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Por que os massacres nos EUA estão cada vez mais mortíferos?

Número de vítimas de ataques a tiros no país vem aumentando; analistas elencam os motivos por trás desse trágico fenômeno.

7 de novembro de 2017

Três dos cinco mais trágicos ataques a tiros na história recente dos Estados Unidos ocorreram nos últimos 16 meses.

O mais grave de todos foi realizado no último mês, deixando 58 vítimas fatais em Las Vegas. No segundo mais mortífero, 49 morreram na boate Pulse, em Orlando, na Flórida, em junho de 2016.

Antes disso, em 2007, o ataque à faculdade Virginia Tech matou 32 pessoas, enquanto 27 morreram no massacre da escola Sandy Hook, em Newtown, em Connecticut, em 2012. Por fim, o atentado mais recente, ocorrido no último domingo em uma igreja em Sutherland Springs, no Texas, fez 26 vítimas fatais até o momento.

Esse é um fenômeno que começou em 1949, em Camden, em Nova Jersey, quando foi registrado um dos primeiros ataques a tiros no país – o ex-militar Howard Unruh disparou contra seus vizinhos, matando 13 pessoas. Nas décadas seguintes, o número de vítimas foi aumentando: 16 em Austin, no Texas, em 1966, e 21 em San Ysidro, na Califórnia, em 1984.

As razões por trás dessa tendência perturbadora são várias e bastante complexas, o que faz com que muitas pessoas nos Estados Unidos e ao redor do mundo tenham dificuldades para entender o porquê de tanta violência. Por isso, a BBC buscou especialistas para tentar descobrir o que está por trás disso.

Armas usadas são mais poderosas

Os atiradores têm usado cada vez mais armas com cartuchos de alta capacidade, o que permite disparar muitos tiros antes de ter de recarregá-las. “Mais pessoas estão sendo alvejadas por mais balas em menos tempo”, explica David Hemenway, da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Adam Lanza, que matou 26 na escola Sandy Hook, e James Holmes, que fez 12 vítimas em Aurora, no Colorado, ambos em 2012, usaram armas assim. Os dados mostram claramente que o número de mortes é maior quando fuzis são empregados em ataques individuais.

Pesquisadores também analisaram as leis. Uma proibição à venda de armas de rifles semiautomáticos e cartuchos de alta capacidade foi instaurada em 1994 e derrubada em 2004. Especialistas dizem que, com o fim desse veto, foi dado início a uma nova era de massacres.

Com essas armas, os atiradores puderam disparar mais rapidamente e por mais tempo, matando mais pessoas nos atentados.

Os Estados americanos têm leis próprias. Depois do ataque à Sandy Hook, Connecticut aprovou uma lei que baniu os fuzis semiautomáticos. Outros afrouxaram suas legislações, no entanto. Na Georgia, por exemplo, foi aprovada uma lei que permite às pessoas portar armas em salas de aulas, boates e outros locais.

Especialistas do Centro Legal Giffords de Prevenção de Violência com Arma publicaram que Estados com controles mais rígidos nessa área tendem a ter menos violência armada.

Atiradores escolhem seus alvos com mais cuidado

Os atentados são realizados atualmente em locais onde há um grande número de pessoas, como o festival de música em Las Vegas, que tinha um público de 22 mil pessoas. “Com essa multidão, o atirador não precisa nem mirar”, diz Jay Corzine, da Universidade da Flórida Central.

A maioria dos autores de ataques a tiros os planeja com muito cuidado, segundo o Homicide Studies, periódico científico dedicado a estudos sobre homicídios. “Eles estão fazendo o dever de casa”, explica Corzine. Essa preparação, afirma o especialista, significa que os atiradores conseguem fazer mais vítimas.

O autor do ataque em um cinema de Aurora, no Colorado, em 2012, havia imaginado, por exemplo, que aquele local “permitiria um maior número de mortos”, diz Adam Lankford, da Universidade do Alabama.

Os atiradores se inspiram na mídia

A cobertura de massacres, assim como os próprios ataques, se intensificou nos últimos anos. Atiradores publicam em redes sociais antes de agir e, às vezes, enquanto estão agindo.

Organizações de mídia criam páginas com atualizações em tempo real. Além disso, os jornalistas concentram seus esforços em dizer quem eram os atiradores, o que contribuiria para glorificar esses indivíduos.

Ainda assim, dizem especialistas, as reportagens não levaram a um aumento no número de mortos em ataques. “Acompanho há 25 anos os relatos da mídia sobre ataques a tiros, e o aumento do número de vítimas é bem recente”, afirma Corzine.

Mas a cobertura da imprensa pode servir de inspiração para novos atentados. “Massacres são contagiosos”, diz Gary Slutkin, fundador da ONG Cure Violence, que se dedica a combater a violência. “As pessoas veem o que os outros fazem e imitam.”

Os atiradores competem entre si

Dylan Klebold, um dos atiradores do ataque à escola Columbine, em Littleton, no Colorado, em 1999, descreveu seu objetivo: “O maior número de mortes da história dos Estados Unidos”.

“É uma disputa por notoriedade”, explica Lankford. “Por fazer mais e melhor do que os atiradores que vieram antes.”

Ficar famoso desta forma pode parecer um jeito doentio de buscar a glória. Mas isso tem apelo para alguns. “Todos queremos ser conhecidos após morrermos”, diz Slutkin ao descrever como os atiradores contemplam a fama sem refletir direito sobre seu próprio destino ao atingir esse objetivo.

“Eles não pensam em tudo direito. Isso mostra o quão poderoso esse desejo pode ser.”

Fonte: G1 Mundo

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