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“A faculdade precisa transformar estudante em profissional global” – juiz Pedro Felipe

Ele tomou posse aos 25 anos, sendo, então, o juiz mais novo do Brasil. Pedro Felipe integra o time de professores da Escola de Direito Aplicado iCEV

6 de setembro de 2017

Pedro Felipe é discreto, tem fala eloquente e quase 400 mil visualizações no Youtube. Não, ele não é humorista, nem tampouco aspirante a digital influencer. O vídeo que protagoniza na internet – as mãos trêmulas, o semblante feliz – é do seu discurso de posse em Brasília, em 22 de fevereiro de 2013. Naquela data, a história de Pedro seria marcada para sempre pelo feito inédito: aos 25 anos, ele era o juiz federal mais novo do Brasil.

Pedro Felipe integra o time de professores iCEV.

“Toda esta cena, que hoje se desenrola, um dia, já foi um sonho distante”, diz o piauiense, nascido em Teresina, cujo currículo escolar e acadêmico sempre deram bons indícios de que iria longe. Pedro Felipe de Oliveira Santos graduou-se summa cum laude em Direito na Universidade de Brasília em 2009, conquistando o primeiro lugar da turma de formandos Especializou-se em Direito Constitucional pela União Educacional do Planalto Central e em Direito Internacional Público, pela Academia de Direito Internacional da Haia, na Holanda. No ano passado, concluiu o mestrado em Direito na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

A saga de aprovações para os cargos públicos começou aos 20 anos, quando, ainda durante a faculdade, ele foi aprovado em cargos de nível médio para o Tribunal Regional Federal da 1º Região, Tribunal Superior Eleitoral e Ministério Público Eleitoral. Aos 22 anos, entre diversas outras aprovações, ele alcançou a primeira colocação nos concursos para Defensor Público do Estado do Piauí e para Defensor Público da União – este último foi o cargo exercido por ele até 2013, até conseguir o primeiro lugar no concurso do Tribunal Regional Federal da Primeira Região – eram 29 vagas e mais de 8 mil inscritos.

Pedro Felipe concluindo o mestrado em Harvard. (arquivo pessoal)

A carreira meteórica orgulhou os pais de Pedro, servidores públicos, e também o Piauí: ele foi notícia em diversos jornais e noticiários. Todo mundo queria saber, afinal, qual a fórmula para o sucesso. A resposta pode ser tão frustrante quanto motivadora: “Não existe”, revela. “É conseguir transformar sonhos em metas e ter muito foco para atingi-las”.

Em 2018, aos 30 anos, Pedro volta à Teresina e integra o time de professores da Escola de Direito Aplicado do iCEV. “A sala de aula é, ao mesmo tempo, a minha terapia e o meu laboratório”, diz nessa entrevista que revela suas afinidades com o jeito iCEV de pensar o mundo: simplicidade, curiosidade, vontade de aprender e enfrentar o mundo pode ser a soma para a satisfação.

Em 2013, no seu discurso de posse. (arquivo pessoal)


Você deve ouvir muito essa pergunta: qual a fórmula para o sucesso?

Não existe uma fórmula exata, mas demanda conseguir transformar sonhos em metas concretas e específicas, bem como ter muito foco para atingi-las. E, acima de tudo, manter um equilíbrio emocional que consiga balancear vida pessoal, vida acadêmica e vida profissional.

 

Você sempre quis ser juiz?
Inicialmente senti a vocação para o curso de Direito. Embora eu tivesse a intuição de que eu queria atuar, ao fim, como um magistrado, apenas tive certeza quando iniciei os estágios na faculdade e pude experimentar os diversos ramos do Direito. Apenas nesse ponto, eu percebi que o meu lugar no mundo profissionalmente era a magistratura. Tomar essa decisão ainda durante a faculdade foi de extrema importância, pois me permitiu instrumentalizar todas as experiências que eu tive a partir de então para esse foco principal.

 

Como é a sua rotina atualmente? Como concilia as atividades como juiz e a sala de aula?
Trabalho durante todo o dia no fórum e, em alguns dias, ministro aulas no turno noturno e aos fins de semana. Paralelamente, sempre procuro manter algumas atividades extra profissionais, que me permitem ter um alívio da mente e um equilíbrio emocional bom. Eu gosto muito de correr, de meditar, de assistir filmes e séries, além de ler livros não jurídicos.

