fbpx

26 out
Uso Humanista e Realista da Inteligência Artificial

Artigo escrito pelo professor da Escola de Tecnologia Aplicada Dimmy Guimarães

Antes de adentrarmos nas complexidades técnicas da inteligência artificial (IA), é imperativo compreender o lugar dessa tecnologia no contexto humano. A tecnologia, incluindo a IA, não é apenas uma ferramenta, mas uma extensão de nossa capacidade de criar e inovar, transformando fundamentalmente a maneira como vivemos, trabalhamos e interagimos uns com os outros. No entanto, essa transformação é acompanhada por desafios éticos e sociais
que precisam ser abordados com uma abordagem humanista e realista.

No contexto humano, a tecnologia e, em particular, a IA, desempenham um papel ambivalente. Por um lado, a IA pode aprimorar significativamente nossa qualidade de vida, aumentar a eficiência em diversas áreas, como medicina, finanças e transporte, e até mesmo salvar vidas através de diagnósticos médicos mais precisos e tratamentos personalizados. No entanto, por outro lado, ela levanta questões preocupantes, como a privacidade de dados, a segurança cibernética e o temido desemprego tecnológico, à medida que sistemas automatizados substituem certas funções de trabalho.

Aqui, a filosofia humanista possui um papel crucial. O humanismo coloca o indivíduo no centro de suas preocupações, enfatizando o valor intrínseco de cada ser humano. Essa filosofia defende a ética, a razão e o respeito pelos direitos humanos como princípios fundamentais. No contexto da IA, o humanismo nos lembra da importância de desenvolver e utilizar essa tecnologia de forma responsável, considerando sempre seu impacto nas pessoas. Isso significa garantir que os algoritmos de IA sejam justos, transparentes e não discriminatórios, e que o uso dos dados seja feito com respeito à privacidade e à dignidade dos indivíduos.

Além disso, o humanismo também ressalta a importância da educação e do acesso equitativo à tecnologia. À medida que a IA se torna mais onipresente, é vital que todos tenham a oportunidade de entender e se envolver com essa tecnologia, para que possamos colher seus benefícios de forma igualitária e construir uma sociedade mais justa. No entanto, enquanto abraçamos o humanismo, também devemos adotar uma abordagem realista em relação à IA. O realismo nos lembra de que a tecnologia, incluindo a IA, não é uma panaceia para todos os problemas humanos. Ela pode apresentar limitações e desafios, como o viés nos algoritmos e a dependência excessiva de sistemas automatizados. Para lidar com essas questões, precisamos de uma abordagem equilibrada e pragmática.

No contexto da IA, o realismo nos incentiva a reconhecer os riscos e limitações da tecnologia e a trabalhar proativamente para mitigá-los. Isso envolve a implementação de regulamentações adequadas, o desenvolvimento de estratégias de segurança cibernética e a contínua monitorização dos sistemas de IA para detectar e corrigir possíveis vieses ou erros. De forma geral, a Inteligência Artificial é um campo multidisciplinar que busca criar sistemas e máquinas capazes de realizar tarefas que, normalmente, exigiriam inteligência humana, como aprendizado, raciocínio, tomada de decisões e reconhecimento de padrões. No
entanto, quando pensamos em IA de forma utópica, podemos ser tentados a imaginar máquinas dotadas de consciência e autoconhecimento, capazes de replicar plenamente a complexidade da mente humana.

Esse idealismo muitas vezes é retratado na ficção científica, na qual a IA assume características quase mágicas, como compreensão emocional, criatividade ilimitada e uma compreensão profunda da natureza humana. Embora essas representações sejam fascinantes, é importante lembrar que a IA atual está longe de atingir esse nível de sofisticação, sendo, na realidade, um conjunto de algoritmos e sistemas projetados para executar tarefas específicas com base em dados e regras programadas.

O conceito quase distópico da IA se distancia da realidade técnica, destacando a importância de abordagens humanistas e realistas em seu desenvolvimento e aplicação. Enquanto o humanismo nos lembra do valor intrínseco da humanidade e da ética na utilização da IA, o realismo nos orienta a encarar a tecnologia com objetividade, reconhecendo suas limitações e desafios. Em meio às expectativas utópicas, é essencial mantermos uma visão equilibrada da IA, reconhecendo-a como uma ferramenta poderosa, porém, que ainda está em evolução, e que sua aplicação deve ser guiada por valores éticos e uma compreensão realista de suas capacidades atuais. Assim, podemos buscar benefícios tangíveis e, ao mesmo tempo, enfrentar os desafios complexos que a IA apresenta à nossa sociedade.

