado. Então, vamos ver uma mudança contínua das empresas nos próximos cinco anos.

Fonte: Revista Exame

28 set
Alto-falantes inteligentes esbarram nos sotaques brasileiros

Escola de tecnologia aplicada

Os alto-falantes inteligentes já estão nas casas de diversos americanos. Segundo a consultoria eMarketer, 35,6 milhões de pessoas usarão aparelhos como o Amazon Echo, o Apple Homepod e o Google Home em 2017. O Brasil, entretanto, ainda não teve lançamento de nenhum produto dessa categoria e especialistas indicam um dos principais motivos do atraso: os diferentes sotaques e as regionalidades idiomáticas dos brasileiros.

Esses aparelhos são caixas de som que podem obedecer aos seus comandos de voz à distância. A proposta deles é atender às suas ordens quando ditas de maneira natural, e não robótica, travada ou, de alguma forma, codificada.

Qual é a vantagem disso? Várias. Esses produtos podem funcionar como uma central de controle para os seus aparelhos conectados à internet, como lâmpadas inteligentes, Smart TVs ou mesmo termostatos (mais populares nos Estados Unidos do que no Brasil). Ao dizer um simples “apagar as luzes” ou um simpático “boa noite” para o seu alto-falante, tudo pode ser desligado logo que você se deitar. Fora isso, também é possível usar os aparelhos para fazer listas de compras ou mesmo encomendar os itens que faltam na sua casa.

Esses produtos trazem três assistentes de voz diferentes: Alexa (Amazon), Siri, (Apple) e Google Assistente (Google). Os dois últimos já entendem o idioma português brasileiro há algum tempo. A Alexa, a caçula entre eles, fala prioritariamente inglês.

Rodrigo de Deus, diretor de estratégia para tecnologias emergentes na consultoria PwC, afirma que o mercado para os assistentes de voz tende a crescer nos próximos anos no Brasil, mas será preciso vencer alguns obstáculos, como o preço dos produtos, as parcerias de negócios entre as fabricantes e lojas online, a infraestrutura de internet no país e os diferentes sotaques do português.

Para aprender o idioma e seus regionalismos, a tecnologia pode ser uma aliada graças ao machine learning, uma técnica de aprendizagem de máquina que permite que eletrônicos aprendam mais rapidamente do que humanos. Ainda assim, eles precisam ser ensinados de maneira parecida com o que fazemos com crianças.

“Para que o machine learning ajude esses aparelhos, ainda é preciso que eles passem por um estágio de evolução. Ele precisa ser adaptado ao português para poder evoluir. Conforme o mercado crescer, isso vai ajudar a incorporar o jeito do brasileiro falar. Não é só a tradução, é o jeito como as pessoas falam, como fazem perguntas, seus sotaques e nuances de linguagem”, disse Deus.

Andre Miceli, coordenador do MBA e Pós-MBA em marketing digital da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre em administração pelo Ibmec RJ, afirma que o idioma pode ser uma barreira, mas reforça que há outras questões importantes que travam o lançamento dos alto-falantes inteligentes no nosso país.

“Se olharmos a história, é fácil encontrar diversos eventos com atrasos nos lançamentos de soluções de empresas de tecnologia como Amazon, Apple, Microsoft, Google e de muitos outros gigantes. Ninguém se posicionou formalmente a respeito do que motivou o fato dessa vez, mas usualmente temos duas grandes razões: logística e mercado. No primeiro grupo temos questões relacionadas à distribuição, importação, regionalização e afins. No segundo grupo, vemos as empresas gerenciando seus lançamentos em função de questões de mercado”, declarou Miceli.

O professor diz ainda que há casos em que as empresas retardam seus lançamentos para deixar os concorrentes entrarem primeiro com o novo produto no mercado. O objetivo? Aprender com a experiência deles e redesenhar suas estratégias.

Falando português

Falando agora estritamente do problema do idioma para assistentes de voz em português, a IBM passou por um processo interessante. Ela treinou, junto ao banco Bradesco, a sua inteligência artificial Watson para aprender a nossa língua. Foram meses de uso da tecnologia por funcionários do banco. Eles tornaram o Watson um verdadeiro especialista nos produtos da empresa. Com isso, os bancários podem recorrer a ele sempre tiverem alguma dúvida.

Atualmente, a IBM informa que a acurácia do Watson para voz é de 97% e de 96% para interações via texto.

