Pintando Dores e Amores

Há mais de uma década foi sancionada a Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006), que homenageia Maria da Penha. Ela foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte do ex-marido, ficando paraplégica em consequência disso.

Mais de 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil apenas nos últimos 12 meses, como mostra a pesquisa da Datafolha encomendada pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em fevereiro deste ano.

Laboratório Maria da Penha

Professora Adriana Ferro e Cynara Veras, representante do Ministério Público

Por isso, desde a criação da lei foram elaboradas políticas públicas para mudar a realidade de dessas mulheres. O Laboratório Maria da Penha surge como uma forma de conscientizar e incentivar a pesquisa e ações de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, por meio de capacitação dos operantes do Direito desde a faculdade.

O programa é do Ministério Público do Estado do Piauí, junto com Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres e nós, do iCEV, abraçamos esse projeto. Coordenado pela professora Adriana Ferro, os alunos do iCEV integrantes do Laboratório desenvolveram um projeto de intervenção para mudar a realidade de meninas com vulnerabilidade social.

“A nossa intenção é que nossos alunos percebam que existe uma realidade que muitas vezes muito diferente da que eles vivem, e que eles estão sendo formados como profissionais para intervir nessa realidade e fazer toda a diferença para a sociedade”, diz Adriana Ferro, coordenadora do Laboratório Maria da Penha do iCEV e Diretora Acadêmica.

Pintando Dores e Amores

Quadros pintados pelas meninas da Casa de Esther

O projeto foi desenvolvido em fases, desde o estudo mais aprofundado da Lei Maria da Penha, visita a todos os órgãos de combate à violência e defesa dos direitos das mulheres, até a intervenção na Casa de Esther, uma entidade sem fins lucrativos, que visa atender crianças e adolescentes de 09 anos a 18 anos em situação de extrema vulnerabilidade decorrente do uso abusivo de substâncias psicoativas.

Os acadêmicos do iCEV do Laboratório Maria da Penha realizaram o projeto “Pintando Dores e Amores”, que levou a arte como forma de expressão e empoderamento para as meninas assistidas, elas foram as protagonistas na escolha da atividade realizada na oficina. Isso permite que elas, além de poder se expressarem seus sentimentos, entendam o poder da decisão, que podem ter autonomia em relação à própria vida.

 Maria Clara é integrante do Laboratório Maria da Penha, ela conta que “foi muito interessante participar desse projeto porque a gente aprendeu muito, tanto pela parte jurídica quanto pela parte social o quanto que é importante trabalhar com essa temática. Na atividade de pintura nós demos uma oportunidade para elas falarem do que elas quisessem, não só dos problemas delas, que elas já falam todos os dias”.

Projeto de intervenção do Laboratório Maria da Penha

Além disso, foi mobilizada uma campanha de arrecadação de produtos de higiene e beleza.As obras feitas pelas meninas com vulnerabilidade social por esse projeto social foram expostas em murais por todo o iCEV.

“Fiquei maravilhada como os relatos sobre a atividade, nós queremos justamente isso, que os esses estudantes se tornem profissionais com empatia, a sensibilidade de se colocar no lugar do outro” – Cynara Veras, psicóloga do Ministério Público e responsável pelas ações do Laboratório Maria da Penha.