Para ilustrar, suponha que você deseja um assistente virtual em sua casa para ajudar com tarefas diárias. O idealismo hollywoodiano seria ter um assistente que não só executa suas ordens, mas também compreende suas emoções, sugere atividades com base em suas preferências e até mesmo faz piadas para animar seu dia. Esse assistente, na visão futurista, seria como um amigo virtual perfeito, sempre atento às suas necessidades e desejos.

No entanto, na realidade, a IA atualmente disponível é mais semelhante a um assistente robótico prático, como um aspirador de pó autônomo. Ele pode realizar tarefas específicas, como limpar o chão de forma eficaz, mas não possui consciência, emoções ou capacidade de compreender profundamente seus sentimentos. Ele não pode fazer sugestões criativas nem entender suas nuances emocionais.

Sistemas como o ChatGPT se aproximam muito mais de um “assistente robótico prático” do que de uma entidade com consciência e compreensão emocional. Isso ocorre devido às limitações tecnológicas subjacentes a essas tecnologias. O ChatGPT e sistemas similares operam com base em algoritmos de aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural, o que lhes permite gerar respostas contextuais e úteis, mas sem consciência, sentimentos ou uma verdadeira compreensão do mundo e das emoções humanas.

Eles funcionam a partir de padrões estatísticos aprendidos a partir de dados, fornecendo soluções práticas para tarefas específicas, mas não são capazes de replicar a complexidade da mente humana. Portanto, ao considerarmos o uso da IA, é importante manter expectativas realistas sobre suas capacidades e limitações, reconhecendo sua utilidade prática, mas também sua ausência de consciência e emoção.

Em um mundo onde a tecnologia, em particular a Inteligência Artificial, desempenha um papel cada vez mais central, é vital que adotemos uma abordagem humanista e realista para sua utilização. O humanismo nos recorda da importância de colocar os valores humanos, a ética e o respeito pelos direitos individuais no centro de nossas ações, garantindo que a IA seja desenvolvida e aplicada de maneira responsável, justa e equitativa. Além disso, o realismo nos
lembra de reconhecer as limitações e desafios dessa tecnologia, sem cair em idealizações utópicas.

À medida que a IA continua a desempenhar um papel cada vez mais significativo em nossa sociedade, devemos permanecer vigilantes, garantindo que essa ferramenta poderosa seja usada para melhorar nossas vidas e enfrentar os problemas complexos que enfrentamos. Devemos promover a transparência, regulamentação adequada e educação para que todos tenham a oportunidade de compreender e se envolver com a IA.

O verdadeiro perigo da Inteligência Artificial não reside em uma possível dominação física em escalas mundiais, como frequentemente retratado na ficção científica, mas sim na possibilidade de um uso desgovernado, inconsciente, incontrolável e socialmente deslocado dessa tecnologia. O risco iminente não é uma rebelião de máquinas, mas sim a potencial criação de uma lacuna social insuperável. Um uso inadequado da IA pode resultar em uma desconexão devastadora entre o avanço tecnológico e as necessidades humanas básicas.

Pode criar uma sociedade onde a tecnologia avança rapidamente, enquanto muitos são deixados para trás, tanto digital quanto socialmente. Esta disparidade pode gerar uma avalanche de desabrigados sociais e digitais, marginalizando indivíduos e comunidades inteiras que não têm acesso às oportunidades proporcionadas pela IA. Portanto, é imperativo que avancemos na implementação da IA com consciência, responsabilidade e consideração pelas implicações humanas, garantindo que essa tecnologia beneficie a humanidade como um todo, em vez de aprofundar ainda mais as divisões em nossa sociedade.

Deixe um comentário

Seja o Primeiro a Comentar!

avatar

Compartilhe com um amigo

Tags

Está com dúvidas?
Estamos aqui pra ajudar! Envia um e-mail ou chama no whatsapp: (86) 3133-7070
Entrar em contato!
© 2017 iCEV Instituto de Ensino Superior
Esse domínio pertence ao Grupo Educacional Superior CEV
CNPJ: 12.175.436/0001-09