Outra forma que a empresa encontrou de aliar tecnologia, arte e treinamento para o Watson foi usar sua inteligência artificial na exposição “A Voz da Arte”, realizada neste ano na Pinacoteca de São Paulo.

Por meio de um app de iPhone, as pessoas puderam perguntar naturalmente ao Watson e ouvir respostas sobre obras de arte expostas no museu. Isso ajudou o produto da IBM a aumentar seu acervo de respostas para possíveis perguntas. As 7 mil variáveis de perguntas se transformaram em 40 mil após dois meses de exposição.

Guilherme Novaes, líder de Watson na IBM Brasil, contou os principais desafios da tecnologia atual de reconhecimento de linguagem natural.

“Falar com pouco ruído, em um ambiente controlado e sem interferências, é uma coisa. Quando você vai para um local barulhento, essa acurácia pode ser reduzida. Isso não é exclusividade do Watson. É um desafio que qualquer empresa vai ter. Nesse caso, temos que treinar continuamente o Watson para entender a intenção da pergunta nesses ambientes barulhentos”, afirmou Novaes.

Por essas e outras razões, as interações via mensagens de texto têm altíssima precisão. Com isso, o treinamento é rápido.

“É como uma criança pequena com taxa de aprendizagem muito mais alta do que a de um ser humano”, disse Novaes.

Quem lança primeiro?

O Google Home pode ser um dos primeiros a chegar ao país. Empresa anunciou neste ano que chegará em breve ao país com uma estratégia de longo prazo para lançamentos de hardware no nosso mercado. No anúncio, um dos aparelhos mostrados à imprensa foi justamente o Google Home.

A Amazon não teria o mesmo alcance de negócios que tem nos Estados Unidos. No nosso mercado, a empresa vende basicamente livros, enquanto lá ela vende de tudo. No entanto, fontes ligadas a Amazon indicam que a compra da Saraiva no Brasil é possível dentro de pouco tempo. Se isso acontecer, a Amazon poderia oferecer mais produtos para serem comprados por meio do Echo. Vale notar também que a companhia já abriu seu espaço online para outras varejistas parceiras, transformando sua loja em um marketplace–outra medida que aumenta o acervo da empresa.

A Apple, apesar de ter a Siri em português, não deu indícios de que vai trazer o produto ao Brasil em breve. Porém, a página do release de imprensa do produto no site oficial da Apple foi traduzida para português.

Fonte: Revista Exame

26 set
Novas tecnologias e a formação do profissional jurídico

Escola de direito aplicado

Um texto dedicado a tranquilizar – ou não – o atual estudante de direito

Ao se formar em direito, cada geração encontra uma realidade diferente quando entra no ambiente de trabalho. É perfeitamente possível dizer que o advogado contemporâneo de Rui Barbosa é um profissional totalmente diferente daquele que exercia o mesmo ofício em meados da década de 90, época em que as privatizações agitavam o Brasil. Nos últimos tempos – entenda-se meses – o frenesi gira em torno de temores relacionados à chegada da tecnologia de ponta no âmbito jurídico.

A questão que corre entre estagiários e estudantes de direito é: haverá emprego para quando se graduarem?

De fato, é inegável que recentemente o mercado tem sofrido impacto atrás de impacto por conta do surgimento cada vez mais proeminente de tecnologias aplicáveis às profissões jurídicas. Ao presenciar um software emitir uma debênture em seis minutos ou uma plataforma gerar uma petição em menos de dez, é totalmente compreensível que o graduando de hoje pense em “correr para as colinas”. A ideia de que a automação e a inteligência artificial talvez substituam a atuação destes profissionais – principalmente os mais novos – é realmente apavorante para quem sequer concluiu o ensino superior.

O objetivo destas tecnologias, contudo, é outro. O surgimento de ferramentas tão sofisticadas não tem como mote a substituição do trabalho de um advogado, por exemplo, e sim tornar o seu trabalho mais intelectual e especializado. A noção é que seja liberado o tempo de um profissional altamente qualificado para que este possa de fato se concentrar na realização de tarefas que exigem sua inteligência e dedicação.

Com este ponto, sim, o graduando deve se preocupar. Em pouco tempo, gradativamente será mais exigida uma formação aprofundada dos profissionais jurídicos, em um mundo bastante competitivo no qual sobreviverá aquele capaz de desenvolver tarefas complexas. Diante disso, resta imaginar que o futuro do graduando em direito depende de si; nunca foi tão fundamental que o tempo de faculdade seja dedicado exclusivamente à aquisição de conhecimentos que vão muito além do básico.

