Não tem muito tempo eu esbarrei na internet com o texto: “Não entre na faculdade”. Em resumo, o autor defendia que adolescentes entre 17 e 18 anos, concluindo o Ensino Médio, não deviam entrar imediatamente na universidade – ao contrário, deveriam ir atrás de experiências paralelas, voluntárias, que, se não pagam as contas, ao menos ajudam a entender a si mesmo e ao mundo.
Pois bem, eu resolvi fazer esse texto defendendo o oposto do contrário. O conselho de Henrique Souza (é esse o nome dele e é esse o post), de 22 anos, vai na contramão do que pais, mães, professores, profissionais e estrategistas de mercado indicam: a graduação é crucial para dar start numa carreira, muito mais do que sempre foi e menos do que deveria ser – por isso mesmo nunca deixou de ser exigida nos CV, mesmo para aquelas profissões, como a minha, que não exigem um diploma para exercê-las.
Mas nem foi por isso que eu decidi discorrer sobre essa ideia (geralmente eu até gosto de ficar do lado oposto da correnteza). O que me motivou a vir escrever esse texto foi mais a incompreensão de que a experiência de vida, para algumas pessoas, esteja tão desvinculada da vida universitária. Não sei para você, leitor, mas os meus quatro anos de faculdade foram extremamente importantes para o eu de hoje em dia. É bem verdade que depois vieram estágios, especializações, cursos de férias e o mestrado, mas foi ali, aos 17 anos, das 18h as 22h que eu vivi algumas das melhores experiências da minha vida.
Em 2006, eu era a mais nova da minha turma – comprei um caderno do ursinhos carinhosos para levar no primeiro dia de aula, veja bem. Achava super diferente estudar de noite, ir pra aula de bus e havaianas, terminar as discussões no bar de sugestivo nome “Mamãe não me acha” (RIP). Era diferente ser amiga dos professores, e quando veio o primeiro estágio, eu ia assistir aula toda empoderada me sentindo a verdadeira prima-dona do jornal – era incrível levar pros debates situações reais que eu vivia no meu dia-a- dia na redação de um impresso.
Na faculdade fiz grandes amigos, tive o primeiro namoro sério, conheci minha orientadora incrível – com quem trabalho até hoje na redação da Revestrés. Aqui vale uma nota: as pessoas acham que não estão sendo vistas enquanto alunos, mas na verdade professor é, sobretudo, o grande indicador de vagas para empregos, fiquem ligados. Encarar as aulas, provas e trabalhos com seriedade pode ser o seu maior networking.
Um dos argumentos do Henrique (que escreve muitíssimo bem e tem um alto poder de persuasão) é que tirar seis meses para viver experiências diferentonas é o momento ideal para, inclusive, errar. Mas gente, a faculdade foi talvez o lugar onde eu mais dei bola fora – e isso é ótimo, porque ali era o espaço mesmo para isso. Foi lá que os meus primeiros projetos fracassaram, foi lá que montei um programa de rádio, uma revista, um seminário que não rolou – e tudo isso se reverteu em conhecimento e aprendizagem que me trouxeram até aqui.
O mundo não é preto no branco – as zonas podem e é até melhor que sejam cinzentas. Fazer uma faculdade agora não significa uma decisão definitiva (pode ser até determinante) sobre o seu futuro – concordo que a escolha de agora não deve ter esse peso, mas já é um grande passo, inclusive, se você resolver mudar de foco no futuro. Foi, honestamente, em todas as minhas experiências em sala de aula que aprendi lições importantíssimas sobre responsabilidade, compromisso, amizade, e sobre eu mesma.
Na pior das hipóteses, entrar na faculdade ajuda você a descobrir o que NÃO quer ser – e isso é, também, uma lição muito importante.
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3 Comentários em "Faculdade: não é sobre ter certeza do que você quer ser"
[…] tem afinidade com ciências exatas e carreiras relacionadas à área de negócios pode encontrar diversas opções para se especializar. O […]
[…] e vários fatores devem ser levados em consideração antes que uma decisão sobre a faculdade seja […]
[…] entanto, é preciso lembrar que optar por uma faculdade não é sobre ter certeza do que você quer ser e o jovem deve evitar se cobrar tanto, uma vez que essa decisão não é obrigatoriamente […]