 

Você fica incomodado com esse rótulo de nerd, que te achem um “gênio”?
Eu tento me desvincular desse estereótipo pra mostrar pras pessoas que o motivo pelo qual eu atingi os meus objetivos em nada tem a ver com eventual vantagem intelectual em relação às outras pessoas. Todos os resultados foram fruto de muito esforço. Estudei muito, sim, e não tenho vergonha de dizer isso. Pelo contrário, tenho orgulho de dizer que tive uma rotina de estudos muito atribulada, mas, paralelamente a isso, sempre tentei dosar muito a vida de estudos com uma vida pessoal e familiar igualmente sadia.

 

Você já falou em outras entrevistas que pra cada conquista sua teve pelo menos três fracassos. Esse é um fator também importante? Aprender com as derrotas?
Sim. O jovem de hoje tem tido uma dificuldade muito grande em lidar com frustrações, lidar com fracassos, erros, em saber como superar essas barreiras e recomeçar os caminhos. A tônica da minha caminhada também foi uma tônica de aprender a lidar com esses fracassos. Eu não tenho vergonha nenhuma de falar que, durante essa caminhada, eu passei por algumas reprovações em concursos públicos, o que me ensinou muito sobre derrotas e superação. Por óbvio, fracassos geram descontentamento, mas também devem nos fazer questionar quais rumos devem ser alterados ou que caminhos devem ser repensados para que se realmente consiga atingir as metas finais.

 

Como você avalia o ensino de Direito hoje?
Existe uma dicotomia muito grande entre, de um lado, aquilo que a academia ensina e, de outro, as competências que um profissional de Direito efetivamente precisa saber na prática profissional. Esse problema não ocorre apenas no Brasil, mas tem acontecido no mundo inteiro. Eu penso que a faculdade de Direito precisa ter uma visão mais realista e pragmática das necessidades que o estudante de Direito precisa realmente absorver durante o curso. O ensino de Direito precisa se tornar mais multidisciplinar, mais aberto às outras ciências com a Economia, como a Sociologia, como a Filosofia, a Antropologia, a Comunicação, a Neurociência, entre outras. Acima de tudo, precisa transformar o estudante de Direito em um profissional global, que esteja preparado para atuar em um mercado cada vez mais complexo, que envolve novas tecnologias e que exige dela uma rapidez de raciocínio e de atuação que muitas vezes a universidade não estimula.

 

O que lhe chama atenção na proposta do iCEV?
A ideia de que o estudante terá acesso a um método que vai não apenas ensinar a dogmática jurídica, que é essencialmente importante, mas que também vai prepará-lo para ser efetivamente um bom profissional. O que nós vemos hoje é que os estudantes terminam o bacharelado e podem até saber as leis, podem até ter passado na OAB, mas eles não sabem as estratégias da advocacia, eles não sabem a atuação prática de um juiz, de um defensor, de um procurador. Eles não conseguem estabelecer diálogos entre o Direito e as outras ciências. E o mercado de trabalho hoje demanda um profissional global. Afinal, o estudante de Direito lida com conflitos sociais. Esses conflitos sociais todos estão relacionados a outras complexidades, que por sua vez, estão no mundo real, podendo ser de origem econômica, regulatória, psicológica, política, sociológica, antropológica etc. Eu acredito na proposta do iCEV pela sua disponibilidade de analisar o Direito de forma multidisciplinar e de modo aplicado, na prática.

 

Você disse também que gosta muito de aprender. Vem daí o desejo de seguir carreira como professor, paralela a magistratura?
Sim, totalmente A sala de aula é como se fosse ao mesmo tempo a minha terapia, do ponto de vista pessoal, e o meu laboratório, do ponto de vista científico. Para a sala de aula, eu levo os insights que eu tenho sobre a ciência jurídica para debater com os alunos. É onde eu posso escutar os alunos e ver como determinadas ideias se comportam sobre diferentes perspectivas.

 

Quem é o Pedro Felipe por trás da toga?
Um cara super simples, extremamente curioso, que gosta de aprender de tudo, não apenas Direito, mas também psicologia, neurociência, economia, política. Um cara que procura ser multifacetado, e, acima de tudo, gosta de apreciar a natureza, de viajar e de interagir. Eu gosto muito de gente. Interagir com pessoas sempre traz um exercício de alteridade essencial para a minha profissão e para a minha completude pessoal como ser humano.

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2 Comentários em "“A faculdade precisa transformar estudante em profissional global” – juiz Pedro Felipe"

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Tenho o sonho de fazer o curso de direito. Sem dúvidas Pedro Santos é minha maior fonte de inspiração nessa futura caminhada!
Outro sonho seria assistir suas aulas. Parabéns, Pedro Santos!

Claudinéia Bastos

Parabéns Pedro! Vc é um orgulho!!!

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