Isso envolve escolher uma área desde cedo, pesquisar com afinco os temas que lhe concernem, produzir conteúdo relevante e se relacionar com o mercado assim que possível. Parece uma tarefa árdua para alguém tão jovem, porém toda a energia que isto demanda faz com este seja o melhor momento para cumpri-la. Afinal de contas, em um ambiente em que tarefas triviais se tornam automatizadas, o espaço é reservado somente para os indispensáveis.

Todas estas ideias passam longe de serem apocalípticas. Muito pelo contrário: há quem diga que a atuação de advogados será inteiramente substituída por “robôs”. Entretanto, a relação existente com tais sistemas é mais simbiótica do que parece: a questão da confiança, o engenho intelectual e o contato interpessoal, por exemplo, são aspectos que ressaltam a indispensabilidade de características que somente o ser humano pode prover. Neste sentido, quem sabe o advento destas tecnologias não signifique um retorno às atividades para as quais o aspecto humano mais se faz necessário, em detrimento de funções burocráticas e administrativas que juristas assumiram, desnecessariamente, ao logo da história.

O que eu gostaria de ter ouvido enquanto ainda estava na graduação era uma noção da realidade que tento passar por meio deste texto. O mundo encontrado para além dos muros da faculdade é totalmente diferente do que ainda se prega na maior parte dos cursos de direito. Da forma como serviços são cobrados até a forma como estes são executados, novas tecnologias vêm transformando o propósito das profissões jurídicas – para melhor. Por tal razão, uma parcela desta formação diferenciada também cabe às instituições de ensino, que devem ser capazes de transmitir a seus alunos os desafios enfrentados no “campo real”.

Atualmente, é indispensável que sejam trazidas ao ambiente acadêmico discussões relacionadas às preocupações dos profissionais de um amanhã não tão distante, em que relações sociais serão balizadas por elementos pouco inteligíveis, como códigos e linguagens diferenciadas. O ser humano se relacionará cada vez mais com máquinas e esta interação não pode passar despercebida por juristas. Se não houver a atenção desde cedo a tais temas, em breve poucos graduados serão capazes de tratar a seu respeito – e que caos isto seria.

Voltando à indagação levantada no início do texto: diante desse cenário, é preciso “correr para as colinas”?

Francamente, não. O maior conselho possível é não ignorar que estas mudanças já são verdade e que cada um se faça necessário neste terreno tão competitivo que é o mercado de trabalho em direito. Para se destacar daqui para frente, é primordial não perder tempo reclamando ou abnegando a tecnologia. A competitividade está aí: passo a passo maior e as atividades jurídicas, mais especializadas.

Se empenhar para ser indispensável é o caminho mais conveniente para o jovem operador do direito do futuro.

Fonte: Victor Cabral Fonseca/JOT

25 set
Nunca diga estas frases numa entrevista de emprego

iCEV

“Com a dificuldade de encontrar emprego, as pessoas têm chegado mais desesperadas aos processos seletivos e muitas vezes acabam falando o que não deviam”, diz ela. Exageros, mentiras, autoelogios e até palavrões têm aparecido com mais frequência nas salas de entrevista, segundo a recrutadora.

 

Esses tropeços no discurso podem arranhar a imagem de um candidato ou até excluí-lo do processo seletivo, e portanto devem ser evitados. Mas a preocupação com a própria fala também não pode gerar artificialismos e criar comportamentos robóticos — que, por sua vez, também afastam oportunidades.

“O candidato precisa falar o que pensa, ser espontâneo”, afirma Guilherme Malfi, gerente da divisão de recursos humanos da consultoria Talenses. Para ele, o único critério que realmente deve balizar o discurso de um profissional na entrevista de emprego deve ser o respeito: não cabe falar de forma grosseira ou preconceituosa. “Esse é o meu único fator de exclusão”, diz o headhunter.

Ainda assim, certas frases específicas podem, sim, boicotar a sua candidatura — especialmente se acompanhadas por outros fatores não-verbais, tais como linguagem corporal, tom de voz e aquilo que Mota e Malfi descrevem como “a energia do candidato”.

Mesmo as falas mais adequadas não empolgarão o entrevistador se a pessoa estiver sentada de forma desleixada, falar com um tom de voz displicente e parecer desanimada com a vaga.

Quando o silêncio é ouro

Embora a comunicação seja um processo complexo — e tudo dependa, a rigor, do contexto em que acontece —certas frases simbolizam comportamentos considerados inadequados para as necessidades atuais do mercado de trabalho.

Os recrutadores da Produtive e da Talenses listaram algumas sentenças que valem (bem) menos do que o silêncio:

“Como me vejo daqui a cinco anos? Não tenho ideia”

Entrevistas de emprego não servem apenas para checar se você é compatível com a vaga oferecida; a ocasião também é usada para conhecer o seu nível de maturidade e interesse pela própria carreira. “Quando alguém responde que nunca pensou sobre o próprio futuro, mostra que não é protagonista de sua história, que não se conhece e não sabe o que quer”, diz Mota.

A falta de autoconhecimento também pode ser demonstrada por ambições irreais. “Daqui a cinco anos, me vejo como o CEO desta empresa” é o tipo de frase que sugere arrogância e até ingenuidade quando parte, por exemplo, de um analista sênior. “Melhor seria dizer que deseja ter sua própria equipe, e que inclusive está fazendo sessões de coaching no momento para desenvolver suas habilidades de liderança”, recomenda a gerente da Produtive.

“Meu ex-chefe era muito grosseiro”

Além de antiético, esse tipo de declaração pejorativa soa aos ouvidos do seu potencial empregador como um mau presságio: se a pessoa está maldizendo seu antigo líder, por que não faria isso no futuro com ele também?

Para Malfi, fazer críticas sobre a sua experiência anterior não é proibido. Tudo, mais uma vez, depende do tom e das palavras escolhidas. “Você pode dizer, por exemplo, que não concordava com a linha de gestão do seu antigo chefe pelos motivos x, y e z”, explica ele. “É muito diferente de dizer que ele era burro”.

“O ritmo é puxado demais? / Tem muita hora extra?”

Não há nada de errado em pedir detalhes sobre o modelo de trabalho do contratante. No entanto, na visão dos especialistas, demonstrar uma preocupação muito grande com a carga de trabalho pode cair mal numa entrevista.

“É comum ouvir candidatos perguntando se a empresa exige muito, se os funcionários costumam trabalhar até mais tarde, sobre banco de horas, férias, salário, feriado”, diz Mota. Segundo ela, esse tipo de indagação transmite que o candidato só está preocupado com sua própria comodidade, e que não está tão interessado efetivamente no trabalho que pode desempenhar naquela empresa.

“Quanto tempo passei na empresa X? Não lembro direito, deixe eu ver aqui no currículo”

Segundo Mota, muitos candidatos mostram dificuldades para relembrar detalhes da sua trajetória e acabam usando o próprio CV para “colar” na hora da entrevista.

É um tiro no pé. Frases que demonstram que o candidato não domina sua história profissional costumam levar à desclassificação. “Se ele não conhece sua própria carreira, quem é que vai conhecer?”, diz a especialista da Produtive. “É uma postura que revela despreparo e descaso pela própria vida profissional”.

“Sou mais criativo do que a média”

Pecado mortal em currículos, o autoelogio também precisa ser evitado na entrevista — especialmente se vier desacompanhado de justificativas concretas. “Dizer que você é bom, muito melhor em algo do que os outros, não diz absolutamente nada”, afirma Malfi.

No lugar de frases vagas sobre as suas competências, é melhor contar histórias reais e específicas sobre algo que você fez.

Vale descrever algum projeto do qual você participou, por exemplo, mas nunca de forma genérica: diga exatamente qual foi a sua contribuição e que “marcas” você deixou. “Mencione resultados que a empresa não teria tido se você não estivesse lá”, recomenda o gerente da Talenses.

Fonte: Revista Exame

21 set
Cientistas conectam cérebro humano com internet pela primeira vez

Escola de tecnologia aplicada

Nas últimas décadas a neurociência evoluiu a passos largos com o auxílio de tecnologias como eletroencefalogramas, ressonância magnética e tomografias computadorizadas, mas compreender em detalhes como o cérebro humano funciona e processa informações ainda representa um grande desafio para os neurocientistas. Uma das áreas mais desafiadoras dentro da neurociência é a pesquisa em interfaces cérebro-computador, mais conhecida pela sigla BCI (em inglês, brain computer interface).

