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04 dez
Redes sociais e o risco diário da intolerância

No mundo em que vivemos atualmente, as redes sociais como Facebook, Twitter etc, fazem parte do nosso cotidiano. Mais do que “redes sociais”, estas plataformas eletrônicas – criadas inicialmente para ser uma espécie de diário pessoal daqueles que possuem uma conta – são hoje as maiores distribuidoras de “conteúdo” do mundo. E por conteúdo, entenda-se desde notícias jornalísticas compartilhadas por perfis oficiais de grandes conglomerados de comunicação, até mesmo, pensamento individuais.

Por conta disso, essas plataformas são fonte inesgotável de informação de diversos posicionamentos políticos, sociais e religiosos. Ora, levando esta breve reflexão em consideração, nós, seus usuários estaríamos suscetíveis aos mais antagônicos posicionamentos sobre um mesmo tema, gerando um questionamento e aberturas sem precedentes. Mas será que é isso mesmo que acontece?

Outro dia mesmo me deparei com a seguinte situação: Diante do julgamento do ex-presidente Lula, muitos de meus amigos de redes sociais utilizaram seus perfis para expressar aquilo que pensam sobre o tema. Ao me deparar com uma frase que considerei absurda, me peguei apertando o botão unfollow, ou seja, eu e aquela pessoa continuaríamos amigos, mas a partir daquele momento, suas atividades não seriam mais mostradas em meu feed de notícias. Na prática, continuaríamos amigos, mas eu não estava interessada em nada do que ele tinha a falar?

Minha própria atitude me causou espanto instantâneo: como eu iria ser amiga de alguém cuja opinião não me interessa? Será que eu me tornei o tipo de gente que só pode ser amigo daqueles com quem concordam? Ou pior, daqueles que concordam com a MINHA opinião?

Fui um pouco mais longe e pensei: não seriam as redes sociais o ambiente ideal para a armadilha do Viés de Confirmação?

Conceitualmente o viés de confirmação refere-se a um tipo de pensamento seletivo onde tende-se a dar uma maior atenção àquilo que confirma as suas respectivas crenças e de ignorar e desvalorizar qualquer ponto que as contradiga. Como um aspecto do viés cognitivo, trata de padrões de distorção de julgamento onde não existe uma tomada de decisão racional, também chamado de irracionalidade. Nesse tipo de comportamento a carga emocional é um fator determinante na escolha das provas para comprovar uma afirmação.

Mas a seleção é justamente o ponto focal das redes sociais: escolhemos quem seguir, quais veículos de informação poderão ou não nos encaminhar conteúdo de informação e quais amigos devem aparecer em nossos feeds de notícia. Ao fazermos isso incorremos diariamente em uma armadilha de confirmação: somente veículos de informação condizentes com nossa posição social e política irão nos atingir, e assim, somente uma versão dos fatos será de nosso conhecimento, o que, por sua vez, irá confirmar nossas antigas crenças e verdades, chegando ao ponto de nos fazer acreditar que somente aquela versão importa.

Assim, ao invés do território fértil de opiniões, e espaço ideal para debates, as redes sociais, por escolha nossa, tornam-se, a cada dia, uma armadilha da irracionalidade e do radicalismo, levando a movimentos perigosos.
Cabe a nós então, trazer para o consciente essa ação quase automática de somente seguir aqueles com quem concordamos e deixar entrar em nossa página diária de informações os múltiplos pensamentos da sociedade. Cabe a nós fazermos o inverso para que não tornemos o nosso mundo uma bolha de confirmação.

A fim de curiosidade, em relação àquela amiga que dei unfollow, voltei atrás, me permiti saber de suas opiniões políticas totalmente opostas às minhas, mas que fazem dela um ser muito interessante, e que certamente me fazem refletir, mesmo que seja para continuar discordando.

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2 Comentários em "Redes sociais e o risco diário da intolerância"

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Macela

Belo texto!

Bruno Agrelio

Reflexão muito construtiva! Já me peguei caindo na armadilha do viés de confirmação algumas vezes nas redes sociais.

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