Esse ramo da neurociência busca entender como criar interfaces que permitam uma comunicação direta entre o cérebro e um equipamento externo, como um computador ou uma prótese. Tais interfaces permitem aos cientistas mapear, estudar e reparar danos no cérebro humano. Atualmente, as pesquisas em BCI sao majoritariamente dedicadas a criar tecnologias que permitam à pessoas com limitações auditivas, visuais ou de movimento, restaurarem parcialmente essas capacidades com o uso das chamadas neuropróteses. Mas o potencial das interfaces cérebro-computador não para por aí. Além de ajudar pessoas com problemas de saúde, essa tecnologia também pode futuramente transformar a forma como nos comunicamos, aprendemos e experimentamos o mundo.

Um exemplo disso é o experimento apresentado na matéria do site Futurism, chamado Brainternet. Os pesquisadores que o idealizaram dizem ter conseguido, pela primeira vez, conectar um cérebro humano à internet. O projeto consiste em coletar sinais elétricos cerebrais de um usuário através de um equipamento de eletroencefalograma, sinais que são então transformados em dados e transmitidos para uma página na internet, em tempo real.

O grande desafio hoje é criar uma comunicação de mão dupla entre o cérebro e o computador, na forma de inputs e outputs de informações. Por enquanto só é possível capturar o ‘output’ do cérebro, ou seja, “gravar” o que os neurônios estão transmitindo, sendo o projeto Brainternet um exemplo disso. Futuramente pesquisadores acreditam que será possível também realizar ‘inputs’ de informação — introduzir informação externa através da estimulação correta dos neurônios.

Grandes empresas do vale do silício também estão atentas para o potencial das interfaces cérebro-máquina, investindo milhões de dólares no desenvolvimento dessa área de pesquisa. Em abril, em sua conferência F8, o Facebook, revelou ter um time de sessenta engenheiros trabalhando no desenvolvimento de uma BCI que possibilitará ao usuário digitar apenas com seu pensamento, sem a necessidade de controles ou teclados. O plano é que, eventualmente, as pessoas possam navegar ambientes de realidade virtual e realidade aumentada apenas com sua mente.

Outro grande destaque na área é Elon Musk, que recentemente criou uma nova empresa, a Neuralink, com o objetivo de usar BCI para reparar danos e eventualmente para ampliar nossas capacidades intelectuais e cognitivas. Com a iminência do rápido desenvolvimento da inteligência artificial, uma das grandes preocupações de Musk, futuristas e pesquisadores, é que a inteligência humana se torne obsoleta. Uma solução plausível para o problema é a possibilidade de, através de interfaces cérebro-máquina, nos conectarmos a essas inteligências artificiais, permitindo aos humanos acompanhar sua rápida evolução.

Esse cenário futuro nos convida a pensar nossa relação com a tecnologia e até mesmo repensar o que significa ser humano. A interação com nossas tecnologias até então se deu através de telas, teclados, interfaces visuais ou por voz, mas um futuro onde nossas ferramentas se confundem com nós mesmos talvez não esteja tão distante.

Fonte: Medium

20 set
7 coisas que mudam na vida quando você vira empreendedor

Escola de negócios e gestão

Quer saber como será sua vida de empreendedor? Veja esta lista!

Não são poucas as pessoas que sonham em ter o próprio negócio. Mas será que elas realmente sabem o que as espera numa vida de CEO?

 

Se você sonha em empreender, é importante ter em mente os desafios que encontrará pelo caminho. Do contrário, é bem possível que você se frustre por ter imaginado uma vida que não corresponde à realidade.

Para ajudá-lo a conhecer o que muda na vida quando uma pessoa se torna dona do próprio negócio, elencamos sete respostas publicadas na rede social Quora. Todas foram escritas por empreendedores e respondem à seguinte pergunta: O que muda na vida quando você é um fundador/CEO?

Veja abaixo as respostas:

1 – Caos e montanha russa
“É caótico. Você tem grandes altos e baixos. Sua lista de tarefas cresce mais rápido do que a sua sombra às 5 da tarde. Você cometerá erros, e dois meses depois se questionará por que você não viu falhas tão óbvias. Você se tornará chato para as outras pessoas, porque só falará sobre assuntos que tenham a ver com o seu negócio. Mas é um dos melhores trabalhos para se ter, se você ama o que faz e consegue lidar com o risco. Você perceberá do que é capaz.” – Betty Liu, empreendedora.

2 – Responsabilidades mil
“Você é responsável por aqueles que emprega. Se a sua empresa tiver um bimestre ruim, alguém perde o emprego. Se a sua empresa não inova com a rapidez com que precisaria, todos perdem o emprego. Se a sua empresa tem uma cultura ruim, seus empregados terão problemas de saúde. É similar a tomar conta de uma família.Você quer que eles vivam numa casa confortável? Quer que seus filhos frequentem uma boa escola? Então você precisa trabalhar mais para fazer acontecer. Ao mesmo tempo, precisa encontrar o equilíbrio para liberar a sua criatividade para resolver problemas. Muitas vezes nós não vemos as respostas certas quando estamos soterrados no trabalho. É um trabalho 24 por dia, 7 dias por semana. Você persiste porque o que você está fazendo é mais importante do que você – você está criando vidas agradáveis para, quem sabe, milhares de pessoas.” – Josh Fechter, empreendedor e mentor.

3 – Muitas incertezas


“No ano que passou eu me tornei empreendedor. Ser o fundador de algo, sem contar com um salário seguro, sem acordar e ter alguém te dizendo o que fazer, é ao mesmo tempo a coisa mais libertadora e incerta para querer na vida. De um lado, eu posso fazer as malas e ir para qualquer lugar que eu quiser, quando eu quiser. Não existe um chefe, para quem eu preciso pedir permissão. Por outro lado, eu na verdade tenho um monte de trabalho sobre a minha mesa, portanto tirar uma folga é um desafio. Eu amaria pensar que eu posso fazer o que eu quiser, quando eu quiser, mas eu ainda sou responsável por entregar o trabalho que prometi aos meus clientes. É um nível de responsabilidade que a maioria das pessoas jamais teve”. – Nicolas Cole, empreendedor.

4 – Liberdade lifestyle
“Vamos ser honestos: qualquer um pode se chamar de fundador ou CEO hoje em dia. Eu poderia começar um novo negócio em cinco minutos. O poder da internet possibilitou um novo tipo de empreendedor, que eu chamarei de empreendedor “lifestyle”. Eles podem trabalhar de qualquer lugar do mundo e gerir suas empresas pelo laptop. A maior parte de sua equipe é remota e a terceirização é fundamental para o seu sucesso. Esses empreendedores podem ganhar apenas algumas centenas de dólares por semana, enquanto alguém que tem escala pode fazer milhões”. – Nathan Resnick, empreendedor.

5 – O valor da honestidade


“Você terá um barco maravilhoso e não precisa trabalhar mais. Brincadeira! Aqui vai a verdade sobre o que significa ser um fundador/CEO: Eu fundei minha empresa e me tornei CEO com 22 anos. Cresci para 50 funcionários em 5 anos, com clientes na Europa, América do Norte e Ásia. Isso mudou completamente o que eu penso sobre o que é possível se você usa os padrões certos ao lidar com seus clientes e funcionários. Disse a mim mesmo que ser honesto e confiável são as coisas mais importantes na vida. Que construir relacionamento com seus clientes e ser justo nos negócios vale muito a pena”. – Zbigniew Czarnecki, empreededor.

6 – Muito estresse
“Em geral é estressante. Tudo está sobre os seus ombros. Tudo. O sucesso ou o fracasso da emrpesa é responsabilidade sua. Não há nenhuma outra pessoa para admirar ou culpar. Além disso, a sua paixão e determinação em alcançar seus objetivos aumentam o estresse porque você fica tão envolvido em alcança-las que simples atrasos e problemas te causam estresse. Por isso você precisa aprender a lidar com o estresse para não deixar que ele te derrube”. – Robert Cornish, empreendedor.

7 – Coisas terríveis (e o melhor dos mundos)
“Você quer dormir. Você quer encontrar sua mulher e seus filhos. Você sente medo ao pensar no salário dos próximos meses. Você vai pensar: “Eu sou um bilionário!” e cinco minutos depois: “Sou um perdedor…”, e depois de novo “Sou um bilionário!”, e de novo e de novo. Você vai acordar com uma lista de coisas ou um modelo financeiro na cabeça. E um monte de outras coisas terríveis. Mas quer saber? É o melhor sentimento de todos. E não importa se você conseguirá 1 bilhão ou 100 bilhões, você deveria tentar”. – Ruslan Nazarenko, empreendedor.

Fonte: